Capítulo 01. A Varinha Perfeita

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Cassie já havia sido repreendida por fazer aquilo inúmeras vezes antes.
No entanto, em todas elas a menina havia simplesmente escolhido ignorar os resmungos e avisos da mãe. Porém aquilo também era típico dela, já que Cassiopeia LeFay-Black nunca fora exatamente conhecida por obedecer a ordens ou regras que eram impostas a ela.
A pequena Black tinha uma natureza livre, tão livre e leve quanto o próprio ar. Odiava a sensação de se sentir presa.

A menina estava no jardim que ladeava a calçada de paralelepípedos que levava até a sua casa, uma construção de dois andares feita de tijolos vermelhos, janelas largas com os parapeitos decorados com flores e uma porta branca. Ela gostava de as vezes imaginar que era uma princesa como as dos livros que sua mãe costumava ler para ela e a irmã antes de dormirem e que aquela casa era o seu castelo, um castelo escolhido a dedo por seus pais onze anos antes para fazerem dali o seu lar.

Com a mão estendida no ar, a menina então observou com um sorriso largo nos lábios a forma como as pétalas da gardênia que ela havia arrancado do jardim flutuavam. Cassie gostava de fazer magia, mesmo correndo o risco de ser punida pela mãe caso fosse pega.

Ela havia nascido uma bruxa, assim como seu pai e sua mãe e os avós, tornando-a o que chamavam de puro-sangue no mundo mágico. No entanto, seu sangue puro era a coisa menos extraordinária sobre Cassie, mas sim que assim como a mãe dela, a menina um dia seria capaz de fazer magia sem precisar usar sua varinha como estava fazendo naquele mesmo instante.
Sua magia também era muito mais forte do que a das crianças bruxas de onze anos, embora por outro lado, fosse muito mais complicada de se controlar e justamente por isto Cassie era terminantemente proibida pela mãe de praticar magia até que estivesse dentro de uma sala de aula no castelo de Hogwarts e com uma varinha em mãos.

A mãe de Cassie, depois de seu padrasto, era provavelmente a pessoa mais gentil e carinhosa que ela conhecia, embora a menina tivesse de admitir que também não conhecia muitas pessoas. No entanto, ainda assim ela era.
Kendra estava sempre ali com um sorriso caloroso, pronta para encher as bochechas de Cassie com beijos, abraçá-la como se a filha fosse um ursinho de pelúcia ou então correr os dedos pelas ondas que seus cabelos escuros como o carvão formavam.

Ainda assim, havia um lado da mãe que Cassie costumava tentar não despertar e isto era o furioso. Embora gentil, Kendra também era do tipo mandona e sempre esperava que suas ordens fossem cumpridas. Cassie, por outro lado, era o próprio caos e detestava seguir ordens, o que ocasionava em volta e meia ter que ficar de castigo em seu quarto.
Quando ela saía de lá, costumava sempre receber um abraço da mãe que com um sorriso nostálgico sempre dizia: você é tão parecida com ele.

Cassie, obviamente sabia quem era o ele. Era Sirius Black, o seu pai.

A menina não se lembrava muito do pai, quer dizer, ela sabia que era extremamente parecida com ele: tinham o mesmo cabelo preto como a noite, as sobrancelhas angulares, as maçãs do rosto salientes e dedos longos. Segundo a mãe, embora seus olhos fossem castanhos como a terra, Cassie também tinha o mesmo brilho no olhar que ele. O brilho ensandecido de uma criança encrenqueira.

Ela, infelizmente jamais poderia saber se a mãe estava certa ou não. Seu pai tinha sido preso em Azkaban quando ela tinha cerca de três anos, as memórias que tinha do homem eram borradas e em muitas vezes, Cassie sequer sabia se elas eram reais ou então fruto de sua imaginação. Ela gostava de pensar que não eram.

— Cassie, onde é que você se meteu e o que diabos está aprontando? — ela ouviu a voz da mãe indagar de dentro da casa.

Agitada, ela então deixou as pétalas da gardênia caírem na grama verde do jardim tão bem cuidado pela sua mãe – que amava plantas e sempre que possível estava com terra até os cotovelos –, enquanto virou-se e desembestou para dentro da casa novamente.

𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐓𝐎 𝐅𝐄𝐄𝐋 |✦| 𝐂𝐄𝐃𝐑𝐈𝐂𝐎 𝐃𝐈𝐆𝐆𝐎𝐑𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora