Paralelos

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Inglaterra-
Passado

Aquela manhã teria sido como qualquer outra.

Tord teria levantado com uma dor de cabeça, pelo fato de ter ido dormir tarde demais para um garoto de sua idade, andado cautelosamente até o banheiro, visto o bilhete que um dos seus pais havia deixado para ele e suspirado. Mais uma vez, Paul e Pat haviam perdido seu aniversário — Este, que na ocasião, seria o de doze anos— E, sinceramente, o jovem norueguês não encontraria forças para ligar.

Palavra chave, "teria".

Ao invés disso, a seguinte situação aconteceu: Tord acordou, e notou que seu quarto estava estranhamente claro— Geralmente, suas cortinas estariam fechadas e a luz do corredor apagada— então, estranhando a súbita mudança de ambiente, levantou-se do conforto de seus quentes lençóis para investigar quem havia deixado tudo aceso. A primeira ideia que cogitou foi a de que seus pais não se lembraram de desligar tudo ao sair de casa pela manhã, coisa que era extremamente incomum, logo, foi para a segunda coisa mais óbvia...

...Um invasor, é claro!

Tomou em suas mãos o taco de baseball que guardava num armário— Ele e Paul costumavam praticar o esporte antes da Red Army ficar especialmente caprichosa, de modo que o pai mal tinha tempo para o filho esses dias — Erguendo-o sob sua cabeça para que não corresse riscos de colisão com o próprio crânio. O norueguês chegou na cozinha, de onde a grande maioria da luz estava vindo, ouviu cochichos. "Só podem estar aí." Indagou em voz alta, e logo mordeu seu lábio inferior ao perceber que havia atraído a atenção do invasor.

"Tor-" Disse quem quer que fosse, antes de ser interrompido pelo bastão que fez a pessoa cair para trás nos braços de outra pessoa.

Levou apenas um segundo para Tord raciocinar que, de fato, aquele não era invasor algum. Na verdade, pior que isso.

Tord Hansen acabara de acertar um de seus guardiões, mais precisamente Paul, no ombro, usando um taco de baseball na frente de Edd, Matt e Tom. Bem, se antes não havia conseguido motivos para ficar de castigo antes,  — A não ser pelas suas prolongadas madrugadas, que honestamente seus pais não tinham nem conhecimento sobre— dessa vez, com certeza, conseguiu.

"Oops...Desculpa, pai." Murmurou ele em choque, soltando o bastão no chão. Pat encarou Paul preocupado, mas logo, todos no local estavam rindo— O que confundiu o rapaz, para falar a verdade, mas fazer o que?— Sem nenhuma escolha, ou percepção, do que estava a acontecer, o jovem norueguês não viu o que fazer a não ser rir. Claro, ele havia acabado de derrubar o próprio pai no chão com um taco de baseball na frente de seus amigos, mas só agora que toda a adrenalina de mais cedo havia cessado, e com ela, um ótimo sentimento chegando.

"Pelo menos ele tem boa mira." Murmurou Paul ao se levantar, estralando as costas e massageando o local machucado. "Já poderia entrar para o campeonato regional como rebatedor." Gargalhou Patryck, complementando a frase de seu marido. Enquanto isso, Edd foi o primeiro a ir até o —Agora desarmado— Tord, dando-o um enorme abraço, daqueles que só o artista sabia dar.

Logo em seguida Matt que, por trás de seus grandes óculos fundo de garrafa e sardas, deu a ele um tímido sorriso, junto de um tapinha no ombro. "Feliz aniversário, Todd!" Gritou alegremente. "Tord." Corrigiu o mesmo, sorrindo e o puxando para um abraço.

"Parabéns por ter nascido." Disse Tom de longe que, apesar do tom seco de sua frase e o aparente mal-humor, carregava em seu rosto um meio sorriso. Em todos esses  anos que eles foram amigos —No caso, seis anos, se contarmos o Halloween em que se conheceram— Só havia visto o garoto sorrir em algumas raras ocasiões, estas que podiam ser contadas nos dedos.

Este lado do paraíso [DESCONTINUADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora