Reasons to Stay

28

O rigoroso inverno finalmente chegara trazendo consigo o dia que ocorreria a tão esperada viagem. Lentamente os dias caminharam para aqueles que ansiosamente esperavam. A grande maioria dos alunos haviam se despedido de seus receptivos colegas, estes que não terão a oportunidade de presenciar a inusitada viagem. Talvez, assim levariam mais a sério o ano seguinte podendo receber a chance dos de mais. Isto que de fato parecia injusto para Camila.

A neblina enfeita a rua, gramas. O asfalto recebia pequenas gotas de chuva, sendo perfeitamente refletido pelas luzes amareladas dos postes. Deixando a vista completamente admirável.

Apenas um chuvisco.

Era sexta-feira. Os diretores cuidavam da burocracia com a única van que levaria os alunos. Poucos alunos, o que deixaram todos muito surpresos uma vez que haviam milhares de alunos no colégio, e menos de vinte e cinco por cento compareceria.

Cinco professores se encarregariam de cuidar seriamente de cada aluno, sendo cada instrutor com um grupo de cinco pessoas. Este fora o acordo devidamente e cuidadosamente combinado, para que nenhum professor fique impossibilitado de descuidar de algum. Tudo perfeitamente planejado dentro das condições de cada professor.

Camila mal podia acreditar que finalmente chegara o grande dia. Ansiedade lhe tomara por cada parte de seu corpo. A garota gostava da ideia de viajar e conhecer novos lugares, seus pensamentos rodeavam somente nisso. Sendo assim ainda não se passou por sua mente o receio de ficar sozinha no meio de várias pessoas desconhecidas.

Arrumou alguns pares de roupas em sua mochila, o que julgara ser necessário nesses dois dias longe de casa. Deixou seu quarto em perfeitas condições, sua cama sem nenhuma bagunça. Fez questão de guardar seu celular contigo para não deixá-lo em casa antes mesmo de sair.

Como estava de noite Alejandro a levaria pela primeira em sua escola. Sinuhe estava trancada no quarto, ela sabia que Camila viajaria, mas não fez questão de se despedir de sua filha. Camila não pode se importar menos com o descaso.

Vestiu-se com duas calças, sendo a de baixo a cinza do Pernalonga, e sua blusa rosa de frio favorita. Estava aquecida e confortável, perfeitamente pronta para viajar tranquilamente nesse frio.

Preferiu prestar toda a sua atenção nas casas que se passavam rapidamente enquanto Alejandro dirigia.

"Pegou seu chapéu, Camila?" o homem de aparência cansada lhe perguntou de súbito. Parecia sem jeito, mal conseguia conversar com a sua própria filha. Se sentia patético.

"Pra que?" lhe direcionou um olhar desentendido diante a pergunta inusitada e sem cabimento.

"Para se proteger do sol?"

"Mas que sol? Ta chovendo, pai."

O homem ficou envergonhado. Ultimamente andava tão disperso.

"Mas talvez faça sol, o tempo aqui é muito esquisito."

"É... talvez. Mas não trouxe o meu chapéu, e agora?"

"Você pode usar a touca da sua blusa favorita."

Camila olhou para a sua própria vestimenta, notou a sua desgastada blusa rosa e se sentiu feliz. Seu pai sabia que aquele pano velho, palavras de sua querida mãe, era o seu predileto.

"É verdade, pai. Obrigada. Eu espero que pelo menos diminua a chuva, quero explorar alguns lugares. Não vou nessa viagem pra ficar parada, mesmo que eu seja tremendamente sedentária."

Alejandro pode sentir seus lábios se curvarem em um sorriso.

"Só tome cuidado, não se separe da sua professora." o homem sabia que Camila ficaria sobre supervisão de um professor, estava escrito no papel que ela levara a ele para assinar.