IV- Retorno

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Existe sons irritantes mas nada é tão irritante quando o som de um liquidificador ligado na manhã  de segunda-feira, pergunto-me o que o Ruan está fazendo esse horário, a curiosidade é grande porém é pequena perto do sono que sinto,viro para o lado fingindo que não ouvi, quem sabe desse jeito meu subconsciente se engane e assim eu volte ao meu sono profundo.

Talvez tenha sido o cansaço extremo ou preguiça de sair da cama quente, o que digo é  que logo voltei a dormir sem nenhum esforço, o que não valeu muito já que o Ruan me despertou, ele chegou mansinho no quarto, na pontinha do pé para não me acordar, eu nem fiz questão de abrir os olhos, então ele veio e meu deu vários beijinhos no rosto até eu me irritar,  afagou meus cabelos e por último deu um cheiro em meu pescoço foi assim que eu desisti da batalha, me entreguei as carícias pois estava claro que ele não deixaria eu dormir, fui levantando devagar, a principio eu não enxerguei nada além dos olhos castanhos de dele, do contorno da boca e os braços que muito me agradam, somente no momento que sentei pude observar a quantidade enorme de pétalas de rosas pelo chão do quarto e as rosas que não perderam suas pétalas estavam em um vaso do lado do abajur, agora em uma posição melhor pude dar-lhe um beijo de verdade, retribuindo todo o afeto

— Bom dia - um sorriso surgiu de forma instantânea em meu rosto

— Hoje é um dos melhores dias! - agora era ele quem estampava uma alegria nos lábios

— E por que hein?

— Você vai descobrir Dr Small.

— Eu amo quando pronuncia essas palavras

Ele se retirou do quarto sobrando apenas eu e o silêncio do cômodo que acabamos de reformar, ainda cheira a tinta, minhas roupas estão todas jogadas pelo chão, o restante eu enfiei à força no guarda-roupa, porque todo mundo sabe que se você não às dobras naturalmente fica uma zona e o segundo fato é que elas parecem ter vida própria, teimam em ficar caindo para fora, assim que  decido me levantar percebo que Ruan está voltando,  o assoalho do chão me avisa, a madeira velha range para quem quiser ouvir, volto para a cabeceira da cama me cobrindo com o lençol, me ajeito e espero, não demora mais de dois segundos para ele surgir com uma bandeija na mão, aquelas bandejas de café da manhã que toda mulher espera receber em sua lua de mel, cheia de frutas, um bolo, suco de laranja, cappuccino, waffles ou uma tigela de cereais com grãos para quem luta por menos calóricas, alguns frios e se você der sorte ainda encontra chocolate na bandeja, a única diferença é que não é nossa lua de mel, de resto está tudo igual, Ruan me conhece tão bem que não colocou nem waffles e nem grãos, apenas o meu cereal com danone, a pergunta que não quer se calar é :

"Porque ele fez tudo isso?"

Não é nenhum dia especial, não é meu aniversario e nem o dele, não é ação de graças e nem natal, ano novo muito menos, não estou grávida e pelo que eu saiba não ganhei na loteria ,mas estou cruzando os dedos para que seja esse o motivo da surpresa

— Não, você não ganhou na loteria, mas precisamos conversar

A sua fala interrompe meu pensamento esse que ele conseguiu adivinhar, faço um bico como fazia quando criança

— Me diga, diga logo Ruan, estou para explodir de curiosidade.

— Chegou uma carta

— O que tem de épico nisso ?

Depois que descobri que não ganhei na loteria minhas expectativas caíram em 50%, o restante é curiosidade aguda

— Antes de mais nada me responda uma coisa.

— Eu respondo, pergunte sem rodeios

— Quantos investigadores existe em Saint Augustine?

— Dois, Por quê?

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