//Capítulo 7\\

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   Quando me dei conta, já sentia os seus braços em volta de mim. Eu também sentia sua respiração próxima e baixa, e seu coração batendo calmo. Ainda assistiamos atentos ao segundo filme da maratona de terror.

- Tá com medo? - ele tira os olhos da TV e sinto ele se virar pra mim.

- Um pouco.

   Ele aperta seu braço que estava em volta do meu pescoço, fazendo eu me sentir mais protegida que nunca. Sua outra mão encostou no meu rosto me fazendo olhar para ele. Encontrei os olhos de Marcos, que se aproximavam de mim aos poucos e cada vez mais.      Meu coração começa a bater mais rápido que o normal, e ele estava perto o bastante para eu sentir o seu, ainda mais forte.
   Até uma hora em que eu já consigo sentir sua respiração bater em meu rosto, sua boca toca a minha. Sua mão já estava em minha cintura e simplesmente já estamos nos beijando. Eu não poderia dizer apenas que "foi bom", não mesmo! Era intenso e quente. Não teria outra forma de descrever esse beijo. Eu simplesmente queria ficar ali, com ele, o máximo de tempo que conseguisse.
   Eu fico em outra posição e ele continua segurando minha cintura. sentei em seu colo e sentia seu cabelo passar por debaixo da minha mão esquerda. Precia que minha respiração nunca acabava, mesmo os dois estando ofegantes.
   Tiro sua blusa e sinto um corte em suas costas, mas ignoro. Então, sinto sua mão tirando a minha de sua nuca na tentativa de me afastar.

- Não posso. - Marcos afirmou virando o rosto.

- Como assim? - eu falo ainda sentada no seu colo.

- Eu não posso fazer isso com você, Emy.

- Não me diga que você é comprometido. - disse alto batendo a mão contra o sofá.

- não! - ele me encara - É que...

- entendi. Você não quer. - disse enquanto saia do seu colo.

- Querer e poder são coisas muito diferentes, Emy.

- Por que não pode?!

- Eu acho melhor eu levar você pra casa. - ele se levantou.

- Você não respondeu minha pergunta.

- E não posso responder. - ele pega uma chave.

   Olho em seu rosto que continha um semblante de quem sentia dor. Eu sentia a mesma coisa.
Sem dizer nada, passei por Marcos e sai do seu apartamento batendo a porta atrás de mim. Peguei um táxi pra casa.
   Entrei, cumprimentei meus pais e pedi dinheiro para a corrida do táxi. Saí para pagar já me preparando para ouvir o discurso da minha mãe e do meu pai sobre juízo. "Você tem que ter mais responsabilidade", " Precisa avisar quando essas coisas acontecerem" ... Essas frases que sempre ouvia e já estava acostumada.    Eles tinham razão! Devia mesmo ter avisado, mas não teve como, dessa vez. Expliquei boa parte da história a eles.
   Estava cansada, então subi novamente a minha caverna, que costumo chamar de "meu quarto". Me jogo em minha cama percebendo que ainda estava com a blusa do Marcos.   Agora já me pegava lembrando do nosso beijo. Droga! Estou gostando de Marcos, sem dúvida alguma.
   Por um segundo, Scott passou em minha cabeça. Mas Marcos agora ocupava todos os meus pensamentos, me fazendo esquecer que Scott havia me magoado recentemente. Tudo parecia uma memória distante e tudo foi tomado por memórias de hoje.
   Abracei meu travesseiro, sentindo perfume que exalava da blusa que eu ainda vestia. Fiquei pensando até meus pensamentos virarem sonhos.

                         》 Sonho 《

Estava escuro, eu sentia uma sensação diferente, mas não era medo. O lugar foi clareando gradativamente enquanto eu encarava meus pés aparecerem devagar. Eu parecia pisar em algodão, sentia levesa embaixo de mim enquanto mexia a ponta dos dedos.
   Será que aqui é o céu? - pensei por um segundo.
Até que o lindo chão onde estava pisando começa a se desfazer embaixo de mim. Procuro algo pra me segurar com desespero, mas não tinha nada. Já estava caindo. Caindo e caindo, sem parar, até me chocar contra outro chão. Asfalto: duro e um pouco molhado, como se tivesse chovido fraco recentemente. Mesmo sentindo um empacto forte, eu não obtenho machucado algum.
   Vejo umas luzes descendo em minha direção enquanto me levantava. As luzes tomam forma e consigo ver que se transformavam em homens com asas a minha volta, quase como um círculo de anjos. A luz branca vindo deles, que ainda era intensa, começa a ficar maior e engolir novamente suas formas. Eu não via mais nada.

Meu querido anjo da guardaOnde histórias criam vida. Descubra agora