III- Peça por dinheiro.

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07:35

"Bom dia Bonnie, esperei para não te ligar cedo, tava pensando que você poderia vir na igreja nos fazer companhia, todas as suas irmãs estarão presentes, sei que não gosta mas você anda precisando da palavra de Deus, não é normal ficar sozinha nesse apartamento enorme e eu nem sei o que anda fazendo da sua vida, pense bem é um pedido de sua mãe, bom domingo minha filha "

A caixa telefonica reproduz o recado de voz fazendo com que eu desperte, levanto a cabeça sem saber que dia é do mês, o meu cabelo está armado e eu nem consigo abrir os olhos, é um recado de minha mãe insistindo que eu vá para igreja com a família quem sabe assim eu tome um rumo, essa é a única esperança dela, as minhas quatro irmãs estão casadas e me presentearam com sobrinhos e eu sou a ovelhinha negra da casa, a que não casou, não deu continuação no legado da família, a que não tem um trabalho estável e naturalmente a que não tem coração.

Eu escuto isso de todos, mas não são todos que sabem quem eu sou verdadeiramente

- Poxa ainda é cedo pra cacete! - olho o relógio chocada com o fato que é sete e pouco da manhã, se minha mãe acha isso tarde o cedo dela seria quatro horas da manhã

Tento voltar a dormir mais o sol invade meu apartamento fico com preguiça de levantar e fechar a persiana, então eu levanto de vez e preparo meu café pois só assim aguentarei ficar em pé, penso no que minha mãe me diz sobre ir à igreja mas para mim não adiantaria, sei que ela está desse jeito desde que meu pai morreu e eu preciso ajudar ela à lidar com os fatos mas isso é natural da minha personalidade : não saber o que dizer em casos como esse, a morte é encarada de vários ângulos, eu enxergo de um jeito e minha mãe de outro.

Minhas irmãs ficaram com a maior parte da herança que meu pai mantinha, a mesma herança que ele guardou das fazendas do meu avô que nenhuma de nós sabia, muito menos minha mãe, a surpresa veio quando ele morreu e percebemos que a conta bancária dele estava bem recheada mas o que choca é o fato de que vivemos a vida inteira em uma vida de classe média baixa, o pai caminhoneiro dias e dias fora por um motivo que desconhecemos pois em via do dinheiro trabalhar era inútil , talvez ele queria nos ensinar o valor do dinheiro o quanto é necessário soar para ganhar, que não é todo dia que se recebe uma herança sobrando a opção de se trabalhar para se ter algo, a outra hipótese que levantamos é que meu pai deveria ter alguma richa com meu avô sendo assim ele não receberia aquele dinheiro nem por um decreto, vez ou outra ele pode ter deixado o dinheiro com medo do que o futuro reservaria para nós as garotinhas da vida dele, hipóteses e hipóteses sem fim que nunca terão uma resposta concreta já que nenhuma outra pessoa tem a capacidade de nós contar, só sobra meu pai e esse dorme um sono profundo à sete palmos do chão

Minhas irmãs tem filhos, casa e marido de modo que ganharam uma parte maior, eu e minha mãe dividimos o restante do dinheiro e cada uma ficou com uma propriedade, minha mãe permaneceu com a casa em que crescemos e eu fiquei com esse apartamento enorme, o testamento deixa claro que nosso avô morreu quando meu pai acabará de completar vinte anos e depois disso meu pai nunca mexeu com esse dinheiro, o dinheiro continuou alí imtacto , esse apartamento é uma propriedade antiga que meu avô comprou quando meu pai fez 17 anos pois vovô acreditava muito em seu potencial ,ele iria para faculdade e quando voltasse precisaria de um apartamento para viver, pena que as coisas nunca correram como o esperado. A primeira pessoa a viver aqui sou eu.

Peguei parte do meu dinheiro e reformei o apartamento por completo tudo conforme meu gosto baseado nas plantas que desenhei durante a vida, todos aqueles aplicativos 3D de decoração foram enfim úteis, passei de uma distração para a criação do meu apartamento, paredes abertas, banheiro com box e banheira, uma sala bem geek com uma parede de HQs e livros, as estantes lotadas de funko pops e a cozinha mais moderna e inox que conheço, o Batman no teto do meu quarto e luminárias de cristais pela casa, batmam mais real que ví, o pintor teve o trabalho de fazer tudo em detalhes à mão, detalhe por detalhe sem nenhum errinho, cores intercaladas pelos cômodos, um degradê clássico no quarto dos hóspedes e uma decoração de bom gosto, claro que estou me referindo à todo trabalho que tive para deixar tudo perfeito dos talheres até minha cama king sais daquelas que parecem de um rei, a qual eu não deixo que ninguém se deite, primeiro porque é minha cama e segundo porque eu não arrasto babacas para minha casa até porque eu não perco meu tempo com eles.

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