Dia 8

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segunda feira, 10 de fevereiro.

Depoimento de Richard Schmidt Ford Rutherford Kennedy, gerente.


OID: Senhor Shmidt, sem entrar muito em detalhes técnicos, que só dizem respeito ao processo em caráter de juizado, pode começar falando um pouco sobre quando iniciou seus trabalhos, e sua relação com o Sr. Frênio Candino?

R.S.F.R.K. Claro, oficial. Eu, assim como o senhor estou bastante ávido por informações sobre tudo o que ocorreu. Já estou me sentindo melhor para falar.

OID: Isso mesmo, estávamos esperando sua alta. Mais alguns dias e seu depoimento precisaria ser colhido no hospital, assim como aconteceu com o Sr. Claudio.

R.S.F.R.K.: Oh, claro, soube que ele morreu durante a acareação.

OID: Um pouco depois. Foi uma pena.

R.S.F.R.K.: Bem, oficial, o que posso dizer é que o Frênio era uma verdadeira celebridade, imagine o senhor que ele é o nosso cliente mais antigo. O único que ia todos os dias à lotérica, que conhecia todos os nossos funcionários.

OID: É mesmo?

R.S.F.R.K.: Sim. Desde que as loterias passaram a ser controladas pelo governo, dez anos atrás, eu gerencio a loja. Posso lhe dizer que não houve um único dia em que aquele velhote bigodudo não fosse fazer algum tipo de jogo, ou pagar alguma conta. Ele sempre jogou na loteria, entre outras tantas coisas. Dizia-se um homem com péssima sorte, porém insistente, que algum dia seria agraciado com um grande prêmio. Deve imaginar minha surpresa, ao vê-lo no auge de sua velhice, aos noventa anos de idade, ganhar um prêmio de mais de seis milhões, exatamente na minha loja.

OID: Notável. E, explique-me qual foi exatamente seu procedimento com relação a isso, senhor Schmidt.

R.S.F.R.K.: Claro. Pode parecer loucura, mas passou por minha cabeça fazer uma homenagem à altura. Entenda senhor oficial, estamos só nós aqui então posso falar de um tudo, correto? Estamos sendo gravados?

OID: Não há nada que não possa ser apagado, senhor Schmidt. Continue. Não se acanhe.

R.S.F.R.K.: Há uma parte do velhote que eu não tinha muita familiaridade, ele frequentava um grupo estranho, coisas meio esotéricas. Volta e meia estava com algum novo medalhão no pescoço, figuras de elefantes, garças, estrelas, essas coisas. Bem, nessa onda esotérica ele certa vez me fez perceber o quanto era amante de experiências... Adversas.

OID: Estou tentando entender. Vamos beber um pouco de café?

R.S.F.R.K.: Por favor. Obrigado. Bem, o velhote era amante de orgias. Das mais perversas.

OID: Quê? Pfftt...

R.S.F.R.K.: Desculpe, não sabia que iria cuspir seu café. Perdoe-me. Posso continuar? Certo. O velhote era fã de orgias, coisas com espinhos, chicotes cheios de pregos, e espancamentos. Ele tinha certa preferência por garotas claras, ruivas e numa faixa etária entre 14 e 17 anos de idade. O senhor pode imaginar que isso pode ter sido algum costume desenvolvido durante a longa vida dele, alguém que viajava bastante etc. ele realizava essas orgias normalmente com no mínimo quatro dessas garotas, e creio que isso tenha uma ligação ainda não muito clara com o tal grupo. Agora lhe digo o que isso tem a ver comigo: Houve uma época em que acabamos conversando sobre o assunto, ele é um cliente ímpar, sempre ia até minha sala para tomar um chá e falar sobre sua vida, trabalho e família. Enfim, quando ele acertou os números, e como sei desse costume tão interessante, acabei por contratar algumas garotas bonitas com belas pernas e grandes decotes, três delas, e uma banda para fazer uma pequena homenagem ao senhor Frênio. Assim que este adentrasse a minha sala. O senhor deve imaginar, de certa forma meu objetivo era usá-lo como nosso garoto propaganda ou até mesmo futuro sócio. Toda a cidade já sabia, o senhor não? Precisaria ter a atenção necessária para não fazer como muitos que simplesmente somem, e o senhor Frênio talvez tivesse motivos para tanto. Sabia que ele viria naquele horário, fui eu mesmo que indiquei. Então nem dormi, fiquei lá mesmo em minha sala com as garotas e a banda ensaiando, enquanto lá embaixo os funcionários nem desconfiavam.

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