Capítulo 09 [Lysandre]

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Uma pequena dor chamada verdade.


Ela confiou em mim. No mesmo instante em que nossos olhares se cruzaram, quando ela estava pronta para subir as escadas, ela me disse. Amanda confiava em mim. Já era mais do que suficiente.

A casa da família Helnady era iluminada e aconchegante, como um bom lar de família deve ser. Haviam vários vasos de flores nas beiradas das janelas e uma planta robusta num vaso de flor, na janela da cozinha. A presença da natureza nos ambientes, tornava tudo harmonioso, e representa exatamente a alegria de viver que Amanda carrega.

Na sala de visitas o ambiente tinha uma atmosfera intensa. Mesmo que ao redor houvessem fotos de família e da própria Amanda, pequena. Nada, absolutamente nada, amenizava o pesar do olhar do sr. Helnady sobre mim. Parecia um teste, um julgamento e uma avaliação ao mesmo tempo.

...

— Então...

— Bom... O senhor deve querer falar sobre... - sinto um nó na garganta.

— Preciso saber de suas intenções e se conhece de fato a realidade da minha filha. - ele me olha severamente.

— Não foi minha intenção parecer oportunista devido a Amanda ser... bem... linda.

— O que você sente por minha filha, senhor Lysandre?

— Serei sincero ao dizer que, ainda não sei expressar meus sentimentos em uma palavra, senhor Helnady. - suspiro. — Mas de verdade, Amanda é uma luz importante na minha vida, nesse momento. Ela me fez enxergar tudo de maneira clara e ter vontade de continuar vivendo. 

— E você entende que a minha filha está tentando manter-se viva? Entende que a doença dela é grave e que o amanhã é incerto? Sabe que Amanda está fazendo um tratamento alternativo, para não ficar uma vida no hospital, tentando aproveitar o tempo que tem?

— Sim, eu sei. - respondo sério. — Amanda já tinha deixado isso claro e não queria que eu me aproximasse. Porém, ela não pode escolher no meu lugar.

— Você entende que está sendo egoísta e está colocando muitas coisas em jogo? 

— Se estiver ao lado dela, já estou realizado. Pode parecer precipitado e o senhor pode me ver como um mero adolescente, mas não estou mentindo. Sei o que sinto e os riscos impostos.

— Preciso que entenda Lysandre. - ele diz sério. — A vida de Amanda está ligada a um relógio. Todos os dias precisamos crer que ela vai ficar bem e acordar no dia seguinte. Todos os dias preciso lembrar que a minha filha precisa viver sua própria vida e estou a mercê de perdê-la também. Mas não posso ser egoísta. Amanda tem seu direito de escolha. - ele fica em silêncio alguns instantes. — Tenho que sorrir todos os dias quando ela acorda de manhã e vem até a cozinha. Minha esposa, Gabriela, nunca mais foi a mesma desde que descobrimos a doença de Amanda. Cada dia ela precisa lutar e te fé. Consegue entender isso?

— Eu entendo que... - infelizmente as palavras somem.

— Você precisa saber que um mero sonho, um único sentimento, não fará diferença diante da realidade. Se de fato você gosta da minha filha, Lysandre, precisa estar disposto a aceitar as condições; a saúde frágil, as limitações devido ao uso de remédios fortes, suas oscilações de humor em momentos de fraqueza, revolta, medo, incerteza. Precisa aceitar um conjunto de testes emocionais para enfrentar os próprios medos e não abandoná-la. Se de fato você quer ser parte da vida dela, precisa ser verdadeiro e não um sonho.

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