— É óbvio que sua garota quer dar para mim, McCartney. Continuar nessa sua patética negação não adianta em nada.
— John, pela última vez, cala a boca! — Paul gritou.
Todo mundo no estúdio, inclusive eu, parou o que estava fazendo e encarou abismado a cena.
Ringo estava sentado em frente a bateria, um cigarro acesso na sua mão — a outra segurava as duas baquetas em cima de seu colo.
George estava de pé, sua guitarra deixada de lado. Ele estava com um saco aberto de biscoitos na mão.
George Martin, parado ao lado de George, encarava nós três — Eu, John e Paul — com os olhos arregalados.
— Ou o quê? — John esticou os braços abertos.
Eu me virei e sai do estúdio.
O corredor lá fora estava vazio.
Eu andei, dando voltas e mais voltas, então parei e me apoiei na parede, respirando fundo.
Eu era a namorada de Paul. Eu amava Paul, certo? Certo?
Eu fechei os olhos e joguei a cabeça para trás.
Busquei pelo maço de cigarros dentro do bolso da minha calça e tirei um, acendendo-o logo em seguida. Eu dei uma, duas, três tragadas. Logo eu senti aquela tão bem-vinda sensação de leveza.
Não, eu não amava Paul McCartney. Eu amava o fato dele me amar, como ele escrevia cada canção de amor para mim. E não passava disso.
No começo quando nos conhecemos, eu achava que o amava, é claro. Quem não iria amar o mais bonito dos Beatles? Mas então eu conheci John Lennon, e tudo o que eu tinha certeza que sentia por Paul mudou.
Paul queria ter filhos, uma grande família criada no campo. Não importa o que eu estivesse fazendo, eu deveria encerrar, desistir de tudo porque ele estava mandando.
Eu não queria aquilo.
John queria me endeusar em qualquer trabalho que ele fizesse. Por que, aos olhos dele, eu era a perfeição. Ele conseguia entender meu lado negativo das coisas, o quanto insatisfeita eu convivia com a vida, ainda assim, dava um jeito de resistir ao fim quando a noite chegava. O que fosse dele, seria meu. Meus pensamentos, não havia nenhum que ele próprio já não tivesse tido.
Ambos eram um Yin Yang. Paul era a parte clara, sempre enxergando o lado positivo para tudo. John era o lado negro, quem conseguia entender a parte de mim que nem eu mesma conseguia entender, mesmo assim alimentava, dia após dia.
Eu dei mais uma tragada, então ouvi passos vindo em minha direção.
Era John.
Ao me ver, ele cerrou os pulsos e veio em minha direção.
Ele parou a centímetros do mim. Eu chapei meu corpo na parede, tentando aumentar ao máximo nossas distâncias. John percebeu, e deu mais um passo em minha direção.
Eu agora sentia seu peito me apertando, nossos ombros e joelhos grudados. Nossos quadris estavam na mesma altura. Nossas respirações cobriam uma na outra.
Eu alternava meu olhar entre seu maxilar trincado e a parede atrás dele. Mas John me encarava de cima para baixo sem nem piscar.
— O que você está fazendo aqui? — Eu mordi os lábios.
Ele sorriu, quase sádico.
— Queria que fosse seu querido Macca?
— Queria. — Eu levantei a cabeça e o encarei de volta. — Queria muito.
John cerrou os olhos e então me beijou.
Eu levei minhas mãos em seu cabelo, puxando-os forte. John agarrou minha bunda, apertando forte com as duas mãos. Eu gemi em sua boca.
— Sua medrosa. — Ele sussurrou, chupando meu lábio inferior.
Eu arregalei os olhos e o empurrei com todas as minha forças para longe de mim. Ele foi cambaleando para trás até bater com as costas na parede. Primeiro ele fez uma feição de dor, depois me encarou e começou a rir.
— Cala a boca. — Eu disse, respirando alto.
— ''Cala a boca''. Você é tão medrosa que não consegue admitir nem para si mesma o que sente por mim. Por quê você não quer ser minha?
— Você é casado.
Ele balançou a cabeça.
— Com uma só palavra sua eu me divorcio. Agora. — Ele se aproximou novamente de mim.
— E que palavra é essa? — Eu pisquei.
John me encarou pensativo, sua boca entreaberta. Seus olhos cor de chocolate me fazendo por um momento esquecer de onde estávamos, e que a qualquer momento alguém poderia aparecer e nos ver.
— Diga Sim. — Ele disse em voz baixa, quase num sussurro.
Eu respirava em sua boca, e ele respirava na minha.
Diga sim, diga sim...
Dessa vez fui eu a balançar a cabeça.
— Adeus, John. — Eu me virei e fui embora, sentindo seu olhar pesar sobre as minhas costas.
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A.K.A. Groupie
FanfictionOne-shots com a nossa Groupie favorita, BB Wild. BB wild é uma personagem que eu criei para escrever esses contos. Alguns deles são de uma história muito maior e única que eu pensei há algum tempo, porém, nunca terminei de escrever. Um dia, quem sab...