05.

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- Harry, não julgo que esta seja uma boa ideia. – digo, pela vigésima vez hoje, pregando os pés ao chão, relutantemente, enquanto o rapaz de caracóis se esforça para me guiar pelas ruas, no intuito de efectivamente me mostrar Nova Iorque. – Não estou interessada em conhecer esta cidade. Não, de todo. – declaro, soltando-me do aperto que o moreno exercia sobre o meu pulso e caminhando sentido oposto.

- Oh, por amor de Deus, Floral! – grunhe o assistente do meu pai, alcançando-me de novo e arrastando-me para junto de si, fitando-me com seriedade por detrás da floresta verde que lhe reside na íris. – Achava-te mais corajosa. – provoca, desviando o olhar.

Oh, eu sei muito bem o que está a tentar criar, Mrs. Styles. Mas digo-lhe, desde já, que não irá resultar, para seu grande infortúnio.

- Sou corajosa. – riposto, cruzando os braços sobre o peito, tendo a plena coincidência de que procedo como uma criança amuada e não uma rapariga com os seus dezassete anos de idade, mas não me deixando incomodar por isso. – Para o que me cativa. – acrescento, quietamente. – E conhecer Nova Iorque não é, definitivamente, algo que me facultará qualquer tipo de prazer. Nem o mais remoto!

- Estás mesmo submersa na ideia de que esta cidade não presta, não estás? – limito-me a assentir, encolhendo os ombros. – Bem, sabichona, consente-me que te informe que, quando me mudei de Inglaterra para aqui, detinha exactamente a mesma opinião.  

- O que te fez mudar de ideias, então? – interrogo, permitindo que a curiosidade me tome conta das palavras.

- Alguém me mostrou Nova Iorque. – retorque, simplesmente, sorrindo-me de soslaio. – E é isso que pretendo fazer contigo, minha cara. – insiste, pegando-me na mão e conduzindo-me pelos caminhos estreitos do parque.

Esforço-me para ignorar os arrepios que o calor do seu toque na minha pele gelada proporcionam, concentrando-me em não tropeçar nos próprios pés ao tentar acompanhar o passo apressado do moreno.

- Conta-me algo sobre ti. – exijo, curiosa.

- Chamo-me Harry. – bufo ao escutar-lhe a afirmação, revirando os olhos de seguida, ansiando esmurrar-lhe o peito pela estupidez.

- Algo que eu ainda não saiba. – reformulo, soprando com pequenas lufadas de ar as mexas de cabelo que se me atravessam na frente dos olhos, aguardando por uma resposta do rapaz de jeans pretos.

- Sou um grande amante de literatura. – revela, abrandando o seu passo, consideravelmente.

- Específica, por favor. – requeiro, subidamente interessada.

- Adoro poesia. – divulga, colidindo o caminho do seu olhar com o meu durante um segundo, mas logo escapando-se ao contacto, como se este lhe incitasse qualquer tipo de desconforto.

Ainda estou a fim de compreender porquê, francamente. Quem deveria sentir-se desconcertada perante olhares oferecidos pelo rapaz era eu. Afinal, diante olhos tão ávidos, tão verdes, quem consegue evitar sentir-se atordoado?

- Tais como? – interrogo.

- William Wordsworth. – enuncia, decididamente.

- Curioso. – é a única coisa que consigo proferir, um tanto perplexa pela cultura do indivíduo. - O maior poeta romântico inglês. – falo, finalmente, após alguns segundos de um silêncio ensurdecedor.

- Afirmativo. – assente, encaminhando-me para uma rua um tanto movimentada, excessivamente iluminada pelos candeeiros de rua, mesmo que o Sol ainda brilhe no Céu. – Para quem pode adquirir tudo de mão beijada, Miss Angel, permita-me que lhe diga, sabe umas coisas. – tento proteger o meu orgulho de ser ferido, mas termino falhando, deixando que uma parte das palavras aguçadas do moreno me atinjam.

- Onde pretende chegar com essa declaração, Mr. Styles? – indago, franzindo as sobrancelhas. – Julga-me burra, é isso? – paro, libertando a mão do seu aperto e cruzando os braços sobre o peito, esperando uma resposta.

- Oh. Não, Miss Angel. Não, de todo. – apressa-se a responder, interrompendo o seu trajecto para me mirar, intensamente. – Na verdade, a sua inteligência é algo facilmente identificável. – redime-se, tocando-me delicadamente no rosto com os dedos, incendiando-me com o seu toque suave. – Apenas não achei que fosse amante de poesia.

- Não sou, na verdade. – admito, permitindo que o rapaz me alcance a mão de novo e me conduza ao longo da avenida, que parece não ter fim.

Em Greenwood, tudo é mais fácil. – penso, mas não digo nada, achando que, após o gesto simpático do rapaz para me apresentar Nova Iorque, depois do meu pai lhe ter, claramente, ordenado que fique longe de mim, tal afirmação rude seria desnecessária.

- Prefiro romances. Daqueles mesmo cliché, que percebemos que nunca irão realmente suceder na vida real, mas continuamos imaginando, e desejando silenciosamente, que por algum acaso divino, a sorte da protagonista nos calhe a nós. – encolho os ombros, sorrindo, suscitando ao rapaz que me ladeia uma gargalhada abafada pela velocidade a que as palavras me largam os lábios.

- Assumo, então, que ainda estejas à espera do príncipe encantado. – supõe, certo de si mesmo.

- Não, propriamente. – redarguo, suspirando em alívio quando, finalmente, viramos a esquina e nos deparamos com uma rua mais quieta; apenas alguns idosos caminham por ela, calmamente. – Não acredito que uma relação amorosa seja tão crucial, assim. – posso sentir o olhar do amante de poesia em mim, queimando-me a pele do rosto, mas, mesmo assim, não me atrevo a desviar a observação do caminho, tendo noção de que, se o fizer, o próximo local onde o meu mirar aterrará será o chão, assim como a minha cara.

- Não achas que o amor seja importante? – pergunta, procurando esclarecer-se melhor, concluo.

- Não foi isso que disse. – nego, olhando-o de soslaio. – O amor é essencial. Mas não o amor que a maior parte das pessoas assume como sendo o único existente. Para mim, relevante é o amor entre família, o amor entre amigos.

- Tudo isso pode ser, efectivamente, verdadeiro, Floral, mas o amor a que te referes como «não essencial» é aquele que te dispõe imensas novas sensações. Esse amor envolve irmandade, amizade, mas também paixão e luxúria. É isso que o torna distinto de todos os outros. – esclarece-me, calmamente, nunca desconectando a sua mão da minha, o que me oferece uma certa segurança.

- Não me referi a ele como «não essencial», Harry. Apenas não necessário à sobrevivência. – riposto.

- Quando te apaixonares, falaremos. – e, mesmo que o rapaz tenha dito isto da boca para fora, sei que estas mesmas palavras ficarão para sempre gravadas na minha memória.

Sei que, mesmo daqui a umas semanas, quando me achar a caminho de Greenwood, me recordarei desta mesma promessa, e pensarei que, talvez um dia, quando realmente me permitir envolver por esse dito «amor», ligarei a Harry, contando-lhe do sucedido. E, talvez aí, poderemos falar acerca da importância que a paixão e a luxúria têm entre a simplicidade residente na irmandade e amizade.

- Bem, Floral, apresento-te ao Tompkins Square Park, o nosso ponto de partida para o mistério que é Nova Iorque. – Harry cita, puxando-me de volta à realidade, obrigando-me a mirar o conjunto de árvores diante mim. E, Deus, se não é bonito. 

-

sou tão uma merda oOoOOoOooOoOoOoOOoOOoOoOoOoOps

para minha defesa ontem este capítulo parecia melhor ok

wtv really

tamos a publicar muito depressa não tou a entender ukék tá a acontecer

mAS BEM espero que gostem

ya idk comentem por favor?

i mean vocês não me curtem porquê? eu gosto de vocês 

love you, dear Canadiana!

- alaska xx

Floral ➸ h.s.Onde histórias criam vida. Descubra agora