Capítulo 07 [Lysandre & Amanda]

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Ao seu tempo

As batidas do coração dela eram tão fortes quanto suas lágrimas, ter Amanda em meus braços deveria ser algo especial e de recíproco sentimento, mas, tudo que tínhamos eram suas lágrimas de angústia e meu peito arrasado. Como pude ser tão tolo? A que ponto chegou meu egoísmo em não ver a dor dela?

Seus olhos vermelhos não me encararam quando se afastou de meus braços. O rosto pálido com as bochechas vermelhas, transmitiam tudo que ela parecia estar guardando há muito tempo. Como queria ter a habilidade de cura.

...

- Eu preciso ir...

- Amanda...

- Não diga nada..por favor. - sussurro.

- Por que você está mantendo distância? - pergunto angustiado.

- Eu não quero você perto de mim, Lysandre. - ela me olha aflita. - Eu quero viver o tempo que eu tenho, do jeito que imaginei que seria, e isso não inclui você.

- Não pode escolher isso por mim, Amanda. - respondo sério. - Você não pode escolher nada no lugar das pessoas. - suspiro. - Eu decido o que eu quero.

- Você pode escolher, mas, eu posso negar também. - ela me olha séria. - A escolha também é minha.

- Pode ser mas, eu já decidi o que eu quero. - digo me aproximando.

- Você vai se afastar de mim, querendo ou não.

- Espera...

...

Quanto mais escutava as palavras do Lysandre, mais o meu mundo era destruído. O modo como ele me olhava e parecia tão determinado, fazia com que minha decisão fosse ainda mais difícil de suportar. Ele fazia tudo parecer fácil de resolver e ser apenas uma questão de escolha. Acho que ele nunca sacrificou nada na vida.

Durante todo tempo que passei no hospital, várias pessoas estiveram ao meu lado e muitas partiram sem deixar vestígios. Conheci a realidade sem aviso ou noção do que a vida real era. Desde sempre fui obrigada a fazer escolhas difíceis e sacrificar sonhos e esperanças pelo que era o certo. A visão do mundo nos olhos do Lysandre e a sua voz doce, me faziam lembrar das esperanças que tinha e de como achava que a vida era as escolhas que fazemos. Porém, hoje isso não é mais suficiente e não tenho o direito de tirar isso dele. A minha vida já esta contada e a do Lysandre nem mesmo começou.

O silêncio no jardim não ajudava muito para que a dor parasse. Os últimos dias tinham sido exaustivos demais e pouca coisa estava resolvida. Minha vida já não fazia sentido e a sensação de estar presa não deixava de ser sufocante.

...

- Tudo bem?

- Oi Castiel.. - respondo sem ânimo. - Tá tudo bem sim.

- Não é o que parece. - ele diz sério. - Quer que chame a enfermeira ou seu primo?

- Não é necessário e o Kentin não vai querer falar comigo.. - suspiro.

- Você que sabe. - ele responde indiferente e senta ao meu lado.

- Quem sabe. - respiro fundo.

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