Eu remexi a comida no meu prato mais uma vez, a pontinha do meu garfo balançando e criando pequenos círculos no molho do filé que havia sido colocado num dos cantos porcelana, ao lado de uma porção de purê de batatas e um pedaço de pão branco.
E eu estava com fome – morrendo de fome, na verdade –, pois eu não havia ingerido nada além de algumas taças de champanhe e um pouco de água depois do meu casamento, mas eu simplesmente não conseguia comer. Eu estava apático, desmotivado, e apenas o cheiro da comida já era o suficiente para a minha barriga cochar e a bile azeda do vômito subir até a minha garganta, me obrigando a tapar a boca para não golfar em cima da mesa.
A noite passada havia sido difícil, e eu ainda sentia as suas consequências no fundo dos meus ossos. Tudo doía. Literal e figurativamente.
Eu suspirei e encarei o meu prato cheio, torcendo o nariz para ele. Eu não estava prestando atenção nas coisas ao meu redor já fazia algum tempo – inclusive no cheiro de menta de Jungkook, que me envolvia em uma bolha de calmaria esquisita –, mas a voz aguda de mamãe e o tilintar dos talheres chamaram a minha atenção, me fazendo erguer o rosto e olhar para ela.
— Jiminie?
Eu me mantive em silêncio, apenas respirando pela boca. Eu não queria falar com ninguém – eu ao menos queria estar ali –, mas papai mandou Mi Hee me chamar para o nosso primeiro almoço em família. E eu estava tão cansado de discutir e de brigar que me levantei da cama, calcei meus sapatos e desci as escadas vestido com a minha roupa de dormir mesmo: uma camisa branca e um par de calças de algodão.
— Sim, mamãe? — eu finalmente a respondi, desviando o meu foco para o pãozinho no meu prato.
— Você não vai comer, meu amor? O filé está delicioso. Hoseok fez tudo do jeitinho que você gosta.
— Eu... eu... não. — eu disse, soprando uma mentira. — Eu não estou com fome.
— Mas você precisa se alimentar, querido. Você e o bebê precisam de...
Mamãe se interrompeu de repente, seus lábios se comprimindo e seus olhos vagueando pelos nossos rostos e pela sala de jantar. Ela ainda tinha medo de mencionar a minha gravidez – principalmente na presença de papai, que parecia estar fingindo que nenhum de nós existia – e apesar de eu ainda estar magoado com ela, eu a compreendia, pois não deveria ser fácil ver seu único filho casado e grávido de uma forma tão inesperada.
— Eu sei, mamãe, mas eu realmente estou sem fome.
— Mas pelo menos tente, Jiminie. Por favor. Por mim, por essa... por essa criança que está por vir.
— Eu não consigo. — me lamentei, negando com a cabeça. — Eu ainda me sinto muito enjoado mesmo depois do Senhor Min ter me dado mais chás e dito que os meus enjoos não durariam para sempre. Então eu... eu não consigo comer sem sentir vontade de vomitar tudo. E é horrível, mamãe.
— E se eu pedir que o Senhor Jung faça uma sopa?
Jungkook se manifestou pela primeira vez desde que nos sentamos a mesa, virando-se para mim. Eu levantei a minha cabeça e olhei para ele, o meu coração batucando dentro do meu peito quando ele esticou a mão e tocou a minha bochecha, afastando uma mecha do meu cabelo para o lado. O Duque me questionava com seus olhos cor de carvão, e eu não pude deixar de notar a sua expressão abatida e as bolsas arroxeadas debaixo dos seus olhos, o que indicava que ele também havia tido uma noite ruim, se não péssima, de sono.
— Eu... eu não sei.
— Algo leve, mas que seja o suficiente para que você fique bem. Você acha que consegue comer, Jimin? Acha que consegue se esforçar um pouquinho e fazer isso?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um mais um igual a quatro ✹ Jikook
Fanfiction[JIKOOK - ABO - MPREG] Park Jimin é o garoto de fios dourados, filho do Barão e da Baronesa de Tarla, um reino localizado a oeste do Pacífico. Sua vida era aparentemente perfeita, ele tinha o apoio do seu melhor amigo, Jung Hoseok, e uma inconvenie...