Capítulo 1

1K 51 109
                                    

Capítulo 1

Tantas foram às vezes que lera o conteúdo do passaporte que poderia repeti-lo em voz alta sem errar uma palavra sequer, por isso, parou de relê-lo. Antes o fazia por estar ansioso e temeroso por perder o horário do voo, agora era porque estava ansioso para estar dentro do avião.

O coração aos pulos em seu peito deixava claro o quão nervoso estava. Aliás, não somente isso, mas toda a postura de Rin Matsuoka denotava impaciência. Seu pé batia incessantemente no chão, seus dedos não ficavam quietos por um segundo e ele sempre virava de um lado para o outro como se procurasse por alguém em meio a tantas pessoas. A fila para o portão de embarque ia lerda e muitas vezes ele olhara para o telão de avisos para ter certeza de que estaria no local correto.

Nunca ele sentiu uma expectativa tão grande em viajar.

Tinha certeza de que estava tudo ok; suas malas já haviam ido para o bagageiro e em seus ombros havia somente uma mochila pequena, e em mãos ele tinha o celular e carteira.

O Matsuoka tirou o boné que cobria seus cabelos, bagunçando-os em um sinal claro de que tinha pressa. Ele respirou fundo, fechou os olhos e suspirou sentindo o peso de seus futuros atos baterem em sua consciência.

Que merda eu estou fazendo? Ainda dá tempo de dar meia volta... – seus pés giraram para o lado oposto, mas o resto do corpo não parecia disposto a seguir o mesmo curso.

Há muito seu coração e sua consciência estavam travando uma dura batalha, a qual Rin sabia bem quem venceria. Já que fora o órgão que bombeava em seu peito que o fez tomar a atitude de levantar naquela manhã, socar o que dava dentro de sua mala e mochila, e tomar o primeiro ônibus para o aeroporto depois de mais uma das muitas noites mal dormidas que andava tendo.

Mas agora, na fila, seus pés estavam falhos e suas pernas tremendo sobre o que devia realmente fazer. Estava em dúvida. Dúvida que ele sabia ser completamente desnecessária, afinal, apesar da insegurança que tomava seu peito, sua determinação e força de vontade não o deixariam fraquejar.

Assim sendo, o ruivo apertou forte o tecido do boné antes de devolvê-lo a cabeça, firmando-se de pé para frente sentindo-se sendo tomado por uma onda de alívio enorme, um sorriso brotou em seus lábios e antes que sua vez na fila chegasse, Rin digitou uma rápida mensagem, pronto para partir em um destino sem chances de volta.

(* * *)

"Estou entrando no avião. Sei o caminho até em casa.

Nada de surpresas.

Rin."

As íris avermelhadas de Gou leram a mensagem através das pálpebras caídas de sono. Mostrando-se indiferente ao que lera, ela voltou a bloquear a tela do celular, jogando-o em qualquer lugar da cama de solteiro antes de se virar no colchão, aconchegando-se nos travesseiros, pronta para dormir mais um pouco.

— São oito da manhã, nii-san... – resmungou enquanto se virava na cama enfiando os braços embaixo do travesseiro, fechando os olhos e suspirando sendo tomada pela preguiça.

Mas como se um balde de água gelada tivesse caído em sua cabeça, ela abriu os olhos em um segundo. Seu cérebro assimilou melhor as palavras que ler, fazendo-a sentar-se na cama com pressa. Ela passou a buscar o celular no meio do edredom florido. Quando o encontrou, desbloqueou a tela novamente e releu a mensagem mais uma vez só para ter certeza de que seus olhos não mentiam. E releu de novo, e de novo, e de novo.

Ela segurou um gritou ao tapar os lábios.

Seu irmão estava vindo. Rin realmente estava...

Girou e levantou da cama em um pulo, tropeçando em seus pés enquanto prendia os cabelos longos e vestindo seus chinelos. Enquanto abria a porta do quarto e corria para o banheiro a jovem digitava agilmente o número que sabia décor.

SoluçõesOnde histórias criam vida. Descubra agora