Capítulo 18. O Cabeça de Javali

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Eu me lembro do final de novembro
Prendendo minha respiração, lentamente, eu disse
Você não precisa me salvar
Mas você fugiria comigo?
Sim (você fugiria?)

O meu amor é lindo como um sonho
Andando com a cabeça baixa
É na minha direção que ele está caminhando
Então chame do que quiser, é
Chame do que quiser chamar
— Call It What You Want, Taylor Swift

Depois de saírem do dormitório da Lufa-Lufa se esgueirando, foi a vez de Cassie retribuir o gesto e fazer com que Cedrico invadisse o da Sonserina.

Era claro que o garoto havia relutado e muito, mas eles já estavam ferrados justamente por aquele mesmo motivo, por que não uma excursão pelas masmorras?

Eles dois haviam entrado escondidos, para que Cassie pudesse trocar suas roupas e vestir casacos mais quentes. Quando saíra naquela manhã, ela não fazia ideia de que passaria o dia fora do castelo, onde os ventos fustigantes do outono – quase inverno – congelavam qualquer um mesmo que ainda não tivesse nevado.

— Sabe, eu não sabia que você desenhava tão bem. — Cedrico sussurrou para Cassie, enquanto ela vigiava o corredor o terceiro andar, esperando não encontrar nenhum aluno, professor ou nem mesmo Filch e sua maldita gata perambulando por ali a uma hora daquelas.

Cassie se engasgou em um misto entre uma bufada e uma risada.

Talvez tivesse sido uma péssima ideia deixá-lo entrar no dormitório dela? Porque desde que Cedrico havia visto os desenhos presos em sua parede e algumas telas que ela havia pintado, não havia parado de falar sobre isso.

— Vai me infernizar o resto da vida por causa disso, não é? — Cassie indagou, mas não irritada. Em seguida abriu um sorriso enquanto o puxava pelo braço para o corredor vazio.

— Qual é, eu só quero que faça um desenho para mim. — Ele explicou fazendo um bico. — Eu gostaria de ver a maneira como você me enxerga.

— Eu não desenho ou pinto pessoas, Diggory. Exatamente por esse motivo. — Cassie disse, enquanto os dois se aproximavam da estátua da bruxa de um olho corcunda, a mesma que escondia a passagem que os levaria até o porão da Dedosdemel. — Paisagens, objetos inanimados... é tudo simples. Pintar ou desenhar uma pessoa, mostrar a ela como você a enxerga, é algo íntimo demais.

Ela jamais diria aquilo para ele, mas a verdade era que em toda sua vida, Cassie só havia pintado e desenhado uma única pessoa: seu pai. E embora seu caderno de desenhos estivesse bem guardado sob o seu colchão no dormitório, com folhas e mais folhas do rosto de Sirius, dos olhos de seu pai, as mãos dele segurando as de uma criança e até do sorriso dele, Cassie apenas os tinha para que jamais se esquecesse como o pai era.

A voz de Sirius há muito tempo já havia desvanecido da mente dela, Cassie mal conseguia se lembrar da risada do pai e com muito esforço, da maneira como ele chamava por seu nome quando ela aprontava alguma coisa. Ela temia se esquecer do rosto do pai também, ou da maneira como os olhos dele brilhavam e seu sorriso se entortava toda vez que o homem sorria para ela.

Dissedium — Cassie murmurou apontando a varinha para a estátua da bruxa, fazendo com que a corcunda da bruxa se abrisse em uma passagem estreita, o cheiro de terra úmida invadindo suas narinas. — Esqueci de dizer que essa passagem é estreita e baixa, você provavelmente terá que andar de lado e com a cabeça baixa — disse ela, analisando os ombros largos de Cedrico e a altura dele. A passagem era ruim para ela, que nem era tão alta assim, ele com seus quase quinze centímetros a mais que Cassie, com certeza encontraria dificuldade.

Ao invés de reclamar ou fazer qualquer coisa do tipo, Cassie escutou Cedrico assoviar ao seu lado, parecendo impressionado.

— Sabe, eu sempre soube que você era encrenca pura, todo mundo nessa escola sabe. — disse ele, enquanto Cassie passava pela abertura estreita da passagem e deslizava pelo escorregador de pedra. Assim que seus pés atingiram o túnel de terra, não demorou muito para que Cedrico chegasse logo atrás dela. — Mas agora eu entendo perfeitamente por que os professores mantêm seus olhos bem abertos em você. Cobrinha, você é tipo um gênio do mal. Completamente incontrolável.

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⏰ Última atualização: Jan 15 ⏰

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𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐓𝐎 𝐅𝐄𝐄𝐋 |✦| 𝐂𝐄𝐃𝐑𝐈𝐂𝐎 𝐃𝐈𝐆𝐆𝐎𝐑𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora