V- Artifício

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— Eu preciso do carro Dona Julie é uma emergência, por favor

Suplicafava pela ajuda dela mas não me ajoelharia perante a mesma, a víbora espera que você esteja frágil para dar o bote

— Matt entenda de uma vez por todas que existe uma grande diferença entre nós, eu sou sua patroa e você o motorista, eu mando e você cumpri ordens, não tem a mínima possibilidade de você me pedir algo, concluo aqui minha resposta, não insista não sou sua amiga.

Na raiva que senti eu atiraria na cara dela até ficar desfigurada, Siena precisava de mim mais do que nunca e eu não deixaria isso me atrapalhar, a solução seria ligar para o Mark e pedir aquela notinha dele emprestada

Na hora que entrei dentro do carro da empresa para desligar o ar condicionado ouvi alguns passos em minha direção, apanhei minha jaqueta fechando o punho esquerdo com muita força, previa que era Julie quem estaria voltando para triunfar em cima de mim, para me humilhar

— Matt se acalme

A voz tinha uma outra tonalidade, era doce e embargada de uma calma invejável, era o mesmo rosto da Julie mas nunca seria a Julie, gêmeas que são o oposto em tudo para a minha sorte....

Meu semblante com certeza demonstrou alívio naquele instante pois ela sorriu e disse por fim :

— Eu quero ir ao Shopping

Mas eu já sabia que era apenas uma desculpa para despistar os olhares da mansão, ela me jogou as chaves do carro dela e eu me encaminhei em sua direção, o carro era bem mais simples do quê o carro da Julie, a verdade é que Jess não é muito de sair e quem me paga é o Mayson então concluo que eu tenho que dirigir para quem mandar e não somente para a patricinha que reza para que o velho bata as botas e não impeça a vossa majestade de humilhar quem bem entender... Uma vadia

Acomodados dentro do carro eu agradeci a Deus pela ajuda, a viagem era longa e a moto do Mark não era nenhum un pouco confiável, engasga na frequência que respiro. Jess parece que  não é daquela família, faz questão de andar na frente e aumenta o rádio no ultímo, puxa conversa e se interresa pelo problema dos outros, não é como a gêmea má que te proibi de dirigir uma palavra sem a permissão dela

— Olha Jess eu te deixo no Shopping e depois vou ver a Siena mas preciso ir rápido

— De maneira alguma, você não vai me levar no shopping eu irei junto contigo, nervoso desse jeito vai ser pior

— Mas e seu pai? 

— Ué se ele perguntar eu fui ao Shopping fiz umas compras e na saída eu encontrei a Mary e a gente foi assistir um filme juntas na casa dela e perdemos a hora conversando, acho que não tem nada de errado nisso não é?

Eu só conseguia pensar no estado de Siena, o enfermeiro que me ligou avisando sobre o acidente disse que não foi nada grave perante a situação, se ela estivesse sem cinto teria morrido com certeza, mas como não foi o caso, ela estava em observação mas bem, claro que precisava de atendimentos, o tornozelo quebrou, ela vai ter que ficar alguns dias para observação da cabeça, não teve nenhuma hemorragia ou corte fundo, o que preocupava era a pancada que ela levou no estômago e na cabeça devido ao número excessivo de voltas que o carro pairou sobre o ar, o estômago poderia inchar demonstrando dificuldade para se alimentar,  dificuldade no funcionamento o que ocorre é a mesma coisa quando levamos um soco no abdômen e a dor chega a ser insuportável e isso me deixava cada vez mais impaciente para vê-la, a cabeça era o que me mais me deixava preocupado pois com o tempo poderíamos ver o reflexo dessas batidas como perda de memória recente/longo-prazo  ou até mesmo um déficit de dificuldade na hora de realizar ações rotineiras.

Sempre quis participar de um filme mas não um filme como esse, o filme em que o mocinho faz de tudo para que sua amada se lembre dele, como o Noah em "Diário de Uma paixão", o problema é que eu não sou um Noah e a minha Siena não é a Allie... Ela não vai passar por isso, eu ainda acordarei todas as manhãs lhe dando um beijo, ela vai dizer meu nome como de costume me fazendo cosigas depois  vai se levantar correndo pois sempre acorda atrasada, não vai me dizer que me ama pois não precisa, eu sei, eu sinto, e ela também sabe.

A Alice não vai ter que se apresentar todo dia para a mãe como se fossem desconhecidas que acabaram de se cruzar, não vai pois eu não vou deixar.

Ainda no choque do ocorrido eu sentia que o enfermeiro só me disse aquilo para manter a minha calma, está treinado para isso, para lidar com situações graves, não era possível que um acidente como esse não fosse de consequências terríveis... Siena está desacordada em uma quarto de hospital e eu estou dentro de um carro na aguniante esperava de ver seu rosto e saber que as coisas vão se ajeitar, o tempo vem sendo o meu pior inimigo e esse não tem  como ser eliminado, a minha arma não é capaz de acabar com o fugaz tempo mas ele sim é capaz de acabar comigo, sou apenas um grão de poeira em sua engrenagem.

Me pego viajando nesse vazio da minha mente, os olhos perdem o foco da estrada que não é muito movimentada, é como se estivesse aqui mas sem estar, e Jess que é observadora logo percebe que estou distraído

— Foca na estrada que assim chegamos mais rápido- ela interrompe meus pensamentos.

— Você acha mesmo que ela está bem?

— Eu não sei nada de medicina mas sei que médicos não mentem, apenas são treinados para manter a emoção dos familiares moderada

— O que quer dizer com isso?

— Que ela não está mal mas também não está 100%, compreende?

— É acho que sim

Apesar de minhas suspeitas eu precisava do laudo da polícia para saber que esse acidente foi premeditado e o que temia seria confirmado, a Siena nunca dirigiu rápido e sabia o que fazia enquanto tinha as mãos no volante, nessa manhã ela acordou atrasada para não perder o costume, colocamos juntos a Alice na creche, depois nos  despedimos me deixando na entrada dos fundos da mansão, ela ia para Winter Park  buscar as lembrançinhas do aniversário da nossa pequena, essas lembrançinhas foram feitas por sua irmã por essa razão Siena fez questão de buscá-las pessoalmente e  nenhum de nois dois imaginou que isso aconteceria, até achei bom pois hoje é seu dia de folga e seria bom sair um pouco, visitar a família.

Fico me perguntando o que passou por último na sua cabeça antes de apagar,  será que lembrou da Alice? Se lembrou do jeito inusitado que nos conhecemos?  Se lembrou de casa? Pensou que morreria? Somente ela pode nos dizer isso…dizem que a vida passa como um filme na nossa mente na hora da morte basta saber se vamor rir ou chorar mais…


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