II- Imprevísivel.

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A cara da garçonete não me desse, não importa quantas vezes eu venha aqui, ela sempre me olha com cara de nojo como se eu tivesse culpa dos problemas dela, parece que me despreza e eu por minha vez nem faço ideia de quem ela seja, então eu preciso aguentar porque não tem lugar que me forneça um café tão gostoso com o aroma e a essência forte que conseguem vencer meu mal humor pela manhã como essa cafeteria.

— Bom dia - digo na tentativa de amenizar o clima entre nós- Eu quero o mesmo de sempre.

-— Se não me falar o nome eu não sei qual é, são muitos clientes não tem condição de eu lembrar de cada um

Mas eu sei, sei que ela está fazendo isso propositalmente e se eu pudesse lhe enfiava a mal na cara

— Querida eu quero dois cafés sem açúcar, café duplo - Consigo controlar a mão mas não consigo evitar a cara de deboche - Vou pagar com cartão

—  OK, espere no balcão ao lado

Ela pegou o meu cartão digitando o valor na máquina, coloquei a senha, guardei de volta e rápidamente retirei meu café, nesse horário da manhã não tem muita gente assim evito as filas

As cinco da matina tudo parece tão solitário,  para minha está mais ligado à liberdade, não gosto daquilo que me prende... O vento frio vem em direção ao meu rosto fazendo com que eu acorde de vez,  caminho lentamente pelas ruas da Argentina pensando em como vai ser as coisas daquí para frente, o que irei fazer de mim? 

Meu celular vibra, o que eu acho estranho pois não há um contato que esteja acordado nesse horário, o visor me indica que é um sms

Justin :

" Não sei o porque você foge todas as manhãs antes de eu acordar.. Talvez seja uma mania pessoal mas sinto sua falta, acordei agora com meu corpo procurando o seu para se esquentar e senti apenas o lado gelado da cama, Sophia queria dizer essa manhã que eu te amo, a noite de ontem foi mais especial que as outras.

Psiu: como eu já imaginava que você iria fugir sem ouvir o meu te amo deixei um presente em sua bolsa durante a madrugada.

Não se esqueça de mim. "

Como ele deixou algo sem que eu percebesse?  Abri a bolsa revirando tudo que estava presente dentro do compartimento, no bolso esquerdo encontrei um saquinho com aproximadamente 100g de maconha e juntamente amarrado com um laço estava um trufa de maracujá uma das minhas preferidas, parte de mim gostou, peguei o celular novamente e já entre os dedos digitei a seguinte mensagem para o Justin:

" Por questão de segurança e de bom senso terei que jogar fora seu pacotinho mágico já que embarco no próximo vôo, contato a trufa comerei com muita vontade lembrando do gosto de sua boca, e no final concluo que a trufa é muito boa, mas sua boca ainda está na lista das minhas coisas favoritas. Adeus. "

A mensagem ganha uma resposta depois de dois segundos :

" Sei que leoninos são orgulhos e não gostam de admitir mas sei mais ainda que seu "Adeus" nunca é um adeus de fato,  é sempre um "eu te amo" disfarçado, me mostrando que você vai voltar, então eu te aguardo, sempre te aguardo e vou levando minha vida assim:  Te esperando em aeroportos na espera que um dia você pare de fugir de mim.. das pessoas que à amam..."

Leio calada e desligo o celular, dentro de mim eu sei que ele tem razão, a minha cabeça está zonza e eu procuro um lugar específico naquela avenida.

"LAY BABY"

A fachada me indica que estou no lugar certo, sozinha entre a vitrine observo admirada cada roupinha linda, os laços infantis pendurados para enfeitar o teto, o carrinho de bebê bem na entrada, um berço desenhado com estrelas, e minha mão sobre meu ventre, minha vida tomara um rumo totalmente inesperado, será complicado lidar com minha carreira e mais complicado ainda contar isso aos outros, e no fundo eu sei que só tenho o Matt mas procurar ele seria inútil, eu não estive do lado dele quando ele precisou, não poderei ir no aniversário de Alice e Siena deixou bem claro que ele se irritou, meu orgulho  infelizmente ganhou mais uma vez.

Pego o primeiro taxi que passa na avenida com destino ao aeroporto, já no aeroporto entro no banheiro e coloco o saquinho mágico dentro de um buraco de concreto na parede, passo um batom e estou pronta,  embarcarei para Paris com fim de participar  do jantar de organização do lançamento do novo perfume o qual eu sou a modelo, "a cara do perfume " como o contratante gosta de dizer.

Não faço questão de ligar meu celular muito menos de ler sobrando apenas a opção de dormir, e para mim é a melhor possível, já que essa noite eu passei em claro, minha vida está virando de cabeça para baixo, e tragicamente não sei o que o destino me reserva.

                              

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