Um mais um igual a quatro ✹ Jikook

Capítulo 9 - Fulgor

Eu acordei várias vezes durante a noite, pesadelos tentando roubar o meu sono e o restinho da minha sanidade. Porém, quando Jungkook me acolheu nos seus braços e me abraçou, eu me acalmei completamente, pegando no sono novamente. E dessa vez, sem qualquer pesadelo.

— Ei, Jimin, acorde.

Eu escutei a voz rouca e pesada de Jungkook me chamando, suas mãos tocando os meus cabelos e os afagando. Suspirei, resmunguei alguma coisa e abri os olhos lentamente, piscando-os inúmeras vezes para me acostumar com a claridade que serpenteava pelas cortinas. E as cores escuras dos tecidos logo trataram de me situar, me avisando que eu continuava no quarto de Jungkook, deitado em sua cama e com os braços dele ao meu redor, me segurando com tanto carinho e tanto cuidado que eu conseguia sentir até mesmo a tensão dos seus músculos contra a minha pele.

— Está tudo bem? — ele perguntou, me afastando do seu peito para deitar a minha cabeça num travesseiro. Grunhi, sentindo falta do seu calor, e Jungkook se apoiou no cotovelo, usando a outra mão para afastar os fios claros da minha franja e sondar o meu rosto. — Você esteve desinquieto a noite toda, e eu já estava começando a ficar preocupado. Pensei que seria necessário trazer Namjoon à Tarla em plena madrugada.

— Eu estive?

Perguntei, me espreguiçando e miando de dor nos meus pés e mãos queimados. O meu corpo todo doía e os meus membros pinicavam como se raios estivessem correndo por baixo da minha pele, me dando até mesmo frio na barriga e vontade de vomitar. Mas eu apenas balancei a cabeça, sentindo o meu cérebro rodar, e sorri para Jungkook, tentando desfazer os vincos de preocupação que enrugavam sua testa.

— Está tudo bem comigo. — respondi, minha voz soando tão baixinha quanto um sussurro. — Talvez eu tenha tido um pesadelo ou dois, mas não me lembro muito bem, para falar a verdade.

— Só um ou dois? — ele sorriu de volta, sua expressão se suavizando e seu polegar criando pequenos círculos quentes na minha bochecha. Corei. Ainda era estranho ser tratado daquela forma por Jungkook, era tão inusual, mas eu não queria que ele parasse. Queria que ele me tocasse mais. — Você teve um sono difícil, Jimin, eu percebi. Mas depois de tudo o que você passou, eu me surpreenderia se não tivesse.

— Me desculpe. — pedi. — Você deve ter tido uma noite terrível por minha causa.

Jungkook balançou a cabeça, negando, e se deitou novamente ao meu lado, de frente para mim, seus fios negros cobrindo parcialmente as suas íris avermelhadas, que vez ou outra retornavam ao negro profundo e intenso. Fascinante.

— Eu sou seu marido, Jimin, e é meu dever cuidar de você. Sempre. Não importa se isso vai tirar o meu sono ou o meu sossego. Contanto que você fique bem, que nosso filho fique bem, então eu vou ficar bem também. Não se preocupe.

Jungkook ficou me olhando intensamente, como se estivesse me sondando, sondando as minhas reações, e ao mesmo tempo tentasse me mostrar que tudo o que ele estava dizendo era verdade. E eu não duvidava dele. Senti meu ar sumir e meu coração se aquecer com as suas palavras, algo dentro de mim se agitando e se retorcendo para que ele chegasse mais perto e pusesse seus braços ao meu redor mais uma vez. Mas ele continuou parado. E antes que eu pudesse me frear ou pensar em qualquer coisa coerente, eu me arrastei sobre o colchão e me aproximei de Jungkook, juntando a minha testa com a dele. Toquei sua bochecha com as pontas dos dedos e os deslizei carinhosamente pela sua pele alva, sentindo os pelinhos da sua barba por fazer os espetando.

— Obrigado. — murmurei.

— Você já me agradeceu. — ele respondeu, os olhos fechados em deleite, a voz baixa e entorpecida.

— Sim, já agradeci. — confirmei. — Mas nunca vai ser o suficiente. Nada nunca vai ser.

Jungkook sorriu e pôs a mão grande sobre a minha, a levando até seus lábios. Ele beijou meus dedos, depois o meu torso e a minha palma, me enviando arrepios e tremores pelo corpo todo.