Capítulo 6. Príncipes Encantados não existem

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6. Príncipes encantados, não existem.

O fim de semana foi o mais vazio desde que o conheci. Sabia que o dia estava passando lá fora, porém eu só queria ficar deitada lembrando-me de cada momento, assim como foi na morte de minha mãe eu evitava pensar nas coisas ruins e tentava focar em cada momento bom, de certa forma não foi de todo ruim.

Austin tinha um problema e eu não podia enfrentá-lo, não quando em mim vivia a sede por liberdade.

O Sábado passou e eu somente levantei duas vezes, uma para ir ao banheiro e outra eu me deparei com Tay na cozinha fazendo torradas. Ignorei o cheiro de ovos mexidos e somente peguei uma água.

Sabia que a culpa não era dela, minha amiga somente fez o que achou certo, mas não queria papo, assim evitaria qualquer discussão onde eu pudesse falar algo desagradável.

Domingo era mais um dia que eu teria de enfrentar, levantei e com meus pés arrastados pela parte que me dizia que eu tinha que tocar para frente, me fez caminhar até a sala, Tay estava sentada assistindo a algum filme, nem notei que a hora estava avançada, somente andei até a geladeira abri o congelador pegando um pote de sorvete, na pia duas colheres e voltei caminhando até o sofá desabando meu corpo ao seu lado.

Sem olhar em minha direção, ela pegou uma das colheres em minha mão, assim que colocamos as duas dentro do pote sorrimos uma para a outra como se hoje a cena estivesse invertida.

Deitei minha cabeça no ombro de minha amiga e fiquei deixando que as imagens na tela da TV invadissem a minha mente abarrotada de imagens de Austin.

Meu celular vibrou, eu o peguei rapidamente, porém se tratava de uma ligação de um número desconhecido me tirou de minha depressão.

–— Clarice é a Ana, podemos nos ver? — estranhei a ligação, mas combinei com a irmã de Austin de encontrá-la em uma cafeteria.

— Vai sair?

— Sim, vou ver Ana.

— A irmã do seu ex? — as sobrancelhas de Tay se levantaram.

— Sim, ela quer conversar.

— Já vi esse filme, tome cuidado.

— Tudo bem, eu tomarei.

— E Clar... Me desculpe por...

— Não Tay, sem desculpas para algo que era inevitável em algum momento.

Saí do apartamento contente em deixar a minha amiga com um sorriso no rosto.

Assim que cheguei ao Bolevar Café Ana estava sentada a uma das mesas próxima a janela.

— Oi Ana!

— Clarice! — ela era animada, sorridente o contraste de Austin, a garota levantou-se e me abraçou fortemente.

— O que foi? — perguntei sem rodeios, pois se ela resolveu me ligar havia algo errado.

— Clarice, é Austin, sabe meu irmão não é muito de se abrir e nunca foi de demonstrar sentimentos, mas ele está mal.

— Ana, isso é complicado demais.

— Eu sei como Tim é, mas dentro daquela armadura dura, tem um coração, ele só não sabe como demonstrar.

— Tim?

— Sim. — ela sorriu. — Eu sou a única que ele deixou colocar um apelido.

Ver esse lado de Austin não me ajudava em minha decisão, eu não sabia exatamente o que sentia por ele, mas sabia que sentia algo muito forte a ponto de me fazer querer estar com ele.

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