Capítulo 3: Passado.

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- Dele. - respondo e ela suspira.

- Já vai fazer 5 meses né ? - Sim, digo e vejo um grupo de líderes se juntar na minha frente e começar o ensaio. Mais clichê?

- É, tô sabendo. - Digo e abaixo a cabeça suspirando.

- Mas então sem melancolia Cori, como tá aí ? Já me trocou por alguma magrela desbundada ? Ou já arrumou uma rola amiga ? Quem sabe até um namorado? - Lu pergunta animada e eu rio com o pensamento que ela teria daqui.

Olha não é nada anormal eu sei, mas é no mínimo complexo. As pessoas são complexas eu sei, mas, eu fui criada de uma forma totalmente diferente e ter que me encaixar aqui é no mínimo complicado.

- Deus é mais, bate nessa boca sabe que não chego perto de mais nenhum desses garotos depois de Flynn. - Digo, não quero falar sobre isso agora.

Dana levanta a cabeça ao ouvir o nome de Flynn e eu apenas balanço a cabeça. Lembro da merda que aconteceu e tenho certeza, bixa burra nasce hétero.

- Desculpa Cori, nem lembrava mais disso. - Ela diz e suspira. - Mas como foi seu dia ?

Lu e eu crescemos juntas, quase como uma cabeça e dois corpos, faziamos tudo juntas. Lu é a filha mais nova de Lourdes a governanta da casa do meu pai, no Brasil. Lu é uma verdadeira morena da cor do pecado, e linda por dentro como por fora.

- Até agora não xinguei ninguém, pelo menos não em inglês. Tu acredita que acho que ouvi uma menina me chamar de gorda na terceira aula ? Aqui só tem comida congelada e acho que elas não comem, é ridículo isso. - Digo bufando.

- Quem foi a piranha ? So eu posso falar da tua bunda gorda e suas tetas de vaca. - Lu diz e eu rio.

O tempo voa enquanto converso com Lu, é bom relembrar nosso tempo junta e mal posso esperar para voltar. Mal percebo o tempo passar quando Dana me cutuca avisando que o almoço acabou.

Chego em casa às 16:30 o que não me dá tempo para quase nada. Andy chega às 17:00 pontualmente, Cherry as 17:30. Minha mãe Cherry, e americana que conheceu meu pai Marcos em um intercâmbio que o mesmo fez para cá. Bom, papai derreteu o coração dela, eles se casaram e papai resolveu morar aqui, tiveram duas lindas crias, Nickolas o mais velho e eu Corina.

Como já disse se adaptar não é fácil e isso desgastou o amor dos dois, eles se divorciaram quando eu tinha 7 anos, papai decidiu voltar e recomeçar, tivemos a opção de escolher com quem ficar. Escolhi papai e Nick mamãe, acho que Freud teria algumas coisinhas a dizer sobre isso. Bem cresci em BH, Minas. Todo ano vinha visitar mamãe e Nick e Nick também ia ver papai. Éramos felizes tudo normal, mesmo que nos últimos anos minhas discussões com meu pai tivessem piorado. Mas nem tudo é um mar de rosas. Papai morreu em um acidente enquanto voltava de Brasília para casa, como tenho 17 anos minha guarda caiu sobre Cherry, minha guardiã legal. E cá estou eu 5 meses depois.

Nick teve sorte creio eu, ele está no prineiro ano de faculdade e parece bem melhor que eu. Não o vi desde quando cheguei, ele passou o início do ano em Denver onde faz faculdade.

Troco de roupa e vou tomar banho, outra coisa que me incomoda aqui, ELES NÃO TOMAM BANHO TODO DIA, isso é absurdamente absurdo. Prefiro nem comentar. Ao sair do banheiro me deparo com o causador dos meus pesadelos, Brandon.

Brandon é filho de Andy e mais novo que eu 8 anos o que o torna o próprio pestinha. E eu juro que se eu não respeitasse Andy como pessoa essa cria do demônio já estaria a sete palmos do chão.

- O que você quer ? - Pergunto direta, ele pode ter um rosto angelical, parecer um anjo, mas sei que isso não é nem de longe verdade. Mesmo tendo pouca idade este mini ser já fez bastante estrago.

No meu primeiro mês aqui tive um ataque de pânico quando vi uma tarântula no meu quarto, tenho pavor a aranhas e dou minha linda face a tapa se não foi essa peste que colocou aquele satã lá. A uma semana atrás Brandon havia faltado aula, bem como uma boa filha disse a verdade para Andy que o puniu com uma semana sem vídeo game. Hoje ? Não tenho nenhuma calcinha, pois está peste conseguiu dar um sumiço nelas e ameaçou cortar meu lindo cabelinho caso dissesse algo. Tô fodida.

- Nada, irmã. Por que pensaria que quero algo ? - ele diz piscando os olhinhos tentando ser doce. Mal sabe que tô vacinada.

- Fala ou nada feito. - Digo brusca.

- Preciso de carona para a escola na próxima semana. - Ele diz e sinto o cheiro de merda.

- Por que ? - Levanto uma sobrancelha olhando dentro da alma do demônio.

- Hipoteticamente eu possa ter colocado tarraxas para a minha querida professora sentar e sido punido com três dias de suspensão, para papai não desconfiar você me leva. Não se preocupa eu dou meu jeito. - Ele diz e eu sorrio vendo uma oportunidade que não vou deixar escapar.

- Quero minhas calcinhas, e uma trégua. Não te aguento mais. - Digo e aperto a toalha ainda mais no meu corpo.

- Estão na sua gaveta da mesma forma de antes, até amanhã irmã. - ele diz e sai saltitando, viu ? O demônio.

Volto para o quarto e testo tudo para ver não tem nada demais, e parece tudo normal. Abro minha gaveta e corro para longe com o medo de ter outra aranha, e por incrível que pareça não, somente minhas calcinhas estão ali. Mas nem a pau que vou usar elas, somente depois da imersão ao álcool, não seria a primeira vez com pó de mico. Contra essa peste tô vacinada.

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