Entramos no avião e dessa vez vamos na classe econômica.
- Agora que temos a espada só falta a coroa de Lilith - ele diz quando o avião já está estabilizado.
- A espada - quase grito, assustando-o. - Onde deixou?
- Está segura - ele diz.
Por que não me conta as coisas nunca?
Suspiro.
- Então tá... E como vamos pegar a coroa? - pergunto
- Esse é o grande problema, com os centauros foi fácil de enganar, com os elfos não vai ser.
- Por quê?
- Bom, além de sermos mais inteligentes - claro que ele não ia deixar isso passar. - O Reino Élfico é dividido em dois, existem os elfos da Luz e os elfos da Escuridão. Não necessariamente os da Luz são os bons e os da Escuridão os maus.
- E você é...?
- Da luz, mas não importa, os elfos da Escuridão são divididos em quatro reinos, os do Norte, do Oeste, do Sul e do Leste. E nós somos divididos em mais quatro reinos, um para cada estação. O meu é o da Primavera.
- Certo... - que viagem.
- A coroa está no Reino do Outono - ele diz. - E é um objeto sagrado.
- Que nós vamos roubar, certo...?
- Na verdade, vamos tentar negociar primeiro - ele diz.
- Mas dessa vez não vai trocar a coroa por mim, né?
- Desculpa, mas ninguém trocaria aquilo por você.
- Poxa, Jin, obrigada, por fazer eu me sentir tão bem e especial - falo com sarcasmo.
- Já disse que é um objeto sagrado - fala sem paciência.
- Eu sei - digo rindo. - Eu estava brincando.
Não me importo de não trocarem a coroa por mim, na verdade fico feliz, dois loucos me pedindo em casamento na mesma semana já é o suficiente para a vida toda.
- Ah... - ele fala e rio mais. - De qualquer forma, vou tentar trocar por isso - ele aponta para o broche de ouro que prende a capa.
- E por que isso é mais valioso que eu? - pergunto.
- Isso foi feito quando o primeiro elfo da Primavera nasceu há um milhão anos atrás, todo o poder que ele vem armazenando desde então é incalculável, e acho que o Reino do Outono gostaria de tê-lo, eu pelo menos gostaria de ter o deles - diz mais baixo. - Mas se esse broche fosse mais valioso que você, não o trocaria para salvar sua vida.
Então me sinto culpada. Eu me coloquei nessa confusão e agora ele está disposto a abrir mão de algo valioso para ele por minha causa. Talvez eu estivesse sendo dura demais.
- Você não dev...
- Você não é um elfo - a garotinha sentada ao lado de Jin fala, interrompendo-me e assustando ele.
- Ela falou comigo - diz para mim e reviro os olhos.
- Claro que é - falo. - Olha as orelhas dele. - Ele novamente desvia das minhas mãos.
- Elfos não existem - ela diz.
- Por que vocês insistem em acreditar que são a única espécie evoluída no planeta? - ele me pergunta.
- Porque ensinam nas escolas - digo. - E vocês se escondem.
- Claro, imagina se vocês descobrem que elfos são capazes de fabricar ouro, iam tentar escravizar-nos.
- Verdade - digo pensando nas besteiras que o ser humano faz.
- Ainda não acredito que você é um elfo - a garotinha diz, assustando-nos novamente. - Você é muito alto.
- Elfos são altos - ele diz.
- Não os do Papai Noel - ela diz. - Você trabalha pro Papai Noel?
- O quê? - ele se ofende. - Quem é Papai Noel?
- O velhinho gordo e barbudo que entrega presentes no natal.
- Claro que não - diz ofendido. - Não trabalho para ninguém.
- Então não é elfo - ela diz e cruza os braços.
Jin fica vermelho.
- Ela está duvidando de mim - diz como se fosse o maior ultraje do planeta.
- Ela tem uns sete anos - digo.
- Vou fazer oito em dois meses - ela diz.
- Vou me casar em dois meses.
- Com ele? - ela pergunta apontando para Jin e afirmo com a cabeça.
Ela me chama para chegar mais perto e o faço e ela também já que Jin está entre nós.
- Faz isso não, ele é louco, acha que é um elfo do Papai Noel - ela sussurra e começo a rir.
- Eu... - Seguro Jin para ele não atacar a menina que dá língua pra ele.
Acabo tendo que trocar de lugar com Jin, mas, depois de um tempo, senta uma mulher no lugar da criança, parece que essa acertou a troca com a mãe da menina para ficarem juntas
Como sempre, cochilo, mas dessa vez sem sonhos malucos e Jin me acorda quando o avião pousa.
Encaro as placas e não consigo lê-las.
- Jin?
- Sim - responde sem prestar muita atenção.
- Onde estamos? - pergunto.
- Bydgoszcz - ele diz.
- Oi?
- Em Alemão eu acho que é Bromberg.
- O quê?
- Na Polônia.
- O quê? - quase grito. - Por que estamos na Polônia?
- Existem pessoas discretas que criam seus reinos dentro de florestas pouco visitadas - ele diz. - E existem pessoas que criam seus reinos no rio que divide uma cidade em duas.
- Ainda estou raciocinando que estamos na Polônia. Você nem pegou minha identidade para comprar a passagem. Internacional.
- Detalhes - ele diz. - Vamos.
...
Ele me guia até uma das margens do imenso rio que realmente divide a cidade.
- Entre.
- Eu não vou entrar aí - digo.
- De novo essa conversa, vamos entre - fala sem paciência.
- Você sabe que eu não sei nadar - falo.
Ele me dá a mão.
- Eu vou entrar com você.
Suspiro.
- Tá certo.
Entramos e ele anda até a água cobrir totalmente nossas cabeças. Tento não entrar em desespero e, quando penso que não vou conseguir, estamos em outra floresta mágica.
Aqui realmente parece o Outono. O castelo é grandioso, todo feito de mármore com detalhes em cobre.
- Wow - digo e Jin revira os olhos. - Vocês são amigos? - pergunto graças à sua reação.
- Vocês? - pergunta.
- Os vários reinos - explico.
- Eu, particularmente, não gosto do Nikki, mas era nossa única opção.
Mulheres ruivas nuas estão na porta do castelo, elas as abrem para entrarmos.
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The Curses of Schwarzwald - Cursed Beauty (ksj) (CONCLUÍDA)
Fiksi PenggemarQUARTO LIVRO Uma jovem que vive com praticamente toda sua família numa grande casa no meio da floresta vê sua mãe adoecer e todos os outros perderem a esperança de que sobreviva. Exceto sua avó que lhe conta uma história antiga que foi contada a ela...