Capítulo 10 [Lysandre & Amanda]

55 5 2
                                    

A coragem em um sorriso

Já passa de sete da noite e continuo no mesmo lugar. A calçada é gélida, o vento cortante e a angústia insuportável. Onde Amanda estaria? O que aconteceu na consulta? Nada mais faz sentido. Sinto o medo percorrer cada milímetro do meu corpo e os piores tipos de pensamentos tomarem posse da minha mente.

Todos desejam me proteger do inevitável, até mesmo ela. O risco de perder Amanda de forma bruta, é tão grande quanto perder meu próprio pai. Em ambos os casos, posso perder a pessoa que mais amo e me criou, e, a pessoa que me trouxe luz e esperança no amor.

...

Lysandre...
...

A voz dela era quase um sussurro. Levantei com um pulo e me coloquei de pé, de frente para um rosto angelical e um casal de pais atrás do mesmo. Não reparei no carro estacionando ao meu lado e nem mesmo ouvi o som do motor. Entretanto, lá estava ela, à poucos metros de mim. Amanda tinha os olhos vermelhos, pálpebras inchadas, mas, mesmo assim, sorriu em minha direção. O Sr. e Sra. Henaldy, permaneceram em silêncio e me olhavam furtivamente. Um grande nó tomou conta da minha garganta.

Algo estava errado ou de muito grave tinha acontecido. Antony, pai de Amanda, parecia exausto e parcialmente perturbado, assim como a mãe de Amanda que, parecia bem mais do que desolada.

...

— O que está acontecendo? - pergunto ansioso.

— Nós vamos entrar querida. - diz finalmente o pai dela. — Qualquer coisa nos chame.

— Tudo bem pai. - ela diz com a voz trêmula.

— Amanda... - minha voz some.

— É melhor você ir para sua casa, Lysandre. - ela responde me olhando severamente.

— Não vou embora. - respondo sério. — Passei todo esse tempo lhe esperando, não vou embora sem saber de nada.

— Três meses.

— Como?

— Tenho três meses de vida, Lysandre... - ela responde com lágrimas por todo rosto.

— O-o q-que... V-você...

— Eu tenho três meses de vida. EU VOU MORRER EM TRÊS MESES. VOCÊ OUVIU?!!!

— O que você está falando? - pergunto irritado. — O QUE VOCÊ ESTÁ DIZENDO, AMANDA?

— PARE LYSANDRE! VOCÊ OUVIU! - ela responde chorando compulsivamente.

— M-mas como... Por... Quando... Não pode... Eu...- digo transtornado.

— Eu disse que meu tratamento alternativo tinha risco. Por qual outra razão, então, eu iria escolher viver uma vida fora do hospital, como alguém normal, sem correr risco?

— Eu não entendo...

— É simples. - ela sorri desolada. — Quando escolhi este tratamento, já sabia dos riscos e do nível da minha doença. Hoje, na consulta com o doutor Marcos, soube da verdade. Meu tratamento alternativo, mesmo permitindo-me viver livremente, não pode combater minha doença com que é necessário.

Uma pétala de flor.Onde histórias criam vida. Descubra agora