Dia 1

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    Segunda feira, 3 de fevereiro,  Depoimento do Sr. Lucas Bustamante

(OID: Oficial Interrogador Denfiezilsson, vulgo Denfi)


L.B.: Senhores policiais interrogadores deixe-me fazer uma rápida apresentação do meu itinerário. Sempre fui um homem íntegro, na mocidade um rapaz de boa índole e acima da média. De certo, trabalho honestamente para meu próprio crescimento intelectual e isso sempre constituiu verdadeira e principal meta vitalícia para mim. Muito fiquei admirado quando ocorreu essa tão estranha convocação e depoimento após um longo dia de trabalho quando cheguei em casa. Era uma questão muito grave toda essa bagunça causada por homens nas ruas e tudo mais e eu não admiro de algo estranho ter sucedido bem perto de mim, não. O que o surpreende é ser chamado a dar o meu depoimento, tão ilustre coisa a fazer para um simples homem comum como eu, nesta noite memorável. Desde já lhes agradeço a oportunidade de obviamente poder exercer minha cidadania aqui, diante de vós, sendo os dois rapazes de grande e interessante e estatura para policiais e costumes de operação bastante eficientes apesar de, no calor de execução de vossa tarefa, terem matado o meu cão e destruindo todos os meus móveis da cozinha. Sem citar obviamente o fato de quebrarem meus dois joelhos e minha mão esquerda, fato esse que até posso entender conhecendo a eficiência de vossa tão estimada polícia.

OID: Continue senhor Lucas.

L.B.: Tenho certeza de que os paladinos detentores da lei da proteção tenham um bom motivo para querer saber o que aconteceu, a tendência à doença, os homens próximos, mas sobretudo a cena. Eu estava na cena e entendo perfeitamente o quanto ela foi perturbadora para algumas pessoas que não estavam a par da situação assim como eu, confesso, já que estamos aqui sobre sigilo e julgamento, que fiz o que tinha de fazer ali mesmo nas calças, diante da situação. Confesso que apesar de constrangedora e suja, aquilo constituiu em um puro e livre exercício de bestialidade da minha parte. Algo visceral, que alude aos mais antigos costumes naturais do homem mínimo primitivo. Eu abaixado vendo toda aquela cena a se desenvolver diante de meus olhos... Não, não foi algo tão simples quanto estão tentando especular. Sim, meus olhos viram.

OID : Aquilo constitui uma execução sumária.

L.B.: Sim, policial, claro, estou prestes a chegar lá. Quase fiquei deprimido pelo fato de isso tudo ter acontecido em um momento tão alegre pelo qual passo, ou passava, até vocês invadirem minha residência. O mundo inteiro gira e girou. São várias abordagens para o mesmo evento. Tantos olhares, tantas ideias.

OID: Senhor Bustamante, começo a reconhecer certa justiça no motivo de termos cometido certo exagero ao irmos buscá-lo em sua residência.




Pseudo depoimento de Antunes de Assis


A.D.A.: Investigação? Que investigação? Meus pés tremem. Não sabem do que estes homens são capazes senhores. Há um livro, sim. E por trás dele há pessoas ruins! E há um líder também, e seus súditos. Eles adoram as forças malignas, senhores. Está abaixo do subsolo, abaixo dos homens bons e sacros. Abaixo de nós, mas sua energia obscura nos seduz e posteriormente domina. Estamos fodidos!

OID: Senhor Antunes, O que pode nos dizer sobre o assalto na loteria Palacium?

A.D.A.: Não vim aqui falar sobre assalto algum. Vim aqui falar sobre perversão. Veja, oficial, minha filha desapareceu e ninguém além de mim conseguiu reunir uma informação útil em um ano de procura! Essa sociedade fede. Isso está claro, e irá piorar.

OID: Senhor Antunes, se não pode nos ajudar com relação ao nosso caso, teremos que pedir para voltar outro dia. Assim lhe prometo que teremos mais tempo para ajudá-lo em sua história.

OID: Claro, claro. Já ouvi o papo antes. A competência da polícia é algo realmente notável. Tudo o que sei é o que estava em seu diário, de como ela foi ficando cada vez mais esquisita, possuída! Estava possuída! Escrevia coisas vindas dessa porcaria de livro, todos os dias, o tempo inteiro. Parecem receitas, palavras difíceis de se ler, ela só vivia trancada naquele maldito quarto, ela assou e depois comeu dois micos! O que tem de interessante para comer aqui, policial?

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