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Pov Meredith Grey

No hospital estava uma verdadeira loucura, porque uma parte do túnel da cidade havia caído, deixando mortos e feridos. Addison voltou a trabalhar no hospital faz três dias e tenho que dizer que ela é uma ótima médica e era bem legal. Nos aproximamos mais e agora somos amigas, ela é tipo minha Cristina 2 só que em uma versão mais doce, digamos assim.

- Dia cheio, né? - ela pergunta.

- Muito - respondo.

- O que acha de tomarmos um sorvete com sua filha mais tarde? Pra relaxar - ela sugere e eu penso um pouco, o hospital tinha muitos pacientes.

- Não sei não, o hospital está cheio. Vão precisar da gente aqui - explico.

- Vamos rapidinho, eu prometo - ela beija os dedos cruzados e eu acabo cedendo, um sorvete não faria mal a ninguém, Ella ama sorvete.

- Okay, pode me dar carona depois daqui? E precisamos pegar Ella na creche - falo.

- Tudo bem, ótimo - ela sorri e sou bipada.

- Tenho que ir, até mais tarde dr. Montgomery - me despeço e ando rápido até o local que me chamavam.

Eu teria que remover todo o tecido necrosado de um menino de oito anos e talvez ele não tenha chances de sobreviver. Como sou mãe, é muito duro pra mim imaginar a perda da minha filha e eu faria de tudo para que aquele menino saísse vivo de lá.

A cirurgia durou em torno de uma hora e ele estava vivo, eu consegui.
Saio da sal com um sorriso e vou até a mãe do garoto.

- Senhora Margareth? - a chamo.

- Ele está bem? - ela pergunta aflita.

- Conseguimos, claro que ele precisará ficar algum tempo no hospital por cuidados especiais mas logo logo estará em casa - digo e sorrio, a mulher vem e me abraça chorando. Okay, Eu não era muito de abraçar mas era o que ela precisava no momento.

- Obrigada dr. Grey - ela diz e eu apenas acento com a cabeça e saio para dar uma olhada em outros pacientes.

Vejo o que todos necessitavam e vou para o vestiário me trocar.

- Gostei da camisa - levo um susto e coloco a mão no peito.

- Eu acho que tenho que parar de te assustar assim - ela sorri e me olha de cima a baixo.
Só então percebi que estava sem calças.

- Droga! Me desculpe - ela se vira rapidamente, percebendo o quão constrangida eu havia ficado.

- Tudo bem - coloquei a calça jeans e o meu all star branco.

- Pode virar agora - digo e ela se vira.

- Eu não queria te olhar assim, desculpe - ela pede mais uma vez.

- Tudo bem Addie, eu sei - coloco a bolsa em meus ombros e passo a caminhar ao lado dela até o estacionamento.

- Addie? - Ela franze o cenho.

- Não gosta? - pergunto entrando no carro e colocando o cinto de segurança.

- Gosto, é que só minha mãe me chamava assim - ela parecia triste e um pouco distante.

- Desculpa, eu não queria... - ela me interrompe.

- Isso já foi a muito tempo, vamos? - Ela põe um sorriso no rosto e liga o carro.

Conversamos um pouco até a creche e depois quem falou a maior parte do tempo foi Ella, contando pra nós como havia sido seu dia.
Tomamos sorvete e Ella perguntou praticamente tudo sobre Addison, me causando risos até.

- Okay mocinha, agora temos que ir. Mamãe precisa voltar para o hospital - a pego no colo e limpo sua boca com o guardanapo.

- Mas já mamãe? Eu queria ficar mais com a tia Addison - ela diz abrindo os braços pra ir pro colo de Addison.

- Temos pessoas dodói pra cuidar querida, mas prometo ir na sua casa pra gente brincar muito, o que acha? - ela pergunta e Ella grita de felicidade.

Fomos pro carro e a expliquei como chegava em minha casa, Maggie cuidaria dela hoje.

- Tchau filha, comporte-se - dou um beijo em sua bochecha e volto pro carro.

- Ela é a sua cara - Addison diz e acelera o carro.

Conversamos mais sobre nossa vida e acabei descobrindo que Addison era intersexual e ela parecia ter vergonha ou algo do tipo.

Ela abaixa a cabeça no volante.

- Não vai fugir de mim? - ela pergunta.

Ainda estávamos dentro no carro, no estacionamento do hospital.

- E porque eu faria isso? Você é minha amiga agora - seguro em sua mão, eu sabia o quanto as pessoas eram preconceituosas.

Ela levanta a cabeça mas não olha pra mim.

- É que algumas já me abandonaram, pensando que eu ia me aproveitar... você sabe - ela sorriu de lado e eu coloquei a mão em seu queixo, a fazendo olhar pra mim.

- Eu nunca acharia isso, agora vamos temos um monte de pacientes pra ver - tiro o cinto e saio do carro, a espero e passamos a caminhar juntas.

Ficamos de plantão no hospital.
Eu estava na parte de cima da beliche e ela na debaixo.
Mas eu não consigo dormir, desço da beliche com cuidado e abro a porta devagar.

- Onde está indo? - Merda! Eu a acordei.

- Não estou conseguindo dormir, vou tomar um copo de água pra ver se melhora - digo e ela se levanta.

- O que está fazendo? - pergunto.

- Vou com você, estou com cede - ela responde e eu dou espaço para que ela passe.

Bebemos água e voltamos para deitar.

- Boa noite Medusa - ela fala rindo e eu abaixo a cabeça para encara-la.

- Acatou o apelido né Satan - retruco e ela me olha e sorri.

- Eu gosto de Satan, combina comigo, não acha? - ela pergunta e eu me deito novamente.

- Não, você está mais pra anijinho, pelo menos comigo - digo de olhos fechados.

- Boa noite - ela me corta e eu rio vitoriosa.

(...)

- Ei, Meredith acorda - ouço a voz de Addison e saio daquele pesadelo horrível, meus olhos ardiam e só então percebi que estava chorando.
Desci da beliche e Addison me abraçou apertado, me senti segura com ela.

- O que aconteceu? - ela pergunta preocupada, limpando as lágrimas que ainda desciam do meu rosto.

- Eu tive um pesadelo, Derek estava nele. Eu o vi morrer e não podia fazer nada pra ajudá-lo Addison, nada - Comecei a chorar de novo e a abracei.

- Calma, foi só um pesadelo. Você sabe que fez o suficiente, mas essas coisas acontecem - Ela diz docemente e beija meu pescoço.
Addison era muito carinhosa comigo e olha que nos conhecemos a pouco tempo. Mas sinto que a conheço a uma vida inteira.

- Obrigada, por estar aqui comigo - digo baixo e ela beija meu rosto.

- Você está bem pra trabalhar hoje? Se quiser eu invento uma desculpa e te levo pra casa - ela segura delicadamente em meus braços.

- Estou bem, não se preocupe - sorrio e limpo meu rosto, precisava me recompor antes de ver os meus pacientes.

- Vamos? - ela estende a mão pra mim e eu seguro.

Abrimos a porta e nos separamos, ela iria para área fetal e eu para o andar de cima.

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