Após ela ter dito, fico completamente sem palavras, sem reação e muito menos com vontade de viver, a unica coisa que fiz foi baixar a cabeça e conter as lagrimas que começavam a sair de meus olhos castanhos, sinto a mão de Scar em meu ombro, ela me olha com um olhar de tristeza e pena de mim e fala:
- Hide, não sei o que posso lhe dizer nesse momento, não o conheço muito bem, e não sei o que passa por sua mente nesse exato momento, mas se quiser falar comigo não se segure pode chorar, berrar, faça o que bem entender, mas não contenha isso que sente. O modo que ela pronuncia tais palavras soa de um jeito meigo e eu sei que ela tenta me consolar nesse momento, porém.
- Quero ficar sozinho me deixe aqui, saia por favor Scar não quero lhe machucar. Recito tais palavras com ódio que faz ela tremer.
Após de ter dito tais palavras ela se afasta e vai para outro cômodo da casa me deixando em minha solidão e silêncio que preciso, alguns minutos mais tarde sinto um peso enorme em minha cabeça a forçando para baixo, não tento lutar para que ela permaneça erguida, acabo deitando-me no sofá e ouvindo rezas que um dia já me fez feliz, mas hoje em dia só me traz ódio e desespero, ouço meus pais me dizendo que uma perda de alguém próximo só nos fortalece em todos os aspectos, e serve para nos preparar para um futuro só, começo a dormir mesmo que eu não queira, mas existe uma força maior me obrigando a dormir.
Logo após pegar no sono, começo a sonhar que estou em algum lugar onde contém água, pois sinto aos meus pés descalços algo molhado, está completamente escuro não consigo ver nada em minha frente, ouço minha própria respiração, por algum motivo ela está ofegante, como se estivesse corrido por horas incontáveis, tento me mover, mas qualquer movimento que eu fizesse era em vão, então decidir ficar ali parado esperando por algo, depois de minutos incontáveis começo a ouvir gritos de dor, pedidos de ajuda, logo começo a pensar "puta merda, será que enfim morri e fui para o inferno o meu local que fui designado quando morresse?", mas sou removido do pensamento abruptamente quando um ser estranho de asas queimadas de aspectos negras e brilhantes aparece em minha frente com um chicote em sua mão me perguntando:
- Então é vós o ser que o Mr. L quer tanto possuir? - Ele solta uma risada estridente e psicótica e continua a dizer. - Pensavas que eras maior e mais destemidos, pois até Succubus tenta-lhe ajudar.
- E vós seres quem? - Pergunto um tanto excitado pela ocasião.
- Me poupe de perguntas fúteis caro Hide. - Outra risada psicótica e estridente, mas por algum motivo ele fica sério e me fala. - Então, o que faz aqui em meu mundo?
- Se tu que moras aqui não sabes, imagina um mortal de merda que nem eu. - Respondo em tom de deboche.
- Cala-te, mortal. - Ele se vira e começa a gritar, provavelmente em latim, ou seria hebraico antigo, para ser sincero não sei diferenciar.
- Dá pra fazer o favor de parar de gritar porra, meus ouvidos não são pinico para você ficar gritando em uma língua que não conheço, mas que porra e faça o favor de me tirar daqui e me mandar ao mundo dos humanos ou seja o que for aquela merda, ainda tenho assuntos a resolver lá em cima ou... porra só me tire daqui, e diga ao vosso mestre que se queres me possuir ele terá que lutar, pois não irei me entregar ao um ser inútil que foi expulso do céu por querer ser mais forte que aquele asno de Deus. - Rogo tais palavras em tom de ódio puro.
- Olha só o cachorrinho sabe palavras longas com pronuncias desnecessárias, primeiramente o meu Mestre ele não foi expulso por querer ser o mais forte, ele foi expulso por amar vocês mais do que Deus, outra ele não precisará lutar contra vós, tu virás atrás dele, já que queres voltar tanto ao teu mundo de merda, lhe deixarei ir, porém com uma condição mero humano, tu terás minha marca em vossa mão esquerda, e em sua testa terás a marca de meu mestre.
Após ter dito isso sinto meu corpo pesado, tento me mover, porém não consigo, vejo o ser puxando algum tipo de aço com um cabo longo, provavelmente é algum tipo de instrumento de tortura, sinto meu braço esquerdo se levantar involuntariamente, ele ateia fogo no instrumento deixando tão quente que podia ver o tipo de aço se avermelhar, após isso ele pressiona contra o dorso de minha mão, solto vários grunhidos de dor sinto minha pele queimar lanço vários palavrões, mas todos em vão, ele larga o instrumento, e pega outro instrumento, dessa vez ele tem um formato diferenciado, contém símbolos que já havia visto em algum lugar, mas não me recordava de onde, ele começa a se aproximar de meu rosto com o instrumento, porém antes mesmo que ele pudesse pressionar contra minha testa vejo um ser completamente destruído, como se as chamas daquele lugar tivesse o afetado tanto quanto um tiro de um revolver calibre .48, ele pronuncia palavras que não pude compreender, pois fora tão rápido a pronuncia e tão forte que me fez acordar, eu estava em um cômodo diferente de onde havia deitado, estava em uma cama de aspecto antigo, com quadros cobertos, ouço um suspiro de alívio ao meu lado, quando olho para ver de onde vinha tal suspiro vejo Scar ao meu lado, quase aos prantos, após me ver ela diz:
- Hide, ainda bem que vo... - Ela se contém ao ver um vulto passar pela porta onde ela havia fechado e parar do outro lado da cama onde eu estava deitado.
- Ainda bem o que Scar? - Indago curioso, mas sinto uma sensação estranha e nem um pouco convidativa do outro lado, me recuso a olhar o que seria aquela sensação, porém sou obrigado a me virar quando ouço meu nome, era uma voz que eu não ouvia a muito tempo desde o colegial, desde minha antiga vida no Brasil.
- Hide, o que diabos você está fazendo aqui? - Ela tem um sotaque de caipira, ela pronuncia tais palavras em português.
- Lhe pergunto a mesma coisa, como que caralho você me achou? - Respondo em um tom de ignorância, sinto uma pontada em meu estomago, como se eu tivesse levado um soco.
- Essa... ela me ligou disse que você estava me chamando, que queria me ver antes que acontecesse algo com todos que você ama. - Vejo seus olhos se avermelharem como se fosse chorar.
- Nunca que eu te chamaria Sra. Engel, você seria a ultima pessoa que eu queria ver mesmo que se minha vida dependesse disso, Tu sabe que eu lhe odeio por tudo o que fez comigo, o que tu me tornou, eu a odeio com todas as minhas forças. - Profiro com ódio, meus olhos começam a ficar vermelhos e a primeira lagrima escorre por minha face fazendo lembrar-me de meu sonho.
A Sra. Engel tem aproximadamente 1m e 65cm, tem cabelos loiros longos até a cintura, ela consegue ser mais branca do que eu, ela nasceu no interior do Paraná, estudou no mesmo colégio que eu.
Começo a olhar o torso de minha mão esquerda, não vejo nenhuma marca ou algo do gênero nela, mas quando a toco sinto uma dor de queimadura de segundo grau, tento me lembrar o máximo o possível do ocorrido em meu sonho, ou talvez eu realmente tenha morrido por algumas horas, mas me surpreendo ao perguntar a Scar por quanto tempo eu fiquei apagado e ela me responde:
- Hide hoje iria completar uma semana que você está completamente apagado, as únicas coisas que você me dizia era, "ligue para Anne, por favor antes que seja tarde de mais" ou então "porra, me tire daqui tu não és de nada seu filho da..." - A interrompo antes que concluísse.
- Ok, isso foi estranho, mas como que vim parar nesse quarto cheio de quadros? - Continuo a ignorar a Anne mesmo sabendo que ela estava ao meu lado, torno a conversar com Scar falando em inglês, mesmo sabendo que Anne também falava.
- Bom, é até engraçado dizer isso, uma pessoa que ia passando na rua ouviu meus gritos de desespero, ela bateu em minha porta e eu pedi que me ajudasse a trazer você para o quarto. - ela se contém em dizer de quem era o quarto.
Converso por alguns minutos com Scar e fico ignorando completamente a presença de Anne, mas sinto uma presença sombria nos ouvindo do outro lado da porta, peço que me ajudem a sentar e depois peço para que se retirem por alguns minutos pois queria ficar sozinho, prometi a Scar que não iria dar outro piripaque, ela aceita e se retira puxando a Sra. Engel pelo braço, após saírem, vejo Succubus em minha frente rindo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Batalha entre o céu e o inferno
Bí ẩn / Giật gânHide é um jovem de 18 anos que foi tentar fazer uma nova vida em uma cidade pacata na Dakota do Sul, porém tudo começa a dar errado um certo dia.