Capítulo 06

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Amar e não machucar

O dia amanheceu nublado, parecia que até o tempo sabia como estava me sentindo. Durante toda noite, relutantemente, fiz de tudo para não chorar, mas foi em vão. A cada recaída por causa da minha doença  mais a dor era difícil de suportar. Justo dessa vez que, me esforcei tanto para viver só um pouco da vida normal, meu corpo não aguenta nada.

Tomei um banho demorado e precisei de vários minutos para encontrar coragem de ficar de pé e não deitar novamente. O dia seria longo e, precisava enfrentar o que viesse. Essa foi a minha escolha. Eu quero viver.

...

Demorou um tempo até escolher uma roupa descente, só que, na verdade todas estavam boas. O verdadeiro problema era me sentir bem olhando no espelho. Meus motivos para continuar estudando e vivendo essa vida normal são muitos, mas, algo está quebradiço. Essa recaída por causa do atraso de remédios me tirou as poucas esperanças e trouxe um incomodo por causa do Lysandre. Não o quero sofrendo e ao mesmo tempo quero conhecê-lo. O peso nos ombros por tudo que posso representar na vida dele, me dói na alma pela culpa de ter me aproximado.

Sem forças para nada mais, só juntei o material das aulas na bolsa e desci as escadas até a sala. O silêncio não foi muito reconfortante. Na cozinha, meus pais mantinham-se concentrados em suas xícaras e simplesmente me juntei a eles. A única coisa que me perguntaram era se tinha pegado tudo, inclusive os remédios, é claro.

Depois de fazer tudo mecanicamente, apenas me sentei no sofá para esperar meu tio e o Kentin, não demorou muito para os meus pais saírem e eu ficar sozinha. Quando fechei os olhos num suspiro, pareceu que a dor ficou ainda maior; eu teria que ser forte.

...

— Bom dia!

— Oi... Bom dia primo.

— Você está bem? — ele me olha preocupado.

— O tio Giles está esperando, certo? — aponto para o carro estacionado ao lado da calçada.

— Sim, mas... — ele diz confuso.

— Vamos, caso não queira se atrasar também. — digo correndo até o carro.

— Ok... — ele resmunga e entra no carro sério.

— Bom dia, Amanda.

— Bom dia, tio Giles. — respondo sem desviar os olhos da janela.

— Está tudo bem? — ele encara à mim e o Kentin pelo retrovisor.

— Por que não estaria? — respondo desanimada.

...

Não houve conversas durante o trajeto até o colégio, nenhum de nós tinha o que dizer e, eu principalmente, não queria ter saído da cama hoje. Tio Giles conseguiu me tirar um pouco da tristeza enquanto passava suas ordens sobre a hora que viria nos buscar na saída do colégio. Agradeci mentalmente por meu tio não me tratar como alguém frágil ou inválida para usar as próprias pernas e cérebro.

Kentin não falou muito e só afirmou com um "sim" as perguntas do pai que, dava juuz ao nome do exército pelo modo que falava mesmo ainda sendo um pai e tio amoroso.

Uma pétala de flor.Onde histórias criam vida. Descubra agora