Capítulo 14-Uma grande família

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14. Uma grande família

Cidades pequenas é uma maravilha para quem quer se esconder. Eu estava em casa.

No restaurante, ajudei Caroline com suas finanças, ela estava perdida, a fiz comprar computadores e organizar todas as planilhas de compra e venda. Ela ficou tão contente com meu trabalho que agora era a gerente do restaurante, sempre gostei de cozinhar, então trabalhar ali me fez pegar um gosto maior por todo aquele trabalho.

Angeline e Jessica tornaram-se minhas amigas, o que era hilário, antes nós éramos três loiras: Raquel, Taylor e eu, agora éramos as três morenas.

Novembro chegou e junto com ele um clima diferente, mesmo com a aproximação do inverno, dias frios era raro na região. O dia de Halloween não era comemorado tradicionalmente como eu estava acostumada, mas o primeiro dia de novembro chegava com uma comemoração nova, o dia dos mortos.

Uma tradição não comum para mim, porém a cidade ficava em clima de festa.

— Boa noite, Thomas, — cumprimentei o senhor que hoje era como se fosse minha família.

— Anabelle, vamos beber hoje nada de falar de livros.

Ele já deveria estar bêbado, pois estava mais alegre que o normal, Mary estava com suas bochechas coradas revelando que algumas taças de vinho já haviam sido consumidas.

— Minha querida, eu já perdi muitos amigos e parentes é claro, e hoje é o dia que bebemos pelos mortos. — Thomas falava enquanto eu virava já minha terceira taça.

— Acho que deveríamos beber tequila, é a tradição. — Mary comentou sorridente.

— Não velha, se nós bebermos tequila meu fígado protesta e amanhã eu poderia acabar encontrando meus amigos mortos do outro lado.

— Mas Belle não está velha para isso, querida quer beber algo mais forte? Você é tão jovem e já perdera seus pais.

A simples menção a minha falsa história me fez vagar a mente até meu pai, ele não estava morto, e eu jamais poderia saber que fim ele levou após a minha fuga, mas minha mãe ela sim merecia uma reverência. Era difícil imaginá-la como um espírito vagando entre nós eu não me atinha a nenhuma crença, mas sabia que ela de alguma forma merecia ser lembrada.

— Aceito Mary. — ela serviu uma tequila e deixou a garrafa ao meu lado.

Aquela foi uma noite divertida e agradável.

Dia de Ação de Graças em Peppers Hill era um acontecimento marcante, e a famosa receita do peru de Caroline deixava o restaurante agitado.

O natal foi um dos mais amenos e tranquilos depois de anos, uma pequena ceia com Thomas com Mary me fez me sentir em casa. Meu presente de natal do casal foi tão simples quanto significativo, um manuscrito sem ser publicado de Thomas, ele disse que assim que morresse eu poderia publicá-lo e seria um legado que me deixaria, me senti acolhida mais uma vez com eles.

No ano novo a praça ficava cheia com os poucos moradores que não viajavam e uma queima de fogos seguia.

Os meses passaram, e eu estava em uma cidade onde mais que um lugar para onde fugi, ela se tornou um lar, e eu me sentia acolhida em uma grande família.

Abril chegou e eu completava meio ano de Anabelle Collins.

— Belle, vamos. — Angeline estava polvorosa.

— Calma Angeline, falta algumas coisas na mala, e pronto.

Carreguei o carro, mesmo que fosse uma viagem de poucos dias, três amigas viajando se resumia a três mulheres o que no elevava ao patamar de bolsas cheias, provavelmente de coisas que nem usaríamos.

Diário de uma vida duplaOnde histórias criam vida. Descubra agora