Jared

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- Entra aí. - Kellin falou após abrir a porta de sua casa e dar um espaço para que Mike passasse.

- Valeu cara. - O maior entrou, observando a casa simples, porém aconchegante.

- Você se sente melhor? - Mike perguntou com uma das sombrancelhas arqueadas, realmente preocupado.

Kellin desviou o olhar pensando naquela sensação de tranquilidade que só se mantinha presente quando estava longe de tudo e todos que os agrediam, em todos os sentidos.

- Por enquanto eu tô. - Deu um sorriso cansado se dirigindo até o sofá e sentando em um deles. Michael fez o mesmo, sentando-se ao seu lado.

- É Jeuse, não é? - O maior perguntou receoso, num sussurro.

- O que?! - Quinn o olhou assustado.

- Quem te faz fazer isso. - Respondeu tocando levemente no braço do outro.

Sem dizer uma só palavra, ele suspirou e abaixou a cabeça, mordendo o interior de sua bochecha.
Estava cansado de ter que passar por toda aquela situação causada pelo próprio pai, onde sentia somente nojo e repulsão ao encarar seu reflexo no espelho. Kellin queria gritar o quanto não aguentava mais para que todos pudessem ouvir. A sensação do vazio que sentia por dentro, a frustração de saber que acordava vivo mais um dia, a saudade de sua mãe e de quando eram uma família. Tudo era doloroso de mais, a forma em que sua vida fora tomada pela escuridão de uma maneira lenta e agonizante e a pior parte era não ter ninguém com quem pudesse contar.

- Kell? - Michael o chamou quando percebeu que uma lágrima solitária descia em seu rosto.

- Hum? - Ele o olhou.

O maior se aproximou um pouco, passando o polegar em sua face, afim de enxugá-la.

- Quer conversar? - Pediu com cautela e o viu desviar os olhos novamente.

Kellin levou suas mãos em seu rosto e o tampou, sem conseguir segurar as lágrimas.

- Eu não aguento mais. - Sua voz saiu fraca e chorosa, fazendo Michael se comover de imediato e o abraçar.

Essas palavras foram as únicas que saíram de seus lábios depois do abraço reconfortante do amigo. Kellin não havia contado o que acontecia por trás do básico, mas se sentiu tão seguro ali, que poderia lhe contar, mesmo que seria agir por emoção. Porém não o faria.

No outro dia ele acordou, como o de costume, para ir à escola. Toda aquela sensação de tranquilidade fora em bora depois da meia noite, onde seus pesadelos voltavam, onde todos os pensamentos obscuros voltavam a lhe atormentar. Era raro ele conseguir dormir, mas quando conseguia, desejava acordar imediatamente. O mesmo suspirou quando se sentou na cama e apreciou a pequena visão que tinha ao lado de fora da janela. O céu estava nublado e algumas gotículas de água escorriam ali. Aquele tempo nunca combinou tanto com ele, como naquele momento. Então, depois de pôr uma roupa que o deixasse confortável, ele pôs sua bolsa nas costas e desceu.

Estava tudo aparentemente bem, até o mesmo encontrar Jeuse na sala que assim que o viu, deixou um sorriso perverso escapar, fazendo Kellin engolir um seco e querer socá-lo até a morte.

- Bom dia querido. Dormiu bem? - Perguntou se levantando, caminhando até o filho que se encolheu, sentindo seus olhos claros começarem a marejar.

- Eu perguntei se dormiu bem, não vai responder o papai? - Fez a pergunta novamente levando suas mãos até os ombros de Kellin, o fazendo estremecer.

- S-sim. - Respondeu num fiasco de voz e engoliu um seco.

- Que bom. Tenha uma boa aula. - Disse por fim, deixando um beijo na testa do menor, se afastando em direção ao sofá.

𝑴𝒚 𝑰𝒏𝒏𝒆𝒓 𝑯𝒆𝒍𝒍 {;𝑲𝒆𝒍𝒍𝒊𝒄;}Onde histórias criam vida. Descubra agora