1° - Nessa vida

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Literatura sempre foi meu forte, não é atoa que me formei como professor na área, e também em filosofia, que sempre me despertou não só curiosidade mas também um pequeno afeto. Não foram poucos os esforços que fiz para finalmente conseguir trabalhar na Kyung-Hee College, afinal, essa escola é uma das mais bem faladas de Busan, seu nome sempre aparece em concursos e feiras de matemática e ciências. Sem mencionar na maravilhosa biblioteca que há na escola, na qual eu pude visitar semana passada e comprovei minhas expectativas relacionadas a presença de ótimos clássicos e até alguns contemporâneos, como "Por favor, cuide da mamãe", de Shin Kyung-Sook; "Sukiyaki de domingo", de Bae Su-ah e até "Flor negra", de  Kim Young-ha tinha na biblioteca. 

Não é incompreensível eu estar com uma pitada de medo de não estar na altura desta escola, pois até o salário a ser pago é maior do que eu pensei. Mas, qual é, eu já fiz até um amigo lá. Bem, não um amigo, mas, no meio daquele mar de professores, alunos e ambientes desconhecidos, Kim Seokjin era não só um amigo mas também uma bússola.

Já estava tarde, então me concentrei somente em arrumar minha bolsa e tomar uma ducha para tentar relaxar e enfim, dormir.

Não foi fácil quanto pensar, pois quanto menos tempo faltava para eu ser um professor, menos eu conseguia relaxar e simplesmente não pensar em nada.

* * *

O despertador cumpriu sua função, me acordando as seis em ponto. Esse momento não era algo muito bonito de se ver, então tratei de levantar e já arrumar minha cama, em seguida abri minha janela e meu guarda-roupa, dando inicio a uma saga interminável de "qual roupa vestir para passar uma mensagem de professor sério e competente mas também descontraído com os alunos". Até porque eu tinha apenas vinte e cinco anos, queria ser o professor-legal mas que também passa trabalhos e é duro quando precisa.

Acabei optando por uma calça jeans preta simples, uma camisa cinza de botões e um tênis casual mas quase formal. Quando se tratava de roupas eu não tinha muito conhecimento, meu guarda-roupa não tinha muitas coisas de marcas, mas tinha roupa o suficiente para mim não me envergonhar em um evento até para ir ao mercado.

Comi umas duas torradas com ovos, pois era o que o tempo me permitia. Em seguida escovei os dentes, arrumei meu cabelo e fui até a garagem ao encontro da minha moto. Sim, eu não tinha a batizado ainda, mas gostava do nome Leah para ela.

* * *

O universo não vai muito com a minha cara, mas hoje ele se comoveu com meu entusiasmo e me permitiu chegar a escola quinze minutos antes do horário de entrada. Na sala dos professores só tinha eu e mais uma professora que mais parecia uma aluna de tão branca e baixa. Resolvi só tomar uma água e esperar até as sete.

No corredor até a sala, em meio a alguns alunos entrando em suas respectivas salas de aula, vi uma aluna sentada no chão, com os joelhos na altura do rosto e o mesmo apoiado neles. Não era possível ver seu rosto, mas com certeza ela não estaria muito feliz daquele jeito. Me aproximei dela ainda sem saber ao certo o que dizer, mas acho que "você está bem?" seria um ótimo começo.

- Você está bem?- Talvez eu não tenha conseguido pensar em algo mais do que aquelas três palavras.

A garota se assustou e me olhou no mesmo instante, pensei em me afastar mas ela logo se recompôs e secou a lágrima solitária que insistia em pular de seus olhos. 

- Perdão senhor, estou bem sim não se preocupe.- Ela me reverenciou desajeitada e levantou rapidamente, mas seu rosto não dizia o mesmo.

- Tem certeza? Está precisando de ajuda? Qual seu nome?- Me virei para trás tentando ver se algum professor vinha, mas só alguns alunos.

- Não precisa senhor, obrigada. Me chamo Kim Chang-Hee.- Ela ajeitou sua mochila nas costas e sorriu fraco.

- Tudo bem. Se precisar de algo, sou o professor Kim Tae-Hyung.

- Obrigada senhor Kim Tae-Hyung.- Ela me reverencia mais uma vez e segue até o fim do corredor e entra em uma sala.

Sigo meu pequeno caminho até a sala de aula um pouco nervoso, ansioso e até pensando no que tinha acabado de acontecer. 

Entrei na sala e logo os alunos se sentaram e ficaram em silêncio, e naquele momento eu vi que, oficialmente, eu era um professor da Kyung-Hee College. Eu pediria para alguém me beliscar agora mas seria bem estranho.

Me concentrei em falar aos alunos sobre o conceito básico de literatura e recomendei dois livros para a leitura deles, livros que ficavam disponíveis na fantástica-maravilhosa biblioteca. Eu havia a denominado assim em minha mente, já que ela basicamente se chamava "Biblioteca da escola Kyung-Hee College".

O sinal tocou, anunciando a segunda aula. Esperei os alunos se sentarem enquanto eu apagava o quadro. Quando me virei, vi a garota de mais cedo na segunda fileira da esquerda. Ela parecia melhor, mais animada, estava até sorrindo. Nossos olhares acabaram se encontrando e ela também me reconheceu, sorrindo de volta para mim.

Me recusei a pensar nisso e voltei minha concentração na minha matéria, que agora era filosofia.

* * *  

O intervalo havia chegado, e naquele momento tive tempo para pensar na baboseira que se passou pela minha cabeça durante a aula com Chang-Hee. Não uma baboseira, uma coisa até errada de se pensar pelo fato dela ser minha aluna, mas eu não tinha como apagar o fato de que ela era bonita.

Enfim, uma baboseira.

Teacher Is My Boyfriend • VKookMinOnde histórias criam vida. Descubra agora