CAPÍTULO 8

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O domingo chegou com uma bela dor de cabeça, enquanto meu corpo parecia uma pedra de uma tonelada sobre a cama.

Nem meu mindinho se movia sem que eu gemesse de dor.

Não demorou para eu ver o rosto de minha mãe na porta. Ela entrou devagar e me ajudou a ficar sentada, me entregando dois comprimidos e um copo de água.

- Ainda vai ter muitos dias assim até se acostumar. - Ela disse e beijou de leve minha testa. - Com fome?

Neguei com a cabeça e engoli o remédio deixando a água ajudar. Respirei fundo e voltei a deitar meio trêmula.

- Eles contaram sobre o curso?

- Sim. - Minha mãe deixava o copo sobre meu criado mudo e se ajeitava na minha cama, puxando minha cabeça sobre uma almofada que ela havia colocado em seu colo. - A rainha me enviou uma mensagem avisando a decisão deles. Ela me disse por cima como seriam as coisas até você se acostumar com o treinamento. - Fechei meus olhos, sentindo agora o leve carinho de minha mãe. - Você está bem Serena? Não digo sobre seu físico.

Voltei a abrir meus olhos. Dona Miriá me fitava com preocupação aparente.

Durante minha vida, dificilmente fiquei de cama ou com qualquer problema maior do que uma dificuldade em alguma matéria. Mesmo assim minha mãe sempre arranjou um jeito para se aproximar, para estar junto de mim e de meus irmãos. Era como se tentasse dizer, do jeito dela, que podíamos confiar nela para qualquer coisa e ela estaria ali. Para seus filhos, sua família.

Sorri com a leve lembrança de todas as conversas que já tivemos.

- Estou bem mãe. Ainda tenho medo, mas devagar eu e Artur estamos nos entendendo.

- Ele é uma boa pessoa Serena. - Ela sorria. - Fiquei preocupada quando nos disse que não possuía uma parceria. Não porque é ruim não ter a marca, mas porque você não é como os que conheço. Você é um pouco fechada e eu queria que encontrasse alguém para estar contigo.

- Conhece muitos que não possuem marcas? - A fitei por um instante.

- Alguns. Eles trabalham comigo, mas todos são comprometidos. Acho lindo o fato de serem tão abertos às diferenças já que o Destino os fez diferente. - Ela ri baixinho.

- Acho que só conheci o diretor.

- Ah sim, nós o conhecemos. O marido dele também é uma ótima pessoa. Se combinam.

- Como é mãe? Como é se entregar a parceria? - Sentei devagar na cama e me virei de frente para ela, aguardando.

- Acho que é libertador. - Ela sorria, sem jeito. - Seu pai e eu nos formamos juntos, já tínhamos uma amizade. Eu me assustei quando vi que era ele, fiquei com medo também. Não queria que estragasse aquilo que tínhamos. - Ela suspirou e me olhou diretamente nos olhos. - Mas achei libertador quando decidi aceitar tudo o que a parceria causava. Ainda nos conhecemos um tempo antes de ficarmos juntos, mas eu sabia que podia contar com ele.

Assenti sorrindo. Assumo que já tinha ouvido a história dos meus pais, mas não de uma maneira íntima como aquela.

A euforia de Samuel ao entrar no meu quarto assustou a nós duas. Ele nem bateu na porta e veio como um furacão, meio surpreso, meio irritado, meio chateado e por fim, meio feliz.

Eu e minha mãe nos entreolhamos enquanto meu irmão retomava o fôlego.

- Você é a princesa Nena. - Ele dizia quase em sussurro ainda tentando deixar a respiração normal.

Arregalei meus olhos e fitei minha mãe. Ela estava igual.

- Co...como? - Voltei a olhar meu irmão.

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⏰ Última atualização: Jan 26, 2019 ⏰

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