- Floral Angel! – sou carregada com uma voz máscula sobre mim, antes de poder sequer definir a minha entrada na sublime residência – estás atrasadíssima!
Agindo por conta própria, não me prevenindo minimamente com as más consequências que isto atingirá, a minha objeção resume-se a passos em trajeto ao meu quarto, esquivando-me de uma potencial disputa.
Realizando-me da imediação das planeadas nove horas da noite, protegi-me da fresca escuridão com um despretensioso casaco antes de deparar-me com os meus ditos pais – estes preparando os contemplares fatais prestes a me serem ditados.
Ocupando um lugar naquela gigantesca mesa branca que eu mais desprezo a cada segundo que assisto, sou instantaneamente servida com o jantar, como um participante da realeza, juntamente com um silêncio, a origem dos meus receios.
- Daqui a pouco irei sair, – ditei, preparada mentalmente para qualquer tipo de observação que venha intervir – às nove. – completei.
- Ai, irás? – resmunga, empregando o velho método de utilizar estas questões como negações aos meus desejos; a minha mãe ao seu lado encolhida.
- Sim. – afirmo fortemente como nunca antes teria feito, motivada por uma força admirável vinda de, Deus sabe lá onde. Apresso-me a terminar o jantar desconfortável, resistindo a cair à tentação de ripostar contra todos os Floral’s que o meu pai me lança, indignado, içando ao meu quarto e tornar o telemóvel um objeto de interesse.
«Estou ao lado da tua casa.» Surge no ecrã, guiando-me a uma corrida para a sua companhia, um sorriso desnatural (desnatural pois, embora não me entregasse a pensamentos muito profundos, ainda questionava o porquê de um sorriso tão grande) no meu rosto.
Mas este é-me rapidamente retirado - Floral Angel, onde pensas que vais?! – deves ser surdo.
- Já vos disse que vou sair… – tento manter-me calma, suspirando durante a minha observação da carpete onde me mantenho, a minha mão pousada sobre a porta. O homem com uma expressão facial nitidamente irritada logo se prepara para argumentar, porém suspendo os seus movimentos – Não, pai! Eu tenho dezassete anos, deixa-me viver! – não lhe dou uma chance de falar, pois no próximo segundo já me vejo na direção ao rapaz, um sensação triunfante existente em mim.
Harry mira-me na escuridão, as suas mãos presas nos bolsos das calças pretas e justas, o seu lado mais indisciplinado transparecendo através do sorriso malicioso que retém; o seu tronco coberto apenas por uma camisa de cores variadas, com um, aprovado em comparação, decote maior que o meu.
Acompanho Harry ao seu lado – Como foi o jantar? – ele pergunta educadamente.
- Normal. – encolho os ombros, habituada ao caos que educa a minha família – e o teu?
O misterioso rapaz logo me indica com um meio sorriso e o seu olhar focado no horizonte, o tom da sua voz inundado na maliciosidade – o normal. – e enquanto questiono a sua normalidade, o moreno ainda tem a lata de me piscar o seu olho direito; é possível alguém ser assim tão atraente?
O mesmo teima em manter o nosso destino um segredo, e por mais que tal me fruste, não me escuso de cessar múltiplas gargalhadas, merecidas pelo Harry ser apenas, o Harry.
Mas a felicidade logo se exaura à noite caída sobre nós, após umas curvas desconfiadas e ruas desprezadas – Harry, onde estamos a ir? – paro a minha caminhada, enfortecendo o meu ponto, tentando não ser consumida pelos pensamentos exagerados escondidos na minha mente.
- Confias em mim? – a maneira como ele me encara, de uma forma desconhecida, faz-me duvidar, e após as horas que passamos adjacentes , pensei que a resposta fosse óbvia.
- Não? – falo confiantemente, embora a mesma saia em feição questionadora.
Sem sequer pensar, ele estende-me a sua mão, num gesto que eu aprovo como um vício – vá lá, Flora. Eu prometo que não sou um assassino – ele pausa, utilizando a lua como objeto de inspiração – ou um violador; ou um traficante.
E embora as suas palavras não tenham realizado um mínimo efeito no meu estado, junto as nossas mãos delicadamente, evitando os insignificantes risos que pedem para me abandonar.
- Ainda não me vais dizer onde vamos?
- Nop. – bufo em desaprovação, deixando-me o medo afetar novamente aos meus nervos.
Muito lentamente, vejo o sorriso que ele sempre mantém desmanchar-se, enquanto as nossas mãos ainda se aguentam parcialmente juntas – Harry, o teu silêncio está-me a assustar. – retiro-me novamente, enquanto continuamos nesta caminhada sem fim.
- Não tens nada com que te preocupar, - mas na verdade, o seu olhar irregular assusta-me, e ao admirar os edifícios à nossa volta, recordo-me das várias noites incorretas em Greenwood, quando vagueava por estas semelhantes, sempre acompanhadas por adolescentes com hábitos infernais, muitos desaparecendo por causa dos mesmos – Flora – e num instante, a sua maliciosidade enterrada retorna, tornando as memórias demasiado vividas, e num aperto, afasto-me dele, sem razão aparente. – Floral?
- Harry, quero sair daqui. – batalho em conservar uma expressão facial agradável, embora no escuro da noite, esta seja impedida de ser observada perfeitamente, especialmente numa rua com iluminação rasca.
- Porquê? – vê-se reduzido a esta questão, e embora mil respostas sobrevoem sobre a minha cabeça, nenhuma parece correta, pois nenhuma é honesta, mesmo tendo como objeção sentir-me encurralada com um mero desconhecido, um desconhecido que mal irei ter tempo para conhecer.
Tento manter o meu tom de voz estável – Não gosto destas ruas. Harry, por favor, vamos ausentar-nos daqui. – mas termino a falhar miseravelmente.
- Oh. – é o seu melhor resultado após tanta pesquisa, e apenas o sinto bastante perto de mim, olhando por cima da minha cabeça, desesperadamente, como se o caminho atrás de mim lhe ditasse algo.
Sentindo a ausência do seu toque insuficientemente duradouro, viramos as nossas costas ao caminho que me torturou, e repetidamente, questiono-me onde Harry me teria levado, se esta minha quebra mental não tivesse ocorrido.
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Idk este capítulo foi muito à toa i'm sorreh
Podia tê-lo feito muito feliz e flores mas decidi seguir a DARK SHIT novamente peço desculpa
stay safe!
- Canadiana xx
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Floral ➸ h.s.
FanfictionNo intuito de fugir, surgiu uma razão para permanecer. [ © Copyright - All Rights Reserved]