Até que eu poderia dizer que tive uma infância normal em um bairro normal de uma cidade completamente normal, porém não foi bem assim, minha infância foi repleta de dificuldades atrás de dificuldades, meus pais mais brigavam do que me davam atenção meu irmão mais velho saiu cedo de casa para servi as forças armadas do Brasil, onde infelizmente encontrou seu fim no cano de um fuzil, desde desse dia ou dois dias depois daquele maldito mensageiro chegar em casa com alquela maldita carta em mãos minha família que já não era normal foi piorando cada vez mais. O acidente que ocorreu a dois anos atrás não foi natural do tipo, ah o carro estava sem freio, ou se não ah o motorista vinha em alta velocidade e não viu o paredão, foi do tipo, o motorista vinha completamente alcoolizado e em alta velocidade e não viu a parede de concreto do quartel, onde felizmente somente o filho do casal saiu vivo de lá. E como eu desejei ter morrido naquele dia, ah só Deus sabe o tanto que eu queria ter morrido ali em um simples impacto e ter quebrado o meu pescoço, ah como eu pedi pra morrer ali que me deixassem queimar nas chamas daquele carro, depois daquilo eu tentei várias formas de suicídio, tentei me enforcar "a madeira quebrou", tentei morrer de overdose "vomitei pra caralho por dois dias", me joguei na frente de um carro "tive escoriações leves", então só aí nessa ultima tentativa eu percebi que não era a minha hora de morrer, então fiz o que achava que devia fazer, peguei minhas coisas juntei um dinheiro que tinha no banco comprei uma passagem pra longe do Brasil para esquecer tudo, aprendi inglês na marra, comecei a trabalhar para pagar umas aulas de inglês e alugar algum canto até arrumar uma faculdade de engenheiro civil que é minha vocação desde pequeno sou amante dos números exatos, venho perambulando pelos cantos da Dakota do Sul como um zumbi dias sim e dia não andei bêbado sem saber para onde ir ou o que estava ao menos fazendo, durante esse tempo que estou aqui tive várias recaídas onde uma delas cheguei a ter um início de coma alcoólico e novamente uma breve overdose onde eu realmente estava pronto para me entregar aos braços do ceifeiro, mas até de minha morte fui privado, conseguiram me reanimar e tudo mais. Fiquei naquele hospital vendo os mortos saírem dali vitoriosos onde enfim conseguiram sua então aclamada paz eterna. Como estava sem dinheiro para pagar a conta me ofereci para trabalhar lá com qualquer coisa, mas se me deixassem trabalhar na área de câncer ficaria muito grato com aquilo. Foi um choque para o administrador do hospital onde eu estava ele me olhou e me disse:
- Tenho que admitir você é louco garoto, porque diabos você quer trabalhar ali?
- Simpes Dr. Licon, ali eu estarei muito mais perto da mãe morte, onde posso fazer amigos e tornar a vivência deles aqui melhor com algumas piadas ou até mesmo com histórias de vida.Ele balança a cabeça em sinal de concordância, solto enfim o primeiro sorriso desde que cheguei ali, sigo o Dr. Até uma sala onde contém fardas do hospital e máscaras, pego uma calça tamnho 36, uma blusa G e um sapato 41 e começo a me vestir até ser interrompido por uma voz feminina que me dizia com uma voz doce:
- Ah senhor não se esqueça a sua máscara.
- Não necessito dessa porcaria. - fuzilo ela com um olhar furioso, mas ao mesmo tempo tímido.
- É para sua seguran...
- Já disse que não preciso, quer que eu desenhe? - a interrompo brutalmente me levantando e vou buscar um balde com um esfregão, parecia antigo e muito usado.
- Então está ok depois que pegar câncer não venha falar que foi culpa minha ou de Deus. - Ela se vira e começa a se retirar quando digo.
- Deus não terá culpa de meu câncer, ele só tem culpa de não ter deixado eu ter morrido naquele acidente, e os dias deles no trono estão contados minha cara amiga. - Rogo tais palavras me retirando em uma risada diabólica.Quando chego ao setor de câncer devia ser umas 22:00 hrs ainda tinha alguns pacientes acordados olhando para o teto esperando a morte chegar, me aproximo lentamente e assobiando uma canção antiga de ninar que minha mãe costumava cantar antes de me fazer dormi. Um dos pacientes a reconhece e continua no tom certo da música, "não era fácil para cantar assobiando em inglês eu mal sabia falar direito, até minha conversa com Dr. Licon foi difícil", quando a canção termina todos aplaudem e começam a rir e se olharem, talvez se perguntando quem seria o novo zelador, ou até mesmo reclamando dos meus assobios desafinados, até um quebrar as risadas, ele estava com aquelas roupas verdes que contém uma brecha atrás seus cabelos haviam sido cortados ou tinham caído por causa da quimioterapia seus olhos eram azuis e sua pele era branca com algumas manchas, talvez marca do sol e do trabalho árduo que teve quando era jovem ele aparentava ter aproximadamente uns 50 anos ou mais, ele pergunta:
- How are u?
- I new zelador. - pronunciei de um jeito mais fácil o possível de seu entendimento, porém foi em vão, pois veio outra saraivada de risadas que estava começando a me contagiar.
- Rapaz seu inglês é tão ruim quanto seu assobio. - Ele falou comigo em português.
- O senhor falar português? - Queria muito xingar aquele velho, porém me segurei ao máximo.
- Yes my son, quero dizer sim meu filho nasci no interior de BH e você é de onde filho?
- Senhor desculpe mas do Brasil não quero me lembrar nunca mais, eu morri lá e quero uma nova vida aqui. - abaixo minha cabeça para que ele não perceba meus olhos se encherem de lágrimas.
- Tudo bem filho e qual seria seu novo nome? - fico em silêncio contendo as lágrimas e ele me pergunta novamente. - E então filho o gato comeu sua língua?
- Não senhor, meu nome é... é... - paro alguns segundos e lembro de um livro que havia lido e torno a dizer. - Meu nome é Hide senhor Hide Moss, e qual seria o do senhor? -pergunto, mas estava torcendo para não dizer nada simplesmente trocasse de assunto.
- Nicolas, me chamo Nicolas meu filho e você tem um ótimo nome, o que você quis dizer que morreu no Brasil?Explico poucas coisas ao senhor que acabei de conhecer, me sentia um completo babaca, talvez eu fosse, mas eu estava torcendo para que o Sr. Nic saísse daquela e voltasse para o seio de sua família. Porém mais tarde a mãe morte o abraçou e o levou para os seus familiares, sinto um peso enorme nas costas como se eu tivesse morrido de novo naquele lugar. Com o decorrer dos dias e meses que passei ali fui aprendendo muitas coisas e o melhor fui melhorando o meu inglês e de brasileiro me tornei um inglês, de Diogo Moss me tornei Hide Moss. criei amizade com o Dr. Licon que me deixou morar em uma de suas casas e começou a pagar minha faculdade, ele me criava como um filho que nunca teve "literalmente o pobre coitado é estéril", aprendi e aperfeiçoei o inglês e comecei a aprender espanhol com ele, porém até isso eu não tive sorte em abril ele morreu atropelado por um bêbado enquanto voltava do trabalho e estava indo me visitar. E lá estava eu jogado na sarjeta novamente, minha felicidade era esvaziada a cada gota de chuva que caia em minha pele, mas o Dr. deixou uma carta dizendo que eu poderia continuar trabalhando no hospital e a casa era totalmente minha e ninguém poderia tirar de mim nem mesmo o banco. soltei um grunhido de felicidade entrei na casa todo ensopado gritando de alegria e o agradecendo e me sentei no chão...
- E é só até aí que consigo me lembrar succubus, por favor me deixe descansar um pouco não aguento mais, já é a terceira noite que você vem aqui querendo detalhes da minha vida.
- Cale a boca, vocês estão ficando sem tempo, vamos force esses malditos neurônios. Você só tem mais dois dias Hide, o teu fim está próximo, leia as cartas que deixei, e se force até amanhã se não eu terei que fazer da pior maneira para que você se lembre até o dia do seu acidente, te peço só que se lembre de dois anos atrás só isso.
- Desculpa Succubus, mas eu não consigo eu tenho pesadelos após relembrar tudo isso.
- Me conte esses pesadelos, vamos rápido Hide.
- Tá bom, mas me prometa que vai me deixar descansar um pouco depois disso.
- Não prometo nada, fale logo.*PESADELOS*
Estou acorrentado a uma cadeira presa ao chão de concreto bruto, estou vestindo somente uma bermuda, pois a camiseta que usava fora rasgada com as chicotadas que foram deferidas contra meu tronco e braços, a sangue escorrendo por cada parte de meu corpo, sinto dor até mesmo em respirar, sinto que aquilo ali era somente um sonho, mas estava começando a dúvidar no momento em que meu torturador particular chegou próximo ao meu ouvido eu podia ouvir a respiração quente dele próximo de meu pescoço a voz dele estava animada parecia que ele estava excitado em fazer aquilo ele me pergunta com uma voz calma:
- com quantas putas são necessárias para ter o real prazer da vida?
- Não sei, talvez uma, ah ja sei sua mãe pode ser a sua resposta. - Solto uma risada e sinto uma lâmina fria percorrendo minhas costas nuas.
- resposta errada rapazinho, resposta errada.Sinto minhas costas sendo cortadas com aquela lâmina, ele vinha me torturando desde muito tempo, eu já havia perdido a noção do tempo e o controle das respostas fazia piadas com a mãe dele mas nunca respondia a pergunta principal "O QUE ACONTECEU NO DIA 22/04/2017?" Eu não respondia porque eu não sabia, eu só não respondia por medo.
*ATUALMENTE*
- E isso se repete em todos os sonhos.
- E o que tem esse dia em tão especial?
- Foi quando meus pais morreram e também é a data da morte do meu irmão mais velho.
- É isto. Obrigado Hide.
- Ah de nada?
Após ele sumir pego as cartas e começo a ler.
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Batalha entre o céu e o inferno
Mystery / ThrillerHide é um jovem de 18 anos que foi tentar fazer uma nova vida em uma cidade pacata na Dakota do Sul, porém tudo começa a dar errado um certo dia.