— Louis... — sussurro, na esperança de que apenas ele possa ouvir. — Preciso ir ao banheiro...
— O que foi? — meu namorado responde, mal humorado.
Respiro fundo, conquistando coragem para repetir meu pedido. Tudo bem que seus amigos bêbados poluem o som, mas não é tão impossível me ouvir.
— Eu realmente preciso ir ao banheiro...
— E o que você quer que eu faça? — Sua voz ignora meu tom de voz baixo, parecendo não se importar com a minha vontade de manter meu assunto em segredo.
— Sabe se aqui tem algum banheiro, ou qualquer lugar onde eu possa me aliviar?
Ele olha ao redor, com uma interrogação estampada no rosto.
— Claro, se você virar a esquina naquela árvore ali — ele aponta com o indicador para trás de mim — você já chega nele.
— Eu estou falando sério, realmente preciso ir ao banheiro, por favor.
Louis bufa. Respira fundo e parece pensar um pouco. Olha ao redor, e olha para as pessoas em volta da fogueira. Lucy, a única além de Zayn e da minha pessoa a estar totalmente sóbria, retribui o olhar dele.
— A noite está bonita, não? — Lucy tenta puxar assunto, enquanto beija a boca da garrafa. Ela é a única pessoa com quem mantive um diálogo por mais de 5 minutos em que meu namorado não foi o mediador.
Concordam.
Sim. Também concordo com ela, mas os outros não continuam o assunto por estarem com as bocas ocupadas. Os outros também atacam as garrafas. Há uísque e tequila, oriundos dos acervos domésticos de seus pais, que nem suspeitam de tais furtos. Eu não bebo, então apenas observo a cena dos bocais das embalagens das diversas bebidas serem direcionados às bocas jovens, sedentas pelo álcool, ou pelo efeito que ele causará em seu organismo.
As únicas fontes de luz são cinco lanternas, uma para cada uma das pessoas aqui presentes, menos eu. A luz da lua não é tão eficaz para iluminar o local. É praticamente impossível sair daqui sozinha, imagine estando bêbada. O céu está limpo, estrelado. A escuridão da noite se sobressai do branco extinto das nuvens. O único som que podia ser captado, além da baderna jovial, era o dos grilos. A lua aproveita sua soberania no céu. Por estar um pouco afastado da cidade, o matagal em que nos enfiamos proporciona uma visão privilegiada, principalmente pela falta de iluminação artificial, e as árvores ao redor emolduram a paisagem. Faz tempo que não o observava. Havia me esquecido da paz que o azul escuro me trazia, desde minha infância. Meu pai e eu costumávamos deitar no telhado de casa para observar o nosso pedaço de universo, e mamãe odiava isso, por medo de nós nos machucarmos. Nunca nos importamos com os arranhões que apareciam em nossos corpos causados pelas telhas.
Eu não devia estar aqui.
Eu não deveria ter prometido a Louis que sairia com ele para um lugar de sua escolha, ainda mais com seus amigos. Agora estou presa em uma clareira, e sequer lembro a rota que usamos para chegar até aqui.
Esses adolescentes bêbados são amigos do meu namorado, não meus. Tudo bem que eu sei o nome deles de cor, é meio difícil não saber o nome dos jogadores do time de futebol da escola. Louis é um deles.
A luz que a fogueira nos propicia dá um leve salto, sobressaltando um pouco todos ao redor da fonte de luz. Noah, um dos bêbados, solta um grito, e creio que me assusto mais com seu grito do que com a claridade repentina. Levo minha mão ao meu peito, instintivamente, e sinto-o batendo mais rápido por causa do susto.

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Prisão |H.S.|
Fanfiction⠀⠀⠀Toda cidade interiorana possui sua lenda, que serve tanto para assustar inocentes crianças quanto para movimentar o turismo local. Após ser presa em uma casa abandonada por seu namorado, Scarlet tem que enfrentar Harry Styles, a lenda d...