Capítulo 08. Fucking Golden Boy

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Ela não sabia muito bem onde estava ou o que diabos estava acontecendo.

Sua visão estava completamente borrada e seu corpo parecia estar sendo arrastado. Para onde ou por quem, Cassie não sabia exatamente.
Quando sua visão finalmente ficou clara, ainda assim sentiu-se tão perdida quanto estava anteriormente.

Estava em um lugar completamente desconhecido, mais especificamente um longo corredor iluminado por janelas enormes que iam do chão até o teto. Cassie sabia que jamais havia colocado seus pés antes naquele lugar, pois nunca estivera em um ambiente com tamanho requinte – com exceção talvez da casa de Walburga.
A luz natural que vinha de fora lhe proporcionava a visão de lustres com dezenas de cristais que brilhavam em um bonito arco-íris, as paredes eram de cor clara, decoradas com inúmeras obras de arte com molduras douradas. O ar daquele ambiente também parecia carregado com o cheiro adocicado de gardênia.

Cassie lançou um olhar para quem a arrastava de maneira tão bruta, encontrando então com um olhar azul glacial, que poderia muito bem tê-la feito congelar ali mesmo pela forma como a encarou de volta. Era uma mulher, deveria estar na casa dos trinta e poucos anos, em qualquer outra circunstância, Cassie a teria achado muito bonita. No entanto, qualquer beleza que ela pudesse possuir, era completamente estragada pela carranca formada em seu rosto.

— Sua garota estúpida — bradou a voz da mulher carregada de raiva, fazendo com que a garota também identificasse um leve sotaque escocês.

A Black não fazia ideia de quem era aquela mulher, muito menos do por que a arrastava com tamanha violência. No entanto, havia algo estranhamente familiar em seu rosto, gestos e até mesmo em sua forma de articular as palavras.

Ela abriu a boca, prestes a praguejar e planejando uma série de ameaças para despejar contra aquela maluca, porém foi impedida quando uma porta surgiu na frente delas. A mulher, da mesma maneira raivosa da qual arrastara Cassie até ali, abriu a porta e em seguida a atirou para dentro do cômodo. Quando a porta se fechou logo atrás dela com um baque estrondoso, algo dentro dela pareceu saltar.

— Você se acha muito inteligente, não é mesmo? — indagou a mulher com seu olhar assassino fixado sobre ela. — Achou mesmo que depois de tudo o que você andou aprontando com aquele maldito garoto, minha atenção sobre você não estaria redobrada?

— Não pode me prender aqui. Você nem mesmo tem magia forte o bastante para isso. — Retrucou Cassie em uma voz que, embora parecida com a dela, não vinha exatamente dela.

Uma sensação estranha apoderou-se de Cassie. Aquela situação toda estava bizarra demais, pois embora tivesse sido ela a dizer tais palavras, nunca havia sequer pretendido dizê-las. Era quase como se estivesse no corpo de outra pessoa ou então alguém tivesse possuído o seu enquanto ela agora não passava de uma mera espectadora.

— Ah, eu não só posso, como irei fazer — rebateu a desconhecida com prepotência. — Não deixarei que uma bruxa arrogante como você acabe com um legado de mil anos.

— Você não tem que deixar nada, eu sou a bruxa mais poderosa que já existiu, não preciso de sua permissão — Cassie se escutou dizer, enquanto isto, o sentimento da mais pura e ardente raiva parecia crescer gradativamente dentro dela. — A linhagem morrerá comigo. Eu colocarei fim a este ciclo de sofrimento e morte.

A mulher, não parecendo nenhum pouco intimidada pelas palavras da garota, começou a caminhar de maneira vagarosa em sua direção tal qual um felino prestes a pular sobre sua presa.
Cassie, no entanto, no fundo sabia que ela jamais seria uma presa. Mas sim sempre a caçadora.

Sua mente pareceu então ser atingida por uma descarga elétrica, inúmeros feitiços dos quais ela nem mesmo fazia ideia de que sabia – alguns nem mesmo se lembrava de onde os tinha conhecido – começaram a pipocar em sua cabeça. Ela podia não estar pronta para enfrentá-la, mas sabia que morreria tentando se necessário fosse. Pois de todas as coisas que ela era, covarde não era uma delas.

𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐓𝐎 𝐅𝐄𝐄𝐋 |✦| 𝐂𝐄𝐃𝐑𝐈𝐂𝐎 𝐃𝐈𝐆𝐆𝐎𝐑𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora