Capítulo 19

1.2K 170 36
                                    

Entramos no avião e dessa vez vamos na classe econômica.

- Agora que temos a espada só falta a coroa de Lilith - ele diz quando o avião já está estabilizado.

- A espada - quase grito, assustando-o. - Onde deixou?

- Está segura - ele diz.

Por que não me conta as coisas nunca?

Suspiro.

- Então tá... E como vamos pegar a coroa? - pergunto

- Esse é o grande problema, com os centauros foi fácil de enganar, com os elfos não vai ser.

- Por quê?

- Bom, além de sermos mais inteligentes - claro que ele não ia deixar isso passar. - O Reino Élfico é dividido em dois, existem os elfos da Luz e os elfos da Escuridão. Não necessariamente os da Luz são os bons e os da Escuridão os maus.

- E você é...?

- Da luz, mas não importa, os elfos da Escuridão são divididos em quatro reinos, os do Norte, do Oeste, do Sul e do Leste. E nós somos divididos em mais quatro reinos, um para cada estação. O meu é o da Primavera.

- Certo... - que viagem.

- A coroa está no Reino do Outono - ele diz. - E é um objeto sagrado.

- Que nós vamos roubar, certo...?

- Na verdade, vamos tentar negociar primeiro - ele diz.

- Mas dessa vez não vai trocar a coroa por mim, né?

- Desculpa, mas ninguém trocaria aquilo por você.

- Poxa, Jin, obrigada, por fazer eu me sentir tão bem e especial - falo com sarcasmo.

- Já disse que é um objeto sagrado - fala sem paciência.

- Eu sei - digo rindo. - Eu estava brincando.

Não me importo de não trocarem a coroa por mim, na verdade fico feliz, dois loucos me pedindo em casamento na mesma semana já é o suficiente para a vida toda.

- Ah... - ele fala e rio mais. - De qualquer forma, vou tentar trocar por isso - ele aponta para o broche de ouro que prende a capa.

- E por que isso é mais valioso que eu? - pergunto.

- Isso foi feito quando o primeiro elfo da Primavera nasceu há um milhão anos atrás, todo o poder que ele vem armazenando desde então é incalculável, e acho que o Reino do Outono gostaria de tê-lo, eu pelo menos gostaria de ter o deles - diz mais baixo. - Mas se esse broche fosse mais valioso que você, não o trocaria para salvar sua vida.

Então me sinto culpada. Eu me coloquei nessa confusão e agora ele está disposto a abrir mão de algo valioso para ele por minha causa. Talvez eu estivesse sendo dura demais.

- Você não dev...

- Você não é um elfo - a garotinha sentada ao lado de Jin fala, interrompendo-me e assustando ele.

- Ela falou comigo - diz para mim e reviro os olhos.

- Claro que é - falo. - Olha as orelhas dele. - Ele novamente desvia das minhas mãos.

- Elfos não existem - ela diz.

- Por que vocês insistem em acreditar que são a única espécie evoluída no planeta? - ele me pergunta.

- Porque ensinam nas escolas - digo. - E vocês se escondem.

- Claro, imagina se vocês descobrem que elfos são capazes de fabricar ouro, iam tentar escravizar-nos.

- Verdade - digo pensando nas besteiras que o ser humano faz.

- Ainda não acredito que você é um elfo - a garotinha diz, assustando-nos novamente. - Você é muito alto.

- Elfos são altos - ele diz.

- Não os do Papai Noel - ela diz. - Você trabalha pro Papai Noel?

- O quê? - ele se ofende. - Quem é Papai Noel?

- O velhinho gordo e barbudo que entrega presentes no natal.

- Claro que não - diz ofendido. - Não trabalho para ninguém.

- Então não é elfo - ela diz e cruza os braços.

Jin fica vermelho.

- Ela está duvidando de mim - diz como se fosse o maior ultraje do planeta.

- Ela tem uns sete anos - digo.

- Vou fazer oito em dois meses - ela diz.

- Vou me casar em dois meses.

- Com ele? - ela pergunta apontando para Jin e afirmo com a cabeça.

Ela me chama para chegar mais perto e o faço e ela também já que Jin está entre nós.

- Faz isso não, ele é louco, acha que é um elfo do Papai Noel - ela sussurra e começo a rir.

- Eu... - Seguro Jin para ele não atacar a menina que dá língua pra ele.

Acabo tendo que trocar de lugar com Jin, mas, depois de um tempo, senta uma mulher no lugar da criança, parece que essa acertou a troca com a mãe da menina para ficarem juntas

Como sempre, cochilo, mas dessa vez sem sonhos malucos e Jin me acorda quando o avião pousa.

Encaro as placas e não consigo lê-las.

- Jin?

- Sim - responde sem prestar muita atenção.

- Onde estamos? - pergunto.

- Bydgoszcz - ele diz.

- Oi?

- Em Alemão eu acho que é Bromberg.

- O quê?

- Na Polônia.

- O quê? - quase grito. - Por que estamos na Polônia?

- Existem pessoas discretas que criam seus reinos dentro de florestas pouco visitadas - ele diz. - E existem pessoas que criam seus reinos no rio que divide uma cidade em duas.

- Ainda estou raciocinando que estamos na Polônia. Você nem pegou minha identidade para comprar a passagem. Internacional.

- Detalhes - ele diz. - Vamos.

...

Ele me guia até uma das margens do imenso rio que realmente divide a cidade.

- Entre.

- Eu não vou entrar aí - digo.

- De novo essa conversa, vamos entre - fala sem paciência.

- Você sabe que eu não sei nadar - falo.

Ele me dá a mão.

- Eu vou entrar com você.

Suspiro.

- Tá certo.

Entramos e ele anda até a água cobrir totalmente nossas cabeças. Tento não entrar em desespero e, quando penso que não vou conseguir, estamos em outra floresta mágica.

Aqui realmente parece o Outono. O castelo é grandioso, todo feito de mármore com detalhes em cobre.

- Wow - digo e Jin revira os olhos. - Vocês são amigos? - pergunto graças à sua reação.

- Vocês? - pergunta.

- Os vários reinos - explico.

- Eu, particularmente, não gosto do Nikki, mas era nossa única opção.

Mulheres ruivas nuas estão na porta do castelo, elas as abrem para entrarmos.

The Curses of Schwarzwald - Cursed Beauty (ksj) (CONCLUÍDA)Onde histórias criam vida. Descubra agora