IV

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Nota: o capítulo anterior ficou enorme, então eu dividi em dois. Essa é a continuação.

🏳️‍🌈

  — Hm... Desculpa, eu pensava que era outra pessoa. — Com um sorriso amarelo eu me apresso para deixar o local. Benjamin não deixa e agarra meu pulso.

  — Não, espera! Caramba, Arthur. Eu achei que você tinha me rejeitado por ser hétero, mas agora que eu te vi aqui... Apenas diga, eu tenho chance?

  Ele abre um sorriso, como se a possibilidade de ficar comigo o deixasse realmente feliz. Não faz o menor sentido. Por que ele insistia tanto? Ele realmente gostava de mim?

  Sem nem notar, eu estava o encarando nos olhos. São tão escuros que é quase impossível diferenciar da pupila.

  Minha visão desce para a sua mão que ainda está no meu pulso. Não machuca, pelo contrário, a sensação da sua pele na minha dá um formigamento engraçado.

  — Desculpa! Desculpa, desculpa! Não quero parecer que tô te obrigando. Não foi de propósito, desculpa. — Benjamin solta minha mão no mesmo instante em que percebe que ainda a segurava. — Merda, a gente não começou bem. Posso recomeçar?

  Ele ri totalmente sem graça e eu resolvo dar um chance. Solto o ar pela boca enquanto espero algo que me convença a não correr para casa naquele exato momento.

  — Você nunca quis uma noite sem consequências? Apenas aproveitar, esquecer do mundo... Imagine poder ser uma pessoa diferente pelo menos uma vez.

  Eu sorrio um pouco sonhador. Não seria exatamente por isso que eu vim para cá? Um dia livre, sem me preocupar com o que os outros pensariam de mim.

  — Acho que uma noite não faz mal.

  Apertamos as mãos em um cumprimento. Um friozinho percorre minha barriga. Noto que ele usa apenas um brinco na orelha direita.

  — Você perdeu o outro brinco? — pergunto e, não por propósito, me aproximo e toco sua orelha esquerda.

  Minha outra mão está no seu ombro. Vejo Benjamin engolir em seco e ficar sem palavras com nossa repentina proximidade. Timidamente ele põem suas duas mãos ao redor da minha cintura.

  Estar com ele é devagar, preciso e energizante. Ninguém está com pressa, afinal, temos a noite toda para aproveitar.

  — Eu gosto de usar apenas um brinco — ele grita por causa do barulho de "Thank u, next" ao fundo.

  — Você é estranho. — Eu solto uma pequena risada.

— Você também — ele fala muito próximo ao meu ouvido me causando arrepios em todo o corpo.

  Ele fica cara a cara comigo. Aquilo está mesmo acontecendo? Meu coração começa a bater mais rápido e minhas mãos a suarem. Eu quero aquilo, mas tem tantas maneiras de dar errado.
É involuntário, meu cérebro começa a calcular todos os "e se..." sem ao menos me dar a chance de tomar uma decisão.

— Eu quero muito te beijar agora... — Ele sussurra e eu sinto minhas bochechas corarem.

  — E por que você não beija? - Subo minha mão até seu cabelo, fazendo leves carícias no local.

  — Por que você é adorável demais. — Adorável. Sinto um calafrio ao ouvi-lo me chamando assim. — E também super confuso. Eu não sei o que você quer...

  — Então me pergunte... Assim você saberá que eu quero te beijar.

  Ele não tinha feito nada, mas a ansiedade fazia minha respiração ficar ofegante.

Tem Um Garoto No Meu ArmárioOnde histórias criam vida. Descubra agora