IIXX- (re)Nascimento

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Quanto mais eu apresso o passo e aproximo a mão da bolsa em busca do spray, ele chegava mais perto, até que ele simplesmente começa a correr e me segura pelo braço. Não encontrei meu spray, só a adaga, e como um reflexo, apunhalo no homem, sem nem sequer saber quem ele é. Tiro o capuz.

Não...

Não é possível...

***************

Um turbilhão de coisas passam em minha mente.

Flashback on*

- Siga seus instintos. Siga a música. Siga seu coração.

-Meu coração?

- Ele tem pureza o suficiente - ele me da uma adaga azul e brilhante - para fazer o que for preciso.

- Como assim? O que for preciso? O que farei com isso?

-Mate-o.

Flashback off*

Pai? Ele não estava preso? Seria ele quem eu deveria ter matado? O monstro que, literalmente, iniciou e acabou com a minha vida?

-Você realmente é uma inútil. - ele fala psicoticamente. A raiva ferve por minhas veias e involuntariamente, mas gratificantemente, retiro a adaga e o apunhalo novamente.

- Não tanto quanto vermes como você. - dou mais uma apunhalada ainda mais fundo. 1, 2, 3, 4, 5, 6... o apunha-lo mais vezes do que poderiq contar. A adrenalina à mil, a satisfação ao sentir que enviaria aquela alma podre pra onde nunca deveria ter saído.

Retiro a adaga que, ainda brilha, quente do sangue carmesim. Sinto minha pupila dilatar. Caio de joelhos junto à ele. Meu coração tão desparado quanto quando conheci Michael naquela minha primeira noite em Neverland. A culpa repentina toma conta do meu corpo, apesar de finalmente ter minha vingança. Meus olhos embaçam em lágrimas quentes que descem incondicionalmente por meu rosto. Minhas roupas e mãos sujas pelo sangue do escroto. Querendo ou não, ele ainda é pai.

-Pessoa errada, porém certa. - uma voz estranhamente familiar fala. -agora que está feito, lide com as responsabilidades da morte de seu pai, Marilyn.

-Quem é você? - pergunto confusa

-Nos encontramos em seus sonhos. - ele fala numa normalidade estranha. Olho para os lados os lados procurando pela voz. Não a encontro, mas um carro vem em minha direção e para ao meu lado. Ai, que merda...

-Marilyn?! - Ouço uma voz maculina suave ecoar logo após a porta do carro ser fechada com tudo. A luz me incapacitava de ver seu rosto, mas tinha certeza de quem era. O rosto de Michael se revela por entre a luz e corre em minha direção. - Oh meu Deus, Marilyn... o que você fez?

-Comparando ao que ele me fez, nada demais. - falo retirando a adaga sem mais remorso algum. Eu realmente me sentia bem ao saber que o homem que havia acabado com a minha infância acabara de perecer em minhas mãos... que sua alma sofra eternamente na camada mais profunda do inferno. Olho para Michael que me olha fixamente ajoelhado ao meu lado.

-Ele... ele quem você deve ficar... você sabe a quem deve realmente matar. - a voz fala novamente. Sinto a adaga que, antes quente, agora se encontrava extremamente fria, com o sangue congelado ao seu redor. Enquanto Michael estava parado sem reação alguma, eu observava meu pai sendo engolido pelas trevas, tecnicamente, já que eu havia o matado... não... ele havia me matado algo dentro de mim antes.

Olho para baixo. Havia se passado tanto tempo que não havia percebido o quão difícil estava me manter de pé, já que minha barriga havia crescido muito. Dou um sorriso de canto.

-Sério? Sorrindo uma hora dessas? - Michael pergunta de uma maneira cômica, porém assustada - Você é algum tipo de psicopata? - Não dou ouvidos. Me levanto e começo a arrastar o corpo para fora da estrada, onde havia uma floresta extremamente densa. - Ah não... eu não acredito que eu vou fazer isso...

Ele vem em minha direção, me afasta do corpo e sem dificuldade alguma leva o corpo até a floresta, onde cobrimos o corpo com galhos e folhas até estar completamente tapado. Sinto um pontapé em minha barriga. Dou um sorriso largo logo após de um suspiro. Nunca havia parado para sentir o bebê chutar, ainda mais com tanta força. Uma dor estranha se alastrou por em meu corpo, me sentindo extremamente desconfortável.

-Pronto baby, vamos que eu tenho que conversar com você. - ele me dá um sorriso de lado ao perceber que me chamou de baby. Encarou o chão e eu em seguida, apontando pro carro com a cabeça. Sorrio sem dentes e vou em direção do mesmo. Algo escorre pelas minhas pernas, ao mesmo tempo que Michael olha para baixo. - sério mesmo? O bebê ta apertando tanto tua bexiga que não consegue nem segurar o mijo? - pergunta ele divertido.

Foi então que a ficha caiu: minha bolsa havia estourado e as dores e espasmo que senti eram contrações fracas.

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⏰ Última atualização: Oct 29, 2019 ⏰

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Meia-Noite em Neverland 《hiatus》Onde histórias criam vida. Descubra agora