I- Ponto de partida.

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- já chega ,estou cansada !

Sai correndo do quarto surpreso com o grito raivoso de Siena que normalmente é calma.

- Amor o que houve ?

- Essa pia vive entupindo não tem conserto- Ela bufou- joga fora.

fiquei à olhá-la de um jeito manso porque sabia que ela se derreteria toda, dei um sorriso de lado e a abraçei na cintura:

- E você acha que é só pegar a pia embrulhar em um papel e jogar no lixo como as fezes do Jacoob? Isso dá muito trabalho, tem todo o concreto para retirar da parede, a encanação e por aí vai.

Falei de modo singelo, tanto que ela não resistiu, olhando nos meus olhos disse por fim:

- Não quero saber, mas dê um jeito.... Fica imundo

- Eu irei chamar um encanador para nos dar uma solução.

Então ela se virou e me beijou, aquele beijo repleto de paixão parecendo aqueles casais que estão em seu primeiro encontro, tem toda emoção á flor da pele, acaricie seu cabelo, a mesma esfregou suas unhas na minha pele, o calor subiu em ambos,me pressionou como se pedisse por prazer, me beijou lentamente sem pensar nas consequências, e não seria eu quem me preocuparia com isso no momento, a segurei forte colocando-a no balcão, afastei o saco velho de pão, juntei meu corpo ao dela, arrastei a mão pelo seu corpo sentindo aquela pele de seda até chegar em suas coxas, ela mordia meus lábios com a mesma vontade que eu sentia de tê-la alí mesmo, esperei por um suspiro, um gemido em meu ouvido....

- ma... ma... Mama... Mamãe. - O chorinho veio do quarto.

Ela se ajeitou rápidamente dando uma risada :

- Cheque mate!

- Alice ganhou novamente, está na cara que ela não quer um irmãozinho.

- Vou dar banho nela, termine a lancheira dela assim adianta- Dividiu as tarefas- Matt hoje é seu dia de leva-la

- Como se eu esquecesse, meu medo é que chegue o dia em que ela não queira que eu à leve pois o mala do seu namorado estará esperando ela, montado em uma motinha bem michuruca na porta de casa, isso se não for um drogado que tem mais cara de retardado

- Exagerado, ciumento, dramático, ela é só uma criança e não vai ser sua menininha para sempre.

Ela não queria resposta, o chuveiro ligado me mostrou que estava ocupada para isso, ocupada sempre quando o assunto é que Alice vai crescer e eu não poderei protegê-la de tudo, de todos, o mundo é cruel e eu sou prova do quanto pode ser surpreendentemente, as pessoas vão além do que enxergamos, ouvimos ou cremos, por enquanto ela é uma menininha, não sabe dizer a palavra comida, boneca, chupeta e nem dizer eu te amo, ela não sabe a diferença entre bondade e maldade, ela não sabe nem o que é chuva, vai crescer e vão dizer que a chuva é porque Deus está chorando, bobinha vai acreditar e correr pros meus braços do mesmo jeito que faz quando a chupeta some, ela vai ter que ir à escola e eu vou ficar de longe observando-a, tentando fazer o que posso para que não se magoe em um ambiente assim, ela vai dar seu primeiro beijo e vai me esconder pois suas amigas vão dizer que os pais são todos assim: "ruins", "egoístas", "não querem sua "felicidade", "pensam que mandam na gente " e então as coisas vão desandar, ela vai precisar de um colo mas não vai saber me chamar, não vai poder dizer que perdeu a chupeta, pois agora ela perdeu o rumo, seu coração teve sua primeira trinca ,vai passar e vai ficar tudo bem nesse complexo oceano, o vento vai se aquetar e a calmaria vai permanecer, porém é uma calmaria temporária, pois mal sabe ela que vai surgir mais problemas ainda, a tpm que fica mais insuportável a cada mês, o namorado que dorme com outras, a amiga falsa, a nota ruim na prova, a dificuldade do vestibular, sua primeira vez, nem imagina que seu coração vai ser triturado por esse moinho que é a vida, mas a única coisa que eu espero é que ela saiba onde me encontrar, saiba que o pai vai de encontro à ela sendo do outro lado do mundo ou no seu quarto chorando no travesseiro, que ela saiba, que ela me procure, que ela me ame o tanto que à amo.

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