𝑴𝒚 𝑰𝒏𝒏𝒆𝒓 𝑯𝒆𝒍𝒍 {;𝑲𝒆𝒍𝒍𝒊𝒄;}

Cicatrizes

O celular começou a tocar sem parar, fazendo Kellin acordar de abrupto e sentar-se sobre a cama, tateando o colchão a procura do aparelho.

- Mike? - atendeu assim que o encontrou.

- Bom dia... Ou melhor, tarde né. - ele escutou uma risada do outro lado da linha.

Kellin afastou o celular do ouvindo rapidamente para ver as horas e se surpreendeu ao ver que marcavam 14:20 na tela.

- Boa tarde. Eu acabei de acordar. - respondeu, sua voz estava rouca.

- A propósito, você que teve a honra. - completou sarcástico.

- De nada. - Mike disse no mesmo tom.

- Qual a boa? - Kellin perguntou e em seguida bocejou não tão interessado no que o outro tinha a dizer.

- Bom, os meninos saíram e eu tô sozinho aqui. Pensei em te fazer uma visita e sei lá, jogarmos algum vídeo game, comer alguma porcaria... - respondeu fazendo o menor arregalar os olhos de imediato.

Ninguém nunca se interessou em ir na sua casa, também pelo fato de nunca ter tido amigo, mas o principal motivo era de não poder levar por causa de Jeuse. Quando escutou tais palavras, ficou sem reação, engolindo um seco.

- A-am... É... V-você vim a-aqui? - se xingou mentalmente por ter gaguejado.

- Yeah Kellin, ou você tem uma ideia melhor? - Michael arqueou a sombrancelha do outro lado da chamada.

- É... huh... nadar! - Kellin respondeu a primeira coisa que apareceu em sua mente, deixando o outro confuso.

- A-a... A gente pode ir em algum lago por aí! - Falou complementando sua ideia.

- Gostei. - Mike sorriu e Kellin fez o mesmo aliviado.

- Então é isso. Eu passo aí pra te pegar ou... -

- Não!!! - O mesmo o cortou rapidamente.

- Quero dizer... é, hm, a gente pode se encontrar no centro, não quero te dar o trabalho de vim aqui. - Mentiu.

- Que isso Kellin, não vai ser trabalho algum. - Respondeu Mike, fazendo o outro revirar os olhos.

- Vai sim Michael. Olha, eu te encontro no King's Center às 15h, ok? - Kellin mordeu seu lábio inferior, torcendo para que ele concordasse.

- Então tá. - Michael respondeu por fim. Não estava querendo entrar em uma pequena discussão com o amigo novo, então somente aceitou.

- Até daqui a pouco tatuado. - Kellin falou sorrindo.

- Até, esquisitão. - rebateu o outro, ambos gargalharam de leve e em seguida encerraram a ligação.

Kellin soltou um suspiro profundo deixando o celular sobre o colchão e olhou ao redor. Seus pensamentos automaticamente foram em Victor e um sorriso involuntário brotou em seu rosto. As cenas do dia anterior se fez presente. Os toques, as carícias, os beijos, a forma em como os lábios dele se encaixavam perfeitamente nos seus, a sincronia perfeita que ambos os corpos transmitiam, tudo era tão nostálgico, principalmente o sentimento. Kellin não sabia ao certo que sentia por ele, mesmo estando óbvio de mais para perceber e quando estava prestes a descobrir, a vida o tirou de si de uma forma tão injustiça que só de lembrar, seu peito doía. Mas agora ele o tinha consigo. Mesmo estando em mundos diferentes e situações opostas. Um vivo e o outro, morto. Porém Kellin não pensaria nisso agora, já que estava totalmente focado no ontem, onde passou o dia todo com Victor e a noite também.

Sim, os dois dormiram juntos como antigamente pela primeira vez. Kellin pôde sentir as mãos do outro fazendo-lhe carinho em seus cabelos enquanto conversavam sobre algumas histórias deles no passado. Algumas delas eram de tirar o fôlego, outras faziam-lhes se emocionarem enquanto o resto eram de deixá-los envergonhados pelo fato de serem histórias picantes e de momentos íntimos entre eles, apesar de Kellin mudar o assunto de imediato devido ao desconforto. Ele ainda consegue se lembrar do momento em que acordara no meio da noite e ficara admirando a beleza de Vic. O menor ainda não conseguia acreditar que o seu cabeludo estava ali, então ele voltara a dormir apreciando o garoto à sua frente. E por fim, acordou por causa do barulho estridente do toque de seu celular e percebeu que ele não estava mais ao seu lado, mas não se chateou ou algo do tipo, pois era só chamar pelo seu nome, que Victor voltaria correndo para seu garoto.