Capítulo 5.Dominador

5.9K 185 15
                                    

5. Dominador

Aquela noite eu não consegui disfarçar meu descontentamento com a revelação de que eu só comecei a trabalhar por influência de Austin. Tudo rodava em minha mente, as minhas regalias, ser editora de Talya na sua biografia, tudo me abanava a bandeira vermelha de que ele era controlador ao extremo.

— Por que você está distante hoje? — ele me perguntou.

— Sabe, eu não sei se isso vai dar certo.

— O que não vai dar certo? — a preocupação em sua voz fora imediata.

— Nós! — eu o encarava vendo a apreensão tomar toda sua expressão.

−— Não está falando sério, está?

— Pense comigo, essa sua mania por controle... Eu não sei até onde vou aguentar. Há um motivo para eu ter vindo embora para Segma City, foi para fugir exatamente dessas situações.

Ele pensou por um tempo e enfim falou.

— Você disse que tentaria, que me daria chances, eu te disse que teria de ter paciência comigo.

— Eu sei, mas hoje ao saber que você manipulou até onde eu iria trabalhar, eu pude constatar que isso é doentio, e não sei se posso suportar!

— Mas isso foi antes, eu estou tentando mudar. — vi ali em Austin uma criança com medo, ele implorava com seus olhos.

— No entanto, ainda me controla.

— Eu vou tentar, mas eu já disse, eu só quero cuidar de você.

Eu sabia que isso seria um longo caminho, mas deitei em seu peito e fiquei analisando nossa conversa, eu poderia tentar sim.

— Posso te fazer uma pergunta? — minha voz saiu temerosa.

— Faça. — a convicção em sua resposta foi clara, ele me encarou nos olhos como sempre fazia, eu poderia me perder na imensidão azul ali presente.

— Sua irmã comentou sobre você ser diferente quando morava na mansão Walter e depois a sua mudança quando passou a morar sozinho, qual o motivo disso?

— Clarice... — ele se demorou na resposta, estávamos em seu quarto, o observei se levantar e se direcionar a prateleira cheia de fotos, ficou encarando algumas.

— Austin, eu acho que se queremos ter um relacionamento devemos entender um ao outro. Eu não vou poder entender você se não se abrir em alguns momentos.

— Entenda que, para poder ter controle de minha própria vida, eu tive de abdicar de muita coisa, principalmente de sentimentalismos, aquela mansão me traz lembranças ruins.

Austin foi até uma gaveta, observei a sua relutância em abri-la, assim que ele pegou um álbum, veio em minha direção.

— Acho que é hora de você conhecê-la. — assim que ele me entregou em mãos o álbum, sentei na cama e o abri revelando uma foto de uma mulher linda, ela tinha os traços familiares de Austin e Augustos.

— Esta é sua mãe?

— Sim.

Seus longos cabelos negros aparentavam ter a espessura igual à de Austin, ondas caíam sobre seus ombros e em seu colo um bebê se encontrava.

— Quem é o bebê? — apontei para a criança.

— Augustos, ele está com dias nessa foto. — um leve sorriso escapou de seus lábios.

Folheei mais o álbum vendo várias fotos dela com mais idade até seu cabelo estar diferente.

— Por que você fala dela tão pouco? — na realidade Austin não a mencionava.

Diário de uma vida duplaOnde histórias criam vida. Descubra agora