Capítulo 12 - Redenção

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Não sabia por quanto tempo estava dormindo, meu sono era uma confusão de sonhos e pesadelos. Sonhei com o dia que conheci Taehyung e meu coração deu aquele costumeiro sinal de que explodiria a qualquer segundo. Sonhei com a forma que ele inclinava a cabeça para trás, expondo o pescoço e abrindo um sorriso enorme, algumas faixas de luz do sol batendo nos seus cabelos - tão vermelhos que praticamente reluziam. Sonhei com os lugares que me diverti com ele; que brigamos e fizemos as pazes, rindo como duas crianças sem deveres e obrigações. E, mais que tudo, sonhei com Jungkook. Estávamos juntos, sentados embaixo de uma macieira. Ele se esticou e agarrou uma maçã, me entregando como se fosse o grande troféu desejado num duelo. Ele estava sorridente, feliz. Sorri para ele e notei que algo mudara em seus olhos. Eles ganharam um brilho intenso, de uma admiração profunda. O vento soprou, chocando-se contra nossos corpos e bagunçando meus cabelos. Senti como se aquela fosse uma oportunidade única. Vê-lo tão animado. Nos ver juntos e felizes por estarmos juntos. Mas, então, tudo começou a ruir...A árvore balançou e as folhas escureceram, o sol sumiu e Jungkook começou a se distanciar. Me levantei rápido e tentei ir até ele, mas meus joelhos fraquejaram e eu caí. Me arrastei no chão, buscando por ele, tentando chegar até ele, eu só via seus pés sendo engolido pelas sombras. E quando eu estava prestes a alcança-lo, aqueles homens, homens maus, chegaram primeiro. Colocaram uma adaga sobre o coração dele, fincando a ponta da lâmina, me permitindo ver parte do seu sangue escorrendo antes de tudo ficar escuro. Não vi seu rosto pela última vez. Não vi aqueles olhos negros e profundos. Não vi mais nada.

Acordei num sobressalto, ofegante e suando, com lágrimas nos olhos. Fiquei parado, piscando, esperando que meu coração parasse de pulsar em meus ouvidos.

Não. Não. Não. Foi tudo o que pensei. Você tem que estar vivo. Tem que voltar! Não pode me deixar sozinho!

Eu me agarrei àquele pensamento. Uma dor profunda perpassou meu peito. Levei a mão ao local e fiquei de lado, encolhido. Ele ia voltar. Ele ia.

Jimin...

Escutei o sussurro no meu ouvido. A voz grave e intensa. Fiquei paralisado por alguns segundos. Talvez eu estivesse imaginando coisas ou minha cabeça não soubesse mais diferenciar sonho de realidade.

Fiquei olhando para tecido fino e caro do dossel que parecia flutuar ao redor da cama, o medo me sacudindo por dentro e por fora. Eu não queria olhar. Não queria ver se era um homem inteiro ao meu lado ou o que restara dele.

— Eu estou sonhando agora. — sussurrei, sentindo um leve tremor em meus lábios.

— O seu sonho envolve um homem deitado em sua cama? — suspirou. — Estou desapontado, Jimin.

Pisquei, o dossel - um grande arco escuro – sumiu do meu campo de visão. Girando o pescoço, dei uma espiada ao meu lado e... perdi o ar, foi como se o mundo tivesse voltado a girar e fazer sentido, minha garganta inchou e meu coração se encolheu dentro do meu peito.

Era Jungkook. Vivo. Deitado a menos de cinco centímetros de mim, as mãos se estendendo e agarrando a carne macia da minha cintura.

Eu não podia acreditar, ele não podia ser real, aquilo não podia estar acontecendo. Era o efeito do chá e sua medicina disparando na minha corrente sanguínea e turvando meus pensamentos! Mas ele estava tão perto... A presença dele acalmando a tormenta que me varria por dentro e ao mesmo tempo me incendiando com sua proximidade...

Aspirei uma grande quantidade de ar e virei a cabeça no travesseiro com nervosismo. Enquanto meus olhos se acostumavam à luz pálida das velas presas nos candelabros, fui notando mais detalhes do cômodo. As paredes escuras; os quadros; a frieza do lugar; os móveis em madeira nobre. Eu ainda estava no palácio, disso não tinha dúvidas.

Um mais um igual a quatro ✹ JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora