Declaração de Lourivaldo Alberto Alves, 39 anos, solteiro, residente na cidade de Alagoinhas, Estado da Bahia.
L.A.A.: Amigos policiais vocês precisam entender que isso tudo que vou lhe dizer só vou dizer por que estamos sobre trato de sigilo. Creio que nada, absolutamente nada do que eu declarar poderá ser mudado a posteriori, por causa de minha condição. Não vou lhes dizer provavelmente tudo que é necessário para resolver o problema, mas creio que alguns detalhes serão úteis. O que posso afirmar com convicção é que nem de longe o evento deve ser tido como natural. Trouxe os meus recortes de jornais de acontecimentos dos dois últimos anos e venho observando que esse tipo de coisa que os senhores investigaram não é algo de forma alguma comum, mas creio que já devem saber. Nasci aqui nesta vila maldita, cresci em meio a uma comunidade tão pacata quanto desinteressante e entre nós não me lembro de nenhum terrorista. Caso tenha, espero que seja pego e torturado o quanto antes. Quanto a mim, posso lhes confessar que o máximo de coisas ruins que cometi nos últimos anos foram queimadas necessárias em terrenos por perto, onde precisava de terra para algumas atividades. Sou homem que trabalha honestamente sim e tenho meu próprio sonho que ainda não pude realizar, que é apenas um: o de possuir minha própria casa. Mas isso ainda é algo a se esperançar. Existem três coisas que precisam ver nessa situação no momento atual; primeiro o que aconteceu não foi uma simples briga de gangues ou uma grande coincidência, isso é o que só posso especular muito pela minha condição de não policial e pouco por minha inteligência. Segundo, não duvido que nesse momento esteja acontecendo outra coisa a mais por aqui por perto enquanto estão me interrogando e cutucando o meu reto com essas malditas varetas de churrasco!
Depoimento de Michel Antunes Lélis (apresentou-se espontaneamente).
OID: Senhor Lélis, Aqui na ficha diz que o senhor tem informações importantes, mas que também busca informações. É uma troca, pelo que entendi?
M.A.L.: Sim preciso de informações que só a polícia pode me dar não é nada demais, mas o senhor sabe como é, senhor policial, que ninguém é melhor para confiar que a polícia, não é mesmo?
OID: Entendo garanto que ajudo no que puder. A propósito, qual sua profissão?
M.A.L.: Pastor. Fundei a igreja anos atrás, a "Renascimento Vivo". Estou com vontade de vir para esta cidade.
OID: Parece ser interessante. Então, como um homem de bem que é creio que pode ajudar.
M.A.L.: Deixe-me contar o que sei. Existe muita coisa muito ruim acontecendo na cidade, forças malignas, criaturas inomináveis espíritos antigos das trevas. Sim senhor, deve ter cautela esse assunto vai muito além do que podemos pensar por isso vim até aqui para limpar esse lugar.
OID: Era isso o que queria dizer?
M.A.L.: Sim.
OID: Bom, pastor, já estamos no quarto dia de depoimentos, estamos um pouco cansados. Poderia usar sua caridade celestial e ser bondoso ao nos revelar basicamente o que tem para ajudar em nossa investigação?
M.A.L.: Policial, não queira desfazer-se do meu profetismo. Oh jovem homem, há coisas que ninguém pode fazer e nem prever! Ouça o que tenho a dizer: Estais vendo estes enormes edifícios? Saiba que daqui não restará pedra sobre pedra; tudo será destruído. Leia o livro sagrado, oficial, pode não parecer, mas ainda há tempo para a conversão!
OID: Pastor, eu tenho um grande apreço por esse tipo de conversa. A propósito, já conhece os espetos de churrasco especiais da polícia?
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O livro do culto
Historical FictionChapada Diamantina, anos 70. Um violento acontecimento chama a atenção da sociedade de uma pacata e insignificante vila e acaba mexendo com a mente de um curioso jovem policial, conforme os depoimentos e testemunhas vão surgindo. Mas este policial s...