Sempre haverá Paris

Conhecendo o Diabo

Estava terminando de ler,  um livro de Hannah Arendt. Quando o sino da porta toca, anunciando que alguém havia chegado, desencosto do balcão, passo as mãos por meus cabelos e franzo a testa ao ver quem era.
- Nigel?

- Andy...

Ao terminar de me falar, não consigo evitar de rir, chegando até chorar só podia ser uma piada.
- Eu modelo? Isso é uma pegadinha né?
- Não! Você tem uma graça, elegância escondida por ai, apesar dessas roupas, posso te transformar em uma modelo, mesmo que seu corpo não seja de uma modelo.
- Obrigada.? Mas eu não tenho interesse nenhum nisso, eu quero ser jornalista e não modelo.
- Andy, Paris vai estar lotada de escritores, editores e também seu queridinho, Christian Thompson.
- Eu apenas uma fã do trabalho dele, mas me encontrar e conhecer editores pode ser bom pra mim...

Cerca de meia hora depois estávamos entrando em, Runway. As pessoas me olhavam como se fosse algum animal exótico, entramos por uma porta de vidro, uma mulher dos cabelos prateados me olhando, aquele olhar parecia que iria me derreter.

- Você não tem estilo ou senso de moda. – Ela me disse em um tom gélido.

- Bem... eu.

- Não, não isso não é uma pergunta.
Abro a boca e a fecho diversas vezes, meu sangue estava fervendo, essa mulher era o diabo.
- Tudo bem, Acha que minhas roupas são medonhas. Entendi. Mas não lidarei com moda para sempre então, por que mudar só por causa desse projeto de vocês ?
- Acha que isso não tem nada a ver com você. Você vai até o guarda-roupa e escolhe esse suéter azul folgado para dizer ao mundo que se leva muito a sério para se importar com o que veste.
Minha vontade era de sair daquele escritório, aquela mulher em questão de minutos me deixou mais estressada do que em toda minha vida. Estávamos de frente uma para a outra, ela me media de cima a baixo.
- Senhoras...