Capítulo 16. Memórias Reprimidas

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O vento rugia nos ouvidos de Cassie, abafando as batidas frenéticas de seu coração enquanto a jovem bruxa descia das arquibancadas como se sua vida dependesse daquilo.

Nada importava naquele momento. Nem o vento fustigante ou a chuva gelada, apenas que ela precisava chegar até Harry tanto quanto precisava do ar para sobreviver.

Ignorando gritos de quem ela empurrava ao encontrar pela frente, Cassie finalmente conseguiu sair da área das arquibancadas e então correu para a entrada do campo de quadribol, passando pelos vestiários e finalmente pisando sobre a grama.

Havia um aglomerado de pessoas em volta de Harry, tanto o time da Grifinória, quanto da Lufa-Lufa e alguns professores. Ela não se importou nenhum pouco de, completamente desesperada, empurrar e berrar a plenos pulmões para que deixassem-na passar.

— Cassie — era Cedrico que lhe chamava, se colocando na frente dela e a segurando pelos ombros. Ele estava completamente molhado, o cabelo castanho grudado na testa e seus olhos pareciam tão em pânico quanto os dela. — Cass, você precisa se acalmar.

— Eu preciso ver ele, você não entende? — questionou a Black de volta, sua voz soando autoritária e desesperada ao mesmo tempo. — Ele... Ele... — ela tentou explicar, dizer tudo o que Harry significava para ela, de como ela o vinha protegendo e cuidando do menino mesmo que a distância, mas simplesmente não conseguiu. Sua voz se perdeu na metade do caminho, dando espaço a um nó terrível e doloroso em sua garganta.

Os olhos dela se encontraram com os de Cedrico e algum tipo de acordo silencioso foi firmado entre eles dois. Sem dizer mais nada, Cedrico apenas balançou a cabeça e deslizou uma das mãos que estavam nos ombros de Cassie, para o seu antebraço e então a puxou entre a roda de pessoas que estavam ali.

A primeira coisa que Cassie notou quando finalmente conseguiu enxergar Harry, foi o quão pálido ele estava. Pálido o bastante para que parecesse até mesmo morto.
Em seguida, foram os cortes na bochecha e testa, mas que tirando isto e o fato de estar inconsciente, não havia nenhum outro ferimento aparente.

Ela soltou-se da mão de Cedrico e antes mesmo que pudesse se controlar, estava sentada ao lado do corpo de Harry na grama enquanto suas lágrimas se misturavam a chuva em seu rosto. Com os dedos trêmulos, Cassie os colocou sobre o pescoço de Harry em busca de pulsação e soltou a respiração que nem havia se dado conta de que tinha prendido, apenas quando a encontrou.

Ele está vivo. Ele vai ficar bem. Ele é forte.
Cassie tentou dizer a si mesma enquanto chorava e acariciava o rosto de Harry com extrema delicadeza.

Ele é só uma criança, era o que ela também pensava, não deveria ser obrigado a passar por situações de quase morte ou ser forte.
Mas verdade fosse dita, nem ela, Harry ou Delphina jamais seriam apenas crianças comuns. Voldemort havia se encarregado de selar o destino deles três de tal maneira, que aquilo jamais havia sido ou seria permitido.

— Senhorita Black — uma voz feminina a chamou de maneira calma e gentil, fazendo com que Cassie erguesse o olhar e se encontrasse encarando Madame Pomfrey. — Será que poderia me permitir levá-lo até a enfermaria? Como a senhorita sabe, quanto mais rápido eu puder tratá-lo, melhor será para o estado de saúde do senhor Potter posteriormente.

— C-Claro. — Cassie gaguejou enquanto balançava a cabeça, em seguida pigarreou. — Posso ir junto? — questionou ela impulsivamente. Não queria sair de perto dele tão cedo e além do mais, ela vivia ajudando Madame Pomfrey na enfermaria sempre que possível, então seria útil indo junto da enfermeira.

Cassie viu a incerteza brilhar sobre os olhos da mulher, em parte pela ligação desconhecida que ela compartilhava com Harry, mas também pelo atual estado de Cassie. Justamente por isso, foi que ela suspirou profundamente e tentou parar o mar de lágrimas que lhe escapava pelos cantos dos olhos.

𝐇𝐀𝐑𝐃 𝐓𝐎 𝐅𝐄𝐄𝐋 |✦| 𝐂𝐄𝐃𝐑𝐈𝐂𝐎 𝐃𝐈𝐆𝐆𝐎𝐑𝐘Onde histórias criam vida. Descubra agora