Parte III - Insinuação

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Quinta-feira, 19:20, Bar "Los Putos".

- Olha só cara, passamos o dia inteiro sem nada de interessante, o último foi aquele Manuel, um velhote estranho, sem contar que eu tenho de ficar escrevendo essa porcaria toda depois. Eu acho que está na hora de pular fora dessa história, e para eu fazer isso você também precisa vir. Já completamos o objetivo. Já se passou duas semanas desde o início do interrogatório. As coisas estão ficando muito vagas, como eu imaginei que seria.

- Precisamos terminar com a investigação, Adalberto.

- Er... Eu não sei do que você está falando. Nossa historia envolve apenas eu, você, Crustáceo e os outros caras. Foram meses planejando isso. O dinheiro está na mão, O maldito assalto ou sei lá o quê foi um golpe de sorte pra disfarçar tudo. Ninguém sequer desconfiou de nada, e você já tem provas suficientes disso. Então vamos embora!

- Não é tão simples assim, Adalberto. Tem essa história toda do Candino, dos parentes dele que querem informações, essa história do convento. Poderíamos fazer alguma coisa.

- Esqueça tudo isso. Convento? Investigar o que? Não temos viatura nem pra chegar na cidade vizinha. Pneus carecas, retrovisor quebrado, bancos furados.. Essa viatura só serve de enfeite. Ouça o que estou dizendo, quando derem por falta de nós, estaremos do outro lado do mundo!

- Se não tivéssemos dado um fim no cara chamado Ilano, agora teríamos respostas.

- Ilano o maluco cheio de arrogância? Ele falava besteira demais. Deixemos essa parte com os militares, devolva o caso a eles e deixe que arquem com essa casa de marimbondos. O sujeito chamado Antunes tomou um monte de remédios e se matou.

- Já estava esperando algo do tipo. A filha deve ter fugido com algum macho e ele pôs a culpa na sociedade. Que engraçado isso.

- Sim, eu também. Acho que ele ficou realmente desgostoso da vida. Lembro até que alguém mencionou a história de um grupo de hippies que desapareceu, não é mesmo? Bem, nesse caso, ontem ouvi uns informes a respeito.

- Como assim? Isso aconteceu realmente?

- Pelo visto sim, estão desaparecidos há vários dias. São dezoito, dez mulheres e oito caras. Arembepe está sendo colocada de pernas para o ar, um dos jovens era filho do primo de uma grande amiga do governador.

- Onde está o cara chamado Ledson? Onde?

- O músico?

- Não, o musico já era. O Ledson, o pederasta disfarçado!

- Não sei, eu não tenho contato com ele. O cara sumiu. Porque quer saber isso? Já passei o informe. Vão bater nele até contar quem aleijou o Saci. Estou farto Denfi.

- Que horas são?

- Dezenove e trinta.

- Tenho que ir a um lugar.

- Agora? Onde?

- Depois eu explico, depois eu explico!

- Denfi, você mal chegou e já está saindo. Pare aí e me diga onde está indo.

- É a única pista que tenho.

- Sobre o Ledson? Mas já falamos com ele, eu não estou entendendo!

- Não sobre Ledson, sobre os hippies!

- Denfi, defnitivamente eu tenho que falar, caso ainda não tenha percebido: pare de fingir que é um bom policial e que liga para essa merda toda!

- Eu apenas vou até o restaurante que o tal Ledson falou. Só isso.

- O que vai fazer lá? Quer encontrar ele?

- Ele deve saber algo sobre os hippies.

- Deixe os hippies, seu idiota.

- Não se preocupe. Eu vou até lá fazer algumas perguntas, e só! Não é tão longe, volto em duas ou três horas. Vou com a moto. Estamos à paisana, lembra-se?

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