03.

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Despertar ao som da minha mãe a abrir as persianas furiosamente, quase como se a sua vida dependesse disso, jamais será a minha imagem de uma manhã perfeita.

E, apenas para piorar toda a situação, que já por si só era pouco agradável, a senhora com saltos agulha puxa para trás os cobertores que me escondiam, demolindo o meu bem-estar por completo, espezinhando-o de seguida ao proferir: - Por amor de Deus, Floral! São dez horas! Sai dessa cama. - berra, palpavelmente arreliada.

 - Mãe! - grito de volta, enterrando ainda mais a cabeça nas almofadas. - Estou de férias!

 - Não interessa! - riposta a mulher. - Dentro de umas horas, o novo assistente do pai terá que vir aqui a casa para procurar uma papelada de grande importância no escritório, e quero certificar-me que te encontras desperta para o receber.

Dou por mim a grunhir como uma criança ao escutar estas palavras, remexendo-me entre os lençóis brancos, exasperada. Porque é que me deitei tão tarde?

- Que horas são, mesmo? – interrogo, endireitando-me, logo sentindo os músculos das costas e pernas ressentirem-se aos movimentos rápidos.

- Quase dez. Já te tinha dito, Floral. – retruque, friamente.

Alguém acordou com os pés de fora, hoje.

- Não, mãe. As horas exactas. – reviro os olhos, inclinando-me rumo à mesa-de-cabeceira e agarrando o meu telemóvel, confirmando que faltam mais de trinta minutos para o relógio atingir as dez da manhã. – Oh, por favor! – refilo, erguendo o olhar para mirar Marie. – Faltam trinta e sete minutos para as dez da manhã! – notifico, suspirando.

- Tenho uma manicura marcada para as dez e um quarto do outro lado de Nova Iorque. Não me quero atrasar. – justifica-se, quietamente.

Decido a favor de concluir o argumento por aqui, pedindo, gentilmente – ou nem tanto -, a Marie que abandone o meu quarto, concedendo-me privacidade para me arranjar. Mas termino distraída pelas moléculas de oxigénio, acabando por ceder à tentação que a cama exercia sobre mim e tombando-me de novo nela, com o portátil sobre o colo e um copo de leite frio na mão.

- Floral, estás muito sossegada! – a minha mãe observa, do outro lado da porta trancada. – Diz-me que não voltaste a adormecer. – exige. E, apenas pelo seu tom de voz, percebo que a senhora de cabelos negros e olhos claros se move nervosamente, cada aqui e ali soprando um fio de cabelo que se lhe atravessa na frente dos olhos. – Oh.

- Não estou a dormir, mãe. – decido declarar, não desejando ser responsável por causar um ataque cardíaco à minha progenitora.

- Muito bem. Vê se te aguentas dessa forma até o Mr. Styles chegar. E, de preferência, até deixar o edifício. – goza. – Pretendo estar em casa por volta da hora de almoço. Mas, se por alguma razão, não conseguir, solicita à Gloria que te confeccione uma refeição. – comanda, rapidamente. – Ok. Acho que é tudo. Até logo. Adoro-te.

- Adeus, mãe. – replico, simplesmente, suspirando de alívio quando o ruído enervante dos seus saltos agulha desaparece pelo logo corredor.

Quando dou por mim, estou perto de adormecer diante um episódio da terceira temporada de American Horror Story, o que não é de todo habitual, tendo em conta o quanto aprecio esta série, mas bastante compreensível uma vez que apenas descansara duas horas e trinta minutos na noite passada.

- Oh, Deus! – múrmuro para mim mesma, lutando para manter os olhos abertos.

Neste momento – dadas as circunstância, obviamente -, julgo nunca ter ficado tão satisfeita por escutar a campainha soar pela vivenda, estimulando-me.

- Oh, Deus! – repito, engolindo em seco e erguendo-me num pulo, respirando fundo ao lembrar quem está, neste preciso segundo, do outro lado da porta principal, provavelmente de fato e gravata, com aquele sorriso brilhante e olhos verdes. – Oh, Deus!

Aguardo que Gloria abra a porta e me chame para finalmente largar o conforto dos lençóis, atando desajeitadamente o cabelo num coque e compondo a T-Shirt branca que me cobre o tronco, encaminhando-me pelas escadas abaixo, até à entrada do edifício.

- Olá. – digo ao avistar o rapaz alto, junto à porta, sorrindo de soslaio à empregada como uma forma de a dispensar de volta à cozinha.

- Bom dia, Miss Angel. – retruque, distante.

Está-me a escapar qualquer coisa, aqui.

- Miss Angel? – questiono, franzindo as sobrancelhas, desagradada com os seus modos formais. – Pensei que houvéssemos ultrapassado essa fase. – brinco. Mas as minhas palavras não aparentam suscitar nem o mais ligeiro humor nas suas feições marcadas. – Trata-me por Floral. – peço, quietamente, sorrindo.

- Não acho uma boa ideia, Miss Angel. – Mas que raio!

- E porque não? – inquiro, cruzando os braços sobre o peito, já aborrecida perante o seu distanciamento repentino, mesmo que não possua qualquer direito de o estar.

- Pois sou apenas o assistente do seu pai. Não um amigo. – oh, meu Deus! O meu pai falou com ele! A realização atinge-me como um martelo: uma pancada rápida e dolorosa. – Ou um possível amigo. – corrige-se, mantendo uma postura profissional.

- E porque não? – repito.

- Ouça, Miss Angel. – pede, suspirando profundamente. – Ambos estamos a par da discrepância existente entre as nossas classes socias, certo? Não é correcto, - pára-se a si mesmo, mexendo nos caracóis nervosamente, como se estivesse a questionar-se o que será correcto proferir de seguida, passando a língua pelos lábios rosados e prosseguindo. – Ou, pelo menos, é-nos dito que não é correcto, misturar pessoas pertencentes a estatutos diferentes. – explica.

- Oh, por favor, Harry. – repreendo, bufando. – Aceitas mesmo que te embebedem nessa ideia patética? – indago, semicerrando-me os olhos.

- Aceito, sim, Miss Angel. Não há muito que possa fazer, mesmo que deseje. – diz o rapaz de gravata preta. – Agora, se me permite, gostaria de ter conhecimento de onde se situa o escritório, para que possa regressar à empresa, ocupando o meu humilde cargo de assistente. – solicita, escapando relutantemente ao contacto visual, quase como se temesse encarar-me.

- Muito bem. – rendo-me, finalmente, mesmo que obstinada.  – Siga-me, por favor. – peço, profissionalmente.

Se é conforme estas regras que o meu pai quer jogar, a estas regras irei obedecer.

-

 hEY COMO ESTÃO 

hA

espero que tenham gostado deste capítulo? idk foi um bocado à toa 

como tudo na minha vida

i mean sou a alaska wtf

mAS ANYWAY yeah obrigado por todos os votos e comentários (mesmo que ainda não sejam em grande número)

e jÁ ENTRÁMOS NOS RANKINGS CRL 

hIGH FIVE MAN

ok

love you, dear Canadiana!

- alaska xx

Floral ➸ h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora