CAPÍTULO 3

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Lilian saiu radiante de dentro do salão acompanhada por Pedro, seu mais novo parceiro.

Vendo minha amiga, a ideia de achar minha parceria ainda hoje, me animava um pouco. Talvez algo parecido com o que aconteceu com Lil, quem sabe?

Não prestei mais atenção ao ritual, deixando minha mente vagar por um quase conto de fadas que logo montei em minha cabeça.

Quando percebi já estávamos lá pelo vigésimo nome e toda a tensão do lugar pareceu se intensificar, já que alguns descobriram que não teriam parceria e outros saíram do salão com o semblante sonhador, acredito eu, imaginando em que momento encontrariam sua outra metade. Foram poucos que tiveram o encontro de almas.

O número de pessoas no salão diminuía devagar, mas sei que alguns ainda haviam ficado para esperar a resposta da pessoa que a sacerdotisa acabara de chamar: Daisy Castellani.

A ruiva caminhava para o palco com um enorme sorriso, quase de orelha a orelha. Ela andava como se fosse a dona de tudo e subiu as poucas escadas em uma naturalidade única.

Para mim, ela já tinha dentro de si a resposta.

A sacerdotisa fez com Daisy os mesmos procedimentos que havia feito com Lilian - e todos os outros - a faixa foi amarrada à mão que segurava o pulso, as palavras foram proferidas e logo as cinzas apareceram, senti meu corpo pesar com o silêncio que reinava no momento.

Como Daisy era cotada para a realeza, sua marca seria mostrada a todos, diferente de como havia sido até o momento. A marca é algo único e pessoal, apesar de ser feito em frente a uma plateia, não é costume mostra-la a todo mundo.

A dois anos, quando o príncipe teve seu ritual, a marca que apareceu em seu pulso foi uma estrela pela metade. Todos acharam aquilo estranho, pois marcas nunca vinham pela metade, somente eram iguais nos parceiros.

Depois de um tempo, os sacerdotes apareceram para o público dizendo que a marca do príncipe demonstrava grandes realizações em conjunto. Ele e a sua futura parceira seriam mais ligados do qualquer um já teria sido e, somente em sintonia, conseguiriam se manter de pé diante das provações que o Destino colocaria para eles.

Parecia que todos seguravam a respiração enquanto a sacerdotisa retirava a mão de sobre o pulso de Daisy e o virava em direção as pessoas ali. Pela distância eu não conseguia enxergar direito o que estava lá, mas tenho certeza de que não era uma meia estrela.

O rosto de Daisy ficou pálido de repente. Vi seus pais se aproximarem dela e a acompanharem para fora do palco com um pouco de ajuda enquanto as lágrimas da ruiva já desciam sem ela impedir. E logo os burburinhos começaram.

Mais um ano sem a próxima rainha. As esperanças agora iriam para Iasmin, a irmã mais nova de Daisy, que iria começar o internato no ano seguinte. E se fosse ela, a parceira do príncipe só surgiria após ele assumir a coroa o que, pelo que eu havia entendido pelas minhas aulas, preocupava o país, já que não era comum um rei assumir o trono sozinho, tendo acontecido somente uma vez desde o fim da guerra.

Ouvi um leve soluço vindo da direção da ruiva que agora estava no fim do corredor, quase na porta. Mas o que surpreendeu a todos foi o príncipe levantar do lugar, nós levantamos junto e nos curvamos em direção a ele, enquanto o víamos seguir o mesmo caminho que Daisy acabara de fazer.

A animação e alívio era visível. Ele nem chegou perto de disfarçar.

- Serena Collins!

Me sobressaltei com a voz do sacerdote ecoando pelo salão e, acabei não entendendo que estava sendo chamada, para mim, ele estava chamando minha atenção, talvez por ter analisado demais o príncipe.

Destinados (Hiatus)Onde histórias criam vida. Descubra agora