HAPPIER | Vhope

[1] O Fim

24 de Fevereiro, 2018

Lembro como se fosse ontem, mas foi a nove meses atrás.

Estava chovendo e Taehyung estava sentado em uma das cadeiras da bancada da cozinha do meu apartamento, e estava ali sem dizer nada já fazia um bom tempo, com uma caneca de café em mãos, e seu olhar vazio sobre ela.

Estava tão distante naquele momento.

Mesmo que estivesse a pouco metros de distância de mim, ele parecia inalcançável, como nunca pareceu antes.

Era como se todos os três anos de namoro que tivemos houvessem sidos jogados para o espaço, éramos dois estranhos.

Mas meu coração continuava batendo por ele.

Então, Taehyung finalmente levantou o olhar para me encarar. Seus olhos escuros estavam sobre mim, o maxilar travado e o cabelo loiro longo caindo sobre seu rosto. Sempre tão bonito.

- Eu quero terminar - ele disse sério, sem tirar os olhos dos meus por um segundo.

- Por que? - perguntei sentindo meu coração acelerar.

Ah, eu me lembro de cada palavra daquela conversa, de cada sentimento, de cada gesto e de cada pensamento que pairava sobre a minha cabeça.

- Nós não estamos mais funcionando juntos, Hoseok - suspirou se levantando.

- É por causa da briga que tivemos a um tempo?

- Não é só isso... - coçou a nuca - Escuta, a gente fez isso dar certo por muito tempo, e foram os três melhores anos da minha vida, mas...não é mais como antes.

Ele tinha razão, era como se toda a chama que existia entre nós houvesse se apagado, e se tornado nada mais que cinzas.

Por muito tempo eu senti que Taehyung estava cada vez mais longe de mim, e isso doía.

- Eu vou embora - avisou pegando sua jaqueta sobre a bancada.

- Eu te amo - disse sentindo um nó se formar em minha garganta.

A ideia de perder Taehyung me fazia ter vontade de morrer, eu o amava tanto.

- Eu sei, e eu também te amo - veio até mim segurando meu rosto com ambas as mãos - Mas eu não te faço feliz como antes.

Naquele momento poucas lágrimas começaram a escorrer pelas minhas bochechas, e Taehyung foi rápido em enxugá-las com o polegar.

Ele também chorava.

- Você precisa ser feliz, mesmo que isso signifique que eu tenha que ir - sussurrou colando nossas testas.

Eu não conseguia dizer nada.

Eu queria segurá-lo ali, queria gritar, chorar, qualquer coisa que o fizesse ficar, mas eu não conseguia.

Porque parte de mim concordava com ele.

- Você é o próprio sol, Hoseok - riu soprado - Não vou deixar que sua luz se apague.

Taehyung dizia que eu era o sol do céu dele, iluminando tudo a sua volta.

Mal sabia que ele era o meu universo inteiro, a lua, as estrelas, os planetas, Taehyung era tudo pra mim.

E nesse momento ele juntou os nosso lábios, em um beijo calmo e salgado pelas lágrimas. O nosso último beijo.

- Eu te amo - sussurrou contra meus lábios. O último eu te amo.

Então ele vestiu a jaqueta jeans e deu meia volta, pouco se importando se ainda chovia ou não, Taehyung foi embora.

Ainda sem acreditar no que havia acabado de acontecer, eu me sentei no sofá abraçando minhas próprias pernas, sentindo meu coração apertar dentro do peito.

E eu chorei, chorei como nunca havia chorado.

Foi como se parte de mim houvesse ido embora.

Nunca é bom terminar um namoro, e cá entre nós, sofrer por amor é uma merda.

Naquele dia eu me entreguei completamente a dor do término, não faço ideia de como Taehyung ficou depois daquilo, na verdade eu não soube dele por muito tempo.

Lembro de não ter conseguido dormir aquela noite, pensando nele, pensando em nós.

Cada memória vinha como uma facada em meu peito.

E por mais que eu o amasse, eu sabia que toda a paixão havia chegado ao fim, aquele sentimento quente como o inferno que te enlouquece e te faz querer ficar com aquela pessoa o tempo inteiro, aquilo, não existia mais.

E talvez ele tivesse razão.

Talvez fosse hora de seguir por caminhos diferentes.

Foi bom enquanto durou, foi muito bom, mas como tudo o que é bom acaba, aquilo precisava acabar também.

Então eu decidi seguir em frente sem tê-lo ao meu lado.

Mas antes de contar essa parte da história, preciso contar como foi que chegamos até aqui.

Faremos então uma rápida viagem até 2015...

×

Eu preciso que vocês prestem atenção nas datas, caso contrário isso aqui vai ficar muito confuso.