White Noise

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Loren voltou à Alemanha naquela noite. Se sentiu bem por não ter reservado a passagem antecipadamente, pois aquele ménage de despedida certamente não estava em seus planos. E ela se sentia tão bem por ter feito aquilo, não tinha nenhum arrependimento.

Chegara em casa pela manhã. Hommel havia dado o dia de folga a Loren depois de ela ter dado um relatório pelo telefone. A única informação nova foi a descrição de uma suspeita, uma inglesa branca e morena chamada Monica. Não era muito, mas pelo menos o sigilo ainda estava intacto. Quando Loren chegou em casa seus pais já haviam saído. Ela dormiu, cansada da viagem.

Ao acordar, pôde ouvir seus pais conversando no andar de baixo. Seu coração disparou. Tinha perdido a conta de quanto tempo fazia desde a última vez que os vira. Tanta coisa aconteceu desde então e ela não tinha coragem de falar, mas também sabia que não conseguiria esconder deles.

Loren ficou irrequieta, não podia mais ficar deitada e foi tomar um longo banho. Enquanto a água quente batia em seu pescoço ela decidiu que não podia mais ficar fugindo de seus pais. Resolveu aceitar tudo o que fizera, tomar a mesma atitude que tomara na Irlanda. Ela vestiu seu pijama e desceu as escadas. Seus pais estavam sentados no sofá assistindo televisão. Bertha e Luís olham para a escada e veem sua filha descer ao seu encontro.

- Oi, filha! - Bertha se levanta e vai abraçar Loren assim que ela desce o último degrau. O abraço é tenro e longo, tão apertado quanto a saudade que Bertha sentia.

- Oi, minha linda! Como você está? - Luís se aproxima e beija a testa da filha que ainda não saiu dos braços da mãe. Ele põe uma mecha do cabelo loiro para trás da orelha de Loren e ela sorri.

- Oi, gente, tudo bem? Há quanto tempo haha- Loren diz, realmente feliz de rever seus pais. - Me desculpa por não ter tentado falar com vocês... Eu não sabia o que dizer... -

- Está tudo bem, querida. - disse Bertha.

- Nós também não te mandamos nada por que queríamos que você tivesse um tempo e um espaço só seus. Não vamos nos intrometer no seu trabalho, viu? - Luís completou.

- Isso mesmo. - disse Bertha. - Somos corujas demais e isso não faz bem. Precisamos deixar você andar com suas próprias pernas. -

Loren não sabia o que responder. Ponderou aquilo e percebeu que realmente queria lidar com aquilo sozinha.

- Obrigada, gente! - a garota de pijama rosa disse, abraçando seus pais de uma vez só. Os três foram jantar e conversaram sobre vários assuntos, exceto o trabalho de Loren. O peso que Loren sentia se foi e ela estava feliz, muito feliz.

No dia seguinte, Loren foi à Vater. Fez seu debriefing contando tudo o que era importante para a missão, mas omitindo suas outras aventuras. No fim, Fritz veio ao seu encontro. Ele parecia preocupado.

- Loren, você está bem? Não me respondeu nada desde que foi para a Irlanda. -

- Ah... - Loren havia esquecido Fritz completamente até vê-lo na sala de briefing há meia hora. Ela parecia tentar afundar o rosto no copinho de café, como quem quer escapar da situação. - Me desculpe. Eu estou bem sim, obrigada. E você, como está? -

- Bem, tudo bem. - o rapaz ruivo assentia com a cabeça como se tentasse reafirmar a ideia para si mesmo. - Parabéns pela missão. - os olhos verdes dele estudavam o chão. Ele sabia que estava ligando demais para Loren, mas não esperava tanto desdém. Era óbvio que ela não se importava com ele ou sua preocupação pelo jeito que o respondeu. Ele estava frustrado. Se pudesse, deixaria o trabalho por todo aquele dia e andaria sem rumo para espairecer. Quem sabe parar perto da fábrica da Porsche e admirar o que saía dali. Ele cumprimentou Loren com as sobrancelhas e foi para o corredor.

Loren sentiu a parede de gelo se formar entre eles e começou a se sentir pesarosa. Não queria passar o dia do lado de Fritz naquele clima incômodo, mas não tinha o que fazer. Não era como se ela soubesse qual era o problema ou fosse sua culpa.

O dia se passou, lento como o desabrochar de uma flor. Loren e Fritz praticamente não se olhavam quando conversavam e estavam mais profissionais do que nunca. Passaram o dia vasculhando sites de notícias, mas não conseguiram nenhuma informação nova. Despediram-se friamente e Fritz saiu primeiro.

No caminho de volta, enquanto passava pela fábrica da Porsche, Loren pensou ver a figura de Fritz encostada em uma grade, mas não pensou muito nisso e foi para casa. Depois de seu ritual de purificação que envolvia um chuveiro, a música 'White Noise' do grupo Exo e um pijama, estava em paz consigo mesma. Resolveu falar com Patricia pelo celular. As duas tinham trocado contatos. Loren abriu o WhatsApp e enviou:

- Oi! - com um emoji feliz. Depois de alguns minutos teve a resposta.

- Oi!!! Como Vc tá? -

- Bem e VC? -

- Também! Como foi a viagem de volta pra casa? -

- Foi boa! Resolvi meu problema com meus pais! - mais emojis felizes. Loren contou toda a história com seus pais, depois falou de Fritz e se despediu.

***

A semana se passou sem novidades. Loren acabou se acostumando com a parede glacial entre ela e Fritz. Na segunda feira seguinte o ruivo chegou ao trabalho e não falou com ninguém. Estava claramente nervoso, mas Loren nem olhou para ele quando entrou na sala dizendo:

- Oi. Precisamos mudar de método. Faz muito tempo que estamos na mesma, não é possível que não tenha ocorrido mais nenhum caso. –

- Está duvidando de mim? Foram esses métodos que te levaram para duas ocorrências frescas. Sem mim este caso nem existiria, então fique na sua e trabalhe. - A conversa virou uma discussão e a parede de gelo se transformou em uma cerca de espinhos. Loren foi ao banheiro tentar desestressar e viu que tinha uma mensagem não lida em seu celular. Era Patricia:

- Oi amiga, tudo bem? Quero avisar que você estava certa entre Henry e eu. Estamos namorando agora! - vários corações enfeitavam a mensagem. Ela continuou. - Ah! E eu descobri quem foi a vaca que me drogou e me fez ir para a cadeia!  


* * *


Oi, gente linda! Tudo bem?

Capítulo curtinho, né? É pra dar uma respirada da aventura dos anteriores (mentira, é porque no próximo a Loren sai um pouco de cena).

Loren e Fritz parecem viver uma guerra fria. Vocês acham que os dois ainda têm jeito, ou é melhor cada um seguir seu rumo? Comentem aí!

Até semana que vem, beijossss

SexenOnde histórias criam vida. Descubra agora