Meu Purgatório

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Fico completamente sem reação por conta daquela situação, Miguel o 2° arcanjo mais forte do céu, alguém que perderia apenas para Gabriel que acabara por se tornar o braço direito de Deus após a ascensão de Lúcifer ao inferno juntamente com um terço do céu. Por estar perplexo eu ainda não sabia exatamente o que dizer a ele, eu apenas o fitava e pensava que mesmo com as palavras ditas pelo proprio eu ainda não podia confiar nele, mesmo sendo um arcanjo do céu. Enquanto ainda penso eu ofito em seus belos olhos azuis claros com o céu sem nuvens, mas aquela forma angelical e misteriosa não é a única coisa que me aflige e por conta disso eu faço uma pergunta para encerrar minhas dúvidas de uma vez por todas: - Por que pegaste-me antes mesmo de chegar a meu destino? Eu não entendo seus motivos. – continuo olhando para ele com certa duvida, tentando o máximo possível disfarçar a mesma para continuar um passo a frente da situação e discussão. - Se tu puderes esperar mais um pouco te levo ao local exato e apenas lá todas as suas curiosidades e perguntas serão respondidas perfeitamente pelo nosso senhor D. Seja paciente, e só então terá o que queres.– Ele fala com uma voz mansa e calorosa, muito similar a voz de Lúcifer. Embora não passe o mesmo impacto feroz e perigoso do mesmo. - Diga-me apenas uma coisa antes de continuar nossa viagem, meus pais eles... Eles estão no céu? – Ao perguntar, sinto que meu corpo começa a estremecer completamente e então sinto meu rosto esquentado aos poucos, como se um leve rubro tomasse conta do mesmo. - Peço que recorde o que eu havia lhe dito a pouco tempo, e peço que entenda que agora tudo depende de sua própria paciência e confiança. – Ele abre um sorriso em seu rosto e continua o seu voo até aos portões dourados da cidadela de prata. Ao adentrar, vejo que a cidadela está completamente um caos, visto que vários anjos com auréolas corriam sem parar de um lado para o outro como formigas sem antenas, além de pessoas que já haviam morrido há muito tempo e por ter feito grandes feitos para o bem e humanidade ainda sim estavam lá com uma face completamente horrorizada por minha presença e por conta da atual situação, meus pensamentos haviam mudado e agora o que assolava a minha mente era sobre o motivo de me olharem assim, "será que eles sabem que fui eu quem libertou Lúcifer de seu castigo eterno de chamas?", meus pensamentos logo mudam por eu sentir um leve peso sob meu ombro, meu corpo paralisa por um momento, sinto algo tão caloroso quanto o ar passado pelos anjos e percebo que os olhares daqueles que me encaravam agora haviam sido direcionados para um pouco atrás de mim, junto de suas expressões que foram de raiva para surpresa, então sem pensar vou movendo minha cabeça, seguida dos ombros e depois do resto do corpo até conseguir me virar o suficiente e ver aquilo que já era capaz de responder uma de minhas dúvidas sem que qualquer palavra saísse da boca de qualquer ser, o que eu vejo? Vejo duas pessoa com asas e auréola acompanhadas de um anjo. Não os conheço, mas sinto pelo olhar deles que me conhecem... E sinto como se fossem mais do que familiares para mim, pois a dor e conforto que sinto ao vê-los é a mesma de quando recuperei minhas memórias, mesmo que as mesmas ainda estejam confusas em minha cabeça... Eu tenho quase certeza que esses dois são "eles"! Mas só há uma forma de descobrir. -Mãe? Pai? -Eu olhava e a cada olhada em seus rostos os fragmentos espalhados em minha cabeça se juntavam e revelavam de uma vez por todas aquelas memórias quebradas. -Diogo... Meu filho... - Aquela voz reconfortante e suave, tão quente e confortável quanto o seu colo. Aquela era definitivamente sua mãe e ao lado estava seu pai. Simone e Maicon estavam no céu e um grande aperto veio no coração de Diogo ao perceber que depois de tanto tempo sem ver os mesmos ele teria a oportunidade de estar cara a cara logo após recobrar suas memórias. Diogo continuava parado diante deles enquanto seus olhos continuavam a se encher de lágrimas, mas diferente das outras vezes... Agora eram lágrimas de alegria e conforto, rever seus pais depois de tudo era um choque para ele, a sua vontade de se aproximar e tocar nos mesmos era grande mas ainda sim ele não tinha forças para sair do local, até que a atitude fora tomada pelos dois e então lá estavam os três se envolvendo num longo e caloroso abraço. - Por favor, não me toquem... Eu sou impuro! - Falava enquanto se afastava e começava a olhar bem no fundo dos olhos de seus pais. - Se alguém tivesse que dizer isso, seríamos nós meu filho. - Maicon falava enquanto colocava sua mão esquerda sob o ombro de seu filho. -É como ele disse, nós erramos muito enquanto estávamos vivos... Com o Lucas e com você... Nós somos os culpados por tudo... Sabemos como você se sentia, que você se sentia excluído e sem amor. E esse foi nosso maior erro. Mas saiba que nós nunca deixamos de amar nem você ou seu irmão. Nos perdoe meu filho. - Por muito tempo ele havia se tornado outra pessoa, em sua nova persona ele viveu e aprendeu, mas depois dos últimos acontecimentos ele finalmente havia se encontrado. Não só havia se encontrado como Diogo mas também algo que a muito achava que tinha perdido, o amor de seus pais era algo que nunca deixara de existir. Mas agora outra dúvida havia adentrado sua mente, o que havia acontecido com seu irmão? -Lucas? O que aconteceu com ele? - Diogo falava enquanto encarava seus pais a espera de resposta, os dois se entreolharam e se preparavam para começar a falar até que foram interrompidos por Miguel. -Seu irmão não está aqui, o mesmo fora condenado ao inferno por conta de seus atos... Ele teve sua chance mas não a acolheu, diferente de ti Hide... Ou melhor, Diogo! Venha, não temos muito tempo. Eu lhe asseguro que ainda terás sua chance e respostas, mas para isso precisamos partir agora... Então peço que se despeça de seus pais. Ao ouvir as palavras de Miguel, aquele sentimento causado pelo reencontro acabara por se apagar e uma preocupação maior tomava seu lugar. A despedida foi injusta, ele mal havia passado tempo com seus pais mas também entendia que o tempo era curto e que logo teria que tomar sua decisão final. Aquele momento final se aproximava, assim como Diogo de seu destino imposto pelo arcanjo, ele estava prestes a ficar cara a cara com Deus.

Batalha entre o céu e o infernoOnde histórias criam vida. Descubra agora