Cap. 7

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Hoje a manhã foi diferente.

Jimin acordou mais cedo que Jungkook e dessa vez, foi o moreno que recebeu café na cama, o que o deixou surpreso e feliz.

O casal exalava felicidade com ás lembranças feitas ontem naquele quarto.

-Amor, eu vou tomar um banho ok? - Jimin se pronunciou andando até o banheiro.

Jimin foi até o banheiro para se lavar e viu uma coisa que não queria ver; seu cabelo estava caindo.

Colocou a mão pela cabeça e poucos tufos caíram de si. 

Estava acontecendo...

Pegou uma touca para Jungkook não desconfiar e colocou. 

Jimin tinha noção que faltavam poucos dias - para ser exata, faltavam 3 dias - para sua morte. E ele nem havia pensado em como iria aproveitar com Jungkook. 

O medo de deixar seu amado o dominou e seus olhos encheram de água, fazendo com que o menor chorasse ali no chão do banheiro, sozinho e encolhido na tentativa de seu namorado não escutar.

[...]

A tarde estava começando e o casal decidiu ir ao cinema ver alguma coisa. Jungkook nem queria, mas Jimin o arrastou mesmo assim. Se o moreno soubesse que em menos de 3 dias deixaria de ver seu loirinho pra sempre...

O filme começou e o escolhido era Simplesmente Acontece, um lindo filme de amor entre dois amigos.

Durante os filme, Jimin sentiu forte dores de cabeça e decidiu ir ao banheiro. 

Encostou ás mãos na pia na tentativa de se acalmar e lavou o rosto com água fria.

Poderia ser só uma simples dor também. Jimin tinha tanto medo de morrer naquele momento ou em qualquer outro, que se esqueceu que ele pode sentir outras coisas que não estejam relacionadas ao câncer.

-Eu só quero mais tempo, por favor... Me dê mais tempo. - para qualquer um que entrasse ali, Jimin parecia um louco, mas ele não ligava. Estava desesperado por ajuda de uma cura que ele não pode ter. Estava tão desesperado que até a Deus estava recorrendo na esperança dele lhe ouvir e tirar isso dele. Mas no fundo, ele sabia que não funcionaria. Por que em meio há tantas pessoas com a mesma doença, ele seria o escolhido? Jimin nunca teve e nunca teria esse privilégio em sua vida toda.

Ás lágrimas vieram e seus joelhos fraquejaram, os fazendo cair. 

O que Jimin menos esperava, era uma figura pequena sair de uma das cabines do banheiro com lágrimas nos olhos. Era uma criança.

O pequenino tinha cabelos pretos e a pele branca, batia na cintura de Jimin e era extremamente fofo.

-Por que choras garotinho? - Jimin limpou suas lágrimas como se nada tivesse ocorrido a segundos atrás.

-Por que você chora. - o garotinho respondeu e pegou Jimin de surpresa. 

-Oh, me desculpe. - o loiro continuava secando ás lágrimas desobedientes que insistiam em cair.

-Você está doente? - o garoto pegou Jimin de surpresa de novo.

-Como você sabe? 

-Minha mãe tinha essa mesma feição antes da doença levar ela pro céu... - o garoto disse cabisbaixo e Jimin sentiu mais vontade de chorar.

-E o-o que s-sua mamãe tinha? - Jimin perguntou com medo da resposta. 

-Ela tinha câncer. - o garotinho disse. -Eu não sabia bem o que era na epóca, mas meu pai me explicou e disse que não tinha jeito de salvá-la, pois ela estava em um tal de estado...

-terminal... - Jimin completou abismado.

-Isso! Estado terminal! - o garotinho sorriu e por um momento Jimin teve inveja da felicidade daquele pequeno ser a sua frente. Será que podia ser criança de novo? -Eu e papai sofremos muito com sua perda e ainda dói lembrar de uma pessoa que não está mais entre nós, mas a gente vai superar entende? A dor precisa ser sentida e de uma forma ou de outra, todo mundo vai um dia entende? Algumas vão mais cedo ou mais tarde, mas no fim, todo mundo vai. - o garotinho dizia como se tivesse ensaiado aquele discurso e Jimin o ouvia atentamente ainda chocado. -Você tem quanto tempo? 

-Até o fim dessa semana... - Jimin se assustou um pouco ao dizer aquilo. Era a primeira vez que dizia isso em voz alta e a informação ainda lhe assustava.

-Você vai deixar alguém? - o garotinho perguntou de novo.

-Meu namorado e meu melhor amigo. - disse de uma vez. -Meu melhor amigo já sabe, mas meu namorado não. E me parte o coração ver ele com esperança achando que vamos ficar juntos pra sempre.

-A esperança sempre vai acontecer nas pessoas. Sem ela não seríamos nada entende? Até o momento do seu último suspiro quando você estiver internado, ele vai ter esperança, pois perder uma pessoa que ama nunca está em nossas opções. Na verdade, ás pessoas não consideram uma opção. - Jimin pensou naquilo e o garoto tinha total razão. -Você não pode ir sem fazer ele sofrer. Você não vai impedir sua dor. Apenas ele pode. A cura de uma cicatriz da vida vem de dentro, da nossa força entende? Ele vai dizer a hora que basta de sofrer e irá seguir a vida. 

-Obrigado... Muito obrigado mesmo. - Jimin tomou o garoto nos braços que riu com o ato do mais velho.

O garoto se soltou dos braços de Jimin para ir embora, mas foi impedido pelo maior.

-Qual é seu nome? - Jimin perguntou.

-Gabriel, assim como um anjo! - o pequeno disse e por fim saiu saltitando dali deixando Jimin sozinho.

-Talvez seja um mesmo... - o loiro sussurou para si mesmo.

[...]

Já era de noite e os dois voltavam para casa depois de um dia cheio de travessuras. 

O caminho da volta foi cheio de afagos e carinhos. Jungkook havia dormido boa parte da sessão como sempre fazia, mas Park não se importou. Estar na companhia do namorado - mesmo com ele dormindo -, era essencial.

Jimin ainda pensava nas palavras do pequeno Gabriel o caminho todo.

-Jungkook? - Jimin o chamou e ele se virou.

-Hum? - ele respondeu meio sonolento.

-Eu te amo. - Jimin disse suave e Jungkook sorriu, exibindo seus dentes que Park dizia ser de coelho.

Park se sentiu leve. Não pensou na possibilidade de nunca mais beijar Jungkook como das outras vezes. Sentiu-se feliz ao ver o namorado a sua frente.

Park entendeu que teria que ir e era melhor aproveitar isso enquanto podia.

Teria que deixar Jungkook de qualquer jeito.

Só mais uma semanaOnde histórias criam vida. Descubra agora