Quid pro quo

273 36 25
                                    

Red Army-
Presente

A fumaça densa habitava o escritório naquele dia de novembro, Tord segurava por entre seus dedos um robusto charuto, causando tal nevoeiro artificial. Seu único olho bom fitava uma fotografia desgastada, esta guardando para sempre a memória de um dos halloweens que passou com seus velhos amigos—Se o líder não se enganava, todos tinham cerca de doze anos na época.

O norueguês suspirou, esfregando o metacarpo de sua mão em seu rosto, numa tentativa frustrada de limpar sua mente.Tom estava a sua mercê, tal fato o deixava encucado com a situação—Quem diria que eles viveriam sob o mesmo teto novamente nesta vida? Com certeza, não Tord.

Anos de angústia e ódio pelo britânico—Grande parte deste ódio vindo por meio do Incidente Do Robô Gigante ™ , que custou metade de si—agora tinham resolução: Tord ganhara, tinha algo para esfregar na cara de seu velho aminimigo, recebeu por fim o senso de finalização que tanto desejava á todos aqueles anos.

Agora para decidir o que fazer com Thomas.

Por um lado, sempre o poderia matar. As informações que ele tinha potencialmente arruinariam a Red Army, levando em conta milhões de pais furiosos atrás de seus filhos—Sem falar que a morte de Tom desequilibraria consideravelmente a resistência, de modo que eles não fossem um problema tão grande— Por outro lado, a ideia de uma moeda humana em troca de algum benefício vindo da organização inimiga não seria tão ruim, afinal, olho por olho.

"Edd,Matt e Tom me devem mais do que um olho, mas vou deixar passar." Murmurou o norueguês para si mesmo, um sorriso de canto satisfeito em sua bochecha deformada. Sem mais enrolar,pediu que Pat e Paul o trouxessem Thomas, estes obedeceram sem hesitar, e em poucos minutos os homens estavam cara-a-cara por uma segunda vez naquele dia.

Os cabelos do britânico estavam esvoaçados, muito provavelmente pela resistência que deu aos soldados, os voids que eram seus olhos estavam adornados por um escarlate ao seu redor—quase complementando as olheira que tinha, se não fosse pelo fato de que o tom de vermelho era verdadeiramente incaracterístico.

"Você parece um drittsekk, Thomas." Riu Tord em sua língua nativa, apagando o charuto— Agora reduzido a um cotoco de meras cinzas— em um cinzeiro qualquer, organizado para que não transbordasse.

"Por que faz questão de me xingar em uma língua que eu não conheço?" Tom revirou seus olhos, tentando mover suas mãos das correntes que carregavam. O peso delas era exorbitante, causando imenso desconforto para o britânico.

Em resposta o líder apenas riu, levantando-se de sua cadeira para ficar frente a frente com o homem em sua frente. Era curioso, anos atrás eram apenas dois adolescentes brigando com ameaças vazias que nunca se concretizariam, não se dependesse de Edd— O rapaz geralmente os separava das intrigas infantis um com o outro, impedindo um desastre— Mas hoje? Tom e Tord eram dois homens com valores e mundos diferentes em suas mentes, chegando a este ponto onde nenhum tem o brilho jovial de antes, o tempo realmente não é gentil.

"O que 'tá te fazendo rir? Eu tenho cara de palhaço por acaso?" Murmurou Tom por entre dentes cerrados, era incrível como o norueguês conseguia o deixar puto em poucos momentos. Sua raiva somente aumentou quando sentiu uma mão gelada levantando seu queixo, forçando-o a olhar nos olhos de Tord.

"Quero que dê uma boa olhada na minha cara, Thomas." A mão mecânica do comunista apertava a mandíbula do menor, qualquer desequilíbrio de força poderia esmaga-la. "Quero que veja exatamente o que fez comigo, para que tenha a consciência que posso te matar a qualquer momento, só por isso."

"Você pode, mas não vai" Começou, apenas parando para sentir a mão metálica apertar levemente seu queixo, o que fez Tom engolir em seco. "E por que eu não faria isso?" Indagou Tord, um sorriso sarcástico em sua face.

"Quid pro quo, comunista, isso por aquilo." Um silêncio consumiu o escritório, suas paredes de carmesim consumindo os rapazes em escuridão e os fazendo parecer pequenos. "Vejo que alguém andou fazendo o dever de casa, quem diria, você sem o álcool realmente é competente." Rosnou o maior, levando a mão metálica a suas costas.

"Não é como se 'tivesse sido minha escolha proibir a Smirnoff." O prisioneiro deu de ombros, sentindo a antiga vontade de beber. "Mas estou certo." Completou.

"Está certo, você pela Inglaterra, Thomas, quid pro quo." Uma corrente de gelo desceu a espinha do outro, consumindo todo seu corpo e o dando vontade de vomitar. Teria que achar um jeito de avisar Edd e Matt, ou, ao menos, de fugir deste lugar amaldiçoado e não deixar esse comunista desgraçado tomar conta do seu amado país— Um dos últimos a ser livre da influência maldita do Red Army.

"O gato comeu sua língua? Você parecia tão inclinado a me rebater antes..." Amaldiçoado seja Tord! A cada minuto que Tom passa com ele, a vontade de estrangula-lo aumentava. "Se não vai responder, vou debater os termos do nosso acordo sozinho." Isso chamou a atenção do inglês, que fitou o outro em esperanças de convencê-lo do contrário. "Acordo?"

"Não posso negar que nos conhecemos melhor do que ninguém, muito menos nego aquele verão." A menção de um certo acontecimento fez o silêncio novamente se encaixar, muito mais sufocante. "Eu sei que vou ter o quero, sempre tenho, o mínimo que eu podia fazer é te dar algum respeito. Mesmo que você não me dê." Referiu-se a falta do título, coisa que ainda fazia Tord rosnar e querer jogar Tom de uma sacada.

"....Certo, quais são as circunstâncias?" A boca do menor estava seca pelo medo ao murmurar aquelas palavras, mas era algo que precisava ser dito.

"Fico feliz que perguntou."

⠄⠂⋆ ⠄⠂⋆ ⠄⠂⋆ ⠄⠂⋆ ⠄⠂⋆

A demora se deve ao meu amiguinho ENEM! •, w •

De antemão gostaria de avisar que este capítulo NÃO foi betado, pela mesma razão que este capitulo chegou atrasado. Portanto, sinto muito por qualquer erro ou baixa na qualidade!

Agora pra algumas traduções das palavras em itálico:

Red Army: Exército vermelho
Drittsekk: Imbecil
Quid pro quo: Se não ficou claro no capítulo, "quid pro quo" é uma frase em latim que quer dizer "uma coisa por outra" ou até "troca de favores"

Bem, é isto, até logo!

Este lado do paraíso [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora